capítulo 2.4

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       O ar quente soprava pelas aberturas do painel do carro, esfreguei minhas mãos uma contra a outra, para amenizar o frio – e o nervosismo – eu olhei para ele e sorri, mas rapidamente abaixei a cabeça, tentei prender o sorriso e rezei para que ele não tivesse percebido que eu o observava.
       Comecei a ouvir uma leve melodia, a música estava baixinha e ecoava pelo silêncio que pairava no carro.
       - Bryan, eu posso aumentar um pouquinho o som? Você não se incomoda?
       - Claro que não, pode aumentar, eu só preciso que me fale onde virar, ok?
       Aumentando o volume eu respondi.
        - Ok, depois dessa na próxima você vira à direita e pega a primeira a esquerda.
       Bryan era super cuidadoso em relação ao trânsito, prestava atenção no farol, nas faixas de pedestres, nas placas, e se concentrava bem na velocidade do carro.
       - Segue até o fim dessa rua e vira a sua esquerda e chegaremos na minha casa. 
       - Ok, então estamos quase chegando?
       - Sim, estamos quase chegando.
Pela primeira vez desde que eu estava nesse carro, começou a tocar uma música que eu nunca tinha ouvido na vida, aproveitei aquela melodia no fundo, para fechar meus olhos e tentar acreditar no que estava realmente acontecendo comigo. Eu só tentei relaxar.
       - É nessa casa branca.
       Logo em seguida Bryan estacionou na rua, desligou o carro e me fitou com os olhos.
       - Pronto Megan, você está na sua casa, como você queria.
       - Isso é verdade – Me recostei no banco e olhei para o teto. – Eu nem sei porque eu quis tanto vir para casa.
       - Entra e descansa um pouco, toma um banho e coma alguma coisa, não faz bem ficar sem comer por tanto tempo, igual você ficou.
       - Você também Bryan. – Virei-me de lado para olhar para ele – Você não saiu de lá por um só segundo, ficou sentado naquela poltrona, sem comer direito e dormindo mal, e sem necessidade.
       - Não foi sem necessidade, foi por você, eu precisava saber que você iria ficar bem, ou eu não iria me perdoar pelo o que eu fiz, nunca.
       - Você não tem que se perdoar de nada, você não fez nada de errado, não se culpe, você fez até mais do que devia, ficou lá naquele quarto, trouxe minhas amigas até a casa delas e ainda me trouxe em casa, sem pedir nada em troca.
       - Eu não fiz nada demais, não me custa nada trazer você até aqui.
       - Muito obrigada por tudo Bryan, eu estou bem, pode ficar tranquilo.
       Quando eu estava abrindo a porta para descer do carro Bryan me chamou.
        - Megan, você me passa seu número? Quer dizer, se você quiser – ele desviava o olhar, eu diria até que está nervoso – só para me certificar de que você vai ficar bem mesmo.
       - Claro, afinal é o mínimo que eu posso fazer depois disso tudo né? – Falei isso enquanto digitava meu número e salvava meu nome como Meg Menina do Hospital – entreguei-lhe o celular e as linhas de seu rosto se contorceram em um sorriso, e meus ouvidos tiveram o prazer de escutar a melodia que era a risada daquele homem.
       - Tchau Bryan, até uma próxima vez... obrigada por tudo.
       - Tchau Menina do Hospital – brincou ele – espero que essa próxima vez seja em breve. – Falou com um sorriso no rosto e um brilho nos olhos. Eu retribuo o sorriso com bom grado, assentindo com a cabeça e fui andando em direção a porta, me perguntando se a próxima vez de nos vermos estaria próximo realmente.

Única Estrela no CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora