Capítulo 4. A

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Rafael

Quero conhecer

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Quero conhecer

Eu estava estranho. Imagine eu sair à noite e voltar para casa cedo, tudo bem, às vezes acontece, mas estar totalmente desinteressado nas garotas era novidade. Agora ficar pensando em alguém que nem conhecia. Isso é muito grave. Provavelmente era cansaço da semana pesada que tive. Com certeza era isso.

Podia ser também praga das garotas, elas querem repetir encontro, mas não faço isso. Poucas vezes me permito repetir as parceiras das noitadas, porque é arriscado. Por quê? Elas acham que você quer namorar. Ligar em seguida ao encontro é uma prova clara. Então nem pego telefone. Ás vezes elas até anotam e deixam antes de irem embora, mas procuro nem olhar.

Vou contar um "segredo", nem meus amigos sabem. Tenho uma caixa onde guardo todos os bilhetes e números de telefones das garotas com quem fico. Nunca precisei usá-la. Mas se a coisa um dia ficar crítica tenho aonde me recorrer. O meu combinado é assim: se elas deixam o telefone com nome, beleza! Ás vezes, eu faço anotações, algumas características que vai me ajudar a lembrar da garota. Mas algumas não querem facilitar, deixam somente o número. Se você lembra o nome dela no dia seguinte, beleza! Caso contrário, fica tudo muito complicado. Essa minha caixa de pandora, é tão secreta e bem guardada que outro dia queria pegá-la para descartar um papel e não a encontrava.

Acreditam que uma garota linda com quem tivera um lance mudou de time! Precisava descartá-la. Concorrência é covardia.

Ao voltar para casa àquela noite encontrei tudo em silêncio, fiquei deitado pensando como ela poderia ser. Uma bela morena ou uma grande decepção. A segunda opção daria a mim um sossego e nem importaria com a baixaria que aconteceria "do outro lado'. Sem tesão, sem interesse e sem fetiche. Pronto! Acabavam meus problemas.

Saindo atrasado para aula cedo no dia seguinte, deparo com uma bela bunda arrebitada olhando para mim em frente do elevador, ela se encontrava dentro de uma calça branca colada num corpo delicioso. E tudo aquilo bem a minha frente.

Pronto!

Seria agora. Acabaria minha curiosidade. Cheguei perto com vontade de dar uma boa palmada, mas me contive. Então falei bem-educado:

— Atrasada também? — Ela nem virou em minha direção. Insisti. — Bom dia! Está atrasada? Posso te dar uma carona.

Ou entrar para meu ou seu apartamento, assim você paga minha noite de ontem, pensei rindo por dentro.

Ela virou devagar para mim.

— Ahnhnhn!!!!! — gritei apavorado.

Acordei assustado, ou melhor, apavorado com a imagem da mulher em minha mente. Se disser que era feia, eu estarei fazendo um baita elogio. Porque ela era uma mostrenga, uma verdadeira mocreia. Não tenho nem como explicar.

Com o coração acelerado, cansado e suado, sentei na cama repetindo a mim que foi um pesadelo, mas nem assim conseguia me acalmar.

— Santo Deus! O que era aquilo? Que mulher pode ser tão feia assim? Perguntei-me mais alto que deveria.

Levantei. Precisava tomar água. Voltar a dormir foi uma dificuldade, pois fechava os olhos e vinha à imagem arrepiante da moça.

Juro que não via à hora do galo cantar, ou seja, meu celular. Por fim, levantei cedo e fui correr.

O melhor que eu podia fazer.

Resolvi ir para a pista da faculdade. Lugar gostoso de correr, pois além de ser perto e arborizado sempre tinha pessoas praticando exercícios. Pista de caminhada, corrida e ciclismo.

Logo que cheguei encontrei tudo vazio, era muito cedo, comecei a andar para aquecer e então correr. Quase dou um vexame esparramando ao chão. Pisei no cadarço solto e foi por pouco.

E quando digo que sou sortudo não é à toa, passou por mim uma garota de patins, ela parecia uma borboleta voando. Uma graça. Deslizava pela pista de ciclismo. Animei correr e vê-la de novamente. Assim que passou por mim ela fez algo igual cena de filme de sessão da tarde, tirou o pequeno capacete e balançou os cabelos parecendo uma pantera, totalmente selvagem e ao mesmo tempo linda, patinava sem o mínimo esforço.

A princípio tive a pretensão de achar que a cena fora por minha causa, mas ela nem olhou na minha cara. Fiquei até bolado.

Era a garota do RU! Percebi na hora. E agora ela não me escapava assim tão fácil!

Seria uma ótima opção de esquecer a minha fogosa vizinha. Virei e fui a sua direção. Não sei o porquê, mas ela acelerou na saída e sumiu. Não a alcançaria nem correndo muito. Mas agora sabia de um lugar que poderia encontrá-la além da faculdade. O que me restava era continuar contando com a sorte.

Voltei para o apartamento. Tudo silencioso. A vizinha deveria estar dormindo ou ter saído para faculdade. Perguntei a minha figura no espelho.

— O que você tem com isso? Nada! Pronto, fica na sua cara. Esquece a coitada. Vai ver que ela dá uma vez por ano e ontem foi o dia.

Tirei a camisa suada e joguei na cama.

— Afinal somente você que pode? — Alisei a barba, conferi o corpo e sorri para meu reflexo.

Tomei um banho, comi e fui para faculdade. Tudo bem podem rir de mim. Em plena sexta feira, eu fui para aula na parte da manhã. Na parte da tarde estaria em atendimento. E não poderia faltar mesmo.

O dia passou rápido. Apesar de ter acordado cedo eu estava bem-disposto. Exercitar era sempre muito bom, o problema era somente acordar. O que iria me matar neste período era os atendimentos em plena sexta-feira à tarde.

Eu e o Filé ficamos juntos no mesmo horário no hospital universitário. Fazíamos atendimento duas vezes por semana, terça e sexta. Sempre com professores supervisionando tudo que fazíamos. Atendíamos as pessoas da faculdade: estudantes, funcionários e familiares. Às vezes, eram tantas pessoas que nem percebíamos o tempo passar. Mas neste dia específico estava tranquilo.

Até o momento que peguei a próxima ficha, Sabrina, fui chamá-la. Olhei na recepção e advinha quem estava sentada? A garota dos patins na sala de espera.

Voltei ao consultório sem ser visto.

Analisei a ficha. Sabrina Bonachi era a de cabelo curtinho, Filé vinha pegando, eu já conhecia.

Então troquei as fichas, ela deveria ser a outra. Olhei o nome, Letícia Lourenço Gianette, com certeza esse nome bonito combinava com a menina linda sentada lá fora. Então pedi a Dona Vera para chamá-la.

Não era! Sentou na minha cadeira uma senhora. Fiquei confuso. Olhei na recepção de novo. Nada dela. Olhei no consultório do Filé e a Sabrina estava com ele. No outro havia um garoto.

E a garota? Onde foi parar?

Respirei fundo e coloquei minha cabeça no lugar, voltei ao atendimento. Pensei em perguntar para Sabrina, mas era dar muita bandeira, então fiquei na minha.

Quem disse que homem também não tem seus conflitos?

Eles fazem esquemas iguais as mulheres. Mas não vão admitir nunca.
Quer saber o que vai acontecer neste final de semana?
Aguarde...
Lena Rossi

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