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Contém: morte, uso de drogas, prostituição, estupro, ménage a trois, violência, feminicidio, sexo explícito
Eliza Ferrari é uma garota pobre que morava no interior do Pernambuco juntamente com seus pais. Independente das dificuldades familiare...
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PASSO OS olhos por todo o saguão, observo o máximo de rosto que consigo antes de sair do elevador. Vejo a agente Ava andando normalmente entre os hóspedes. Ela veste um vestido preto longo de cetim, os cabelos estão presos de lado, carrega uma bolsa de mão - nem preciso pensar sobre o que tem ali dentro -, e sua maquiagem está leve. Ela me lança um olhar cúmplice e vai em direção ao bar.
Apesar de toda a tensão que eu carrego no corpo, o clima do hotel está leve, Loreena McKennitt canta Tango to Evora no sistema de som integrado, acalmando os sentidos com a sua voz fina. O burburinho das pessoas é elegantemente baixo.
Eliza afroxa o aperto no meu antebraço, denunciando estar confiando em mim. Isso, querida, confie. Caminhamos em direção ao elevador, aperto o botão para subir e espero a máquina. As portas se abrem, ele está vazio, eu e Eliza entramos.
- Segura a porta, por favor - uma voz masculina chama a nossa atenção.
Seguro a porta impedindo-a que se feche. Um homem alto, de pele bronzeada, cabelos curtinhos e olhos escuros entra. Ele está vestido formalmente dentro do terno preto.
- Obrigado - ele abre um sorriso fraco para mim. - Estão subindo?
- Não há de quê. Sim, e você?
- Também. Eu tenho que passar no apartamento para pegar uma coisa - ele abre um sorriso para Eliza. - Oh, quanta falta de educação a minha. Prazer, senhorita.
Estudo bem o rosto dele, o jeito que ele se comporta. Visivelmente ele não é daqui. Da América, dos Estados Unidos. Nenhum homem se comporta como um lord inglês, pelo menos não daqui.
- Oi - Ferrari abre um sorriso nervoso para ele, sua mão vem logo procurar a minha.
- É algo para colocar na mesa? - pergunto me referindo ao poker.
Ele abre um sorriso de canto e olha nos meus olhos. Percebo o corte pequeno no seu lábio inferior.
- Sim - ele responde quase pausadamente. - Mais dez mil dólares - o sorriso fraco vai para um enigmático.
Eliza aperta os meus dedos ao ouvir a sua resposta. Ele é um deles, está disfarçando entre os jogadores.
- Aposta baixa - falo. - Eu optaria por um valor maior.
Ele solta um risinho arrogante e dá de ombros.
- Posso pensar em aumentar - ele se vira para a porta ficando de costa para nós.
O homem abaixa a cabeça e passa a mão nos cabelos curtinhos, descendo pela nuca. Percebo a pontinha de uma tatuagem na sua pele, a manga do seu paletó ergue um pouco, mostrando o dorso da mão também marcada por um desenho. O silêncio toma conta do elevador, sinto as mãos de Eliza suando e trêmula como um terremoto. Ela aperta o meu mindinho, olhando de soslaio para ela, que me indica a mão direita dele. Sigo o seu olhar e vejo que a falange do dedo mindinho dele é cortado.
