Capítulo 6: Halloween

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         - Pois quer saber de algo? – Falei elevando o tom de voz. – EU não quero falar disso AGORA, e eu NÃO vou, mas se você quiser falar sobre isso SOZINHO, sinta-se à vontade.
       Fechei a cara e saí de perto dele.
       - Qual é Megan. Não está falando sério, está? – Escutei Bryan falando, mas já estava longe e eu não iria responder. Não sei se ele resolveu me seguir ou não, pois não me dei o trabalho de me virar, para descobrir que ele estaria me fitando com aqueles olhos, e esses olhos estariam em chamas.
       Peguei meu celular enquanto ia em direção ao carro e mandei mensagem para as meninas.
       - Não me esperem. Encontro vocês na loja de fantasia.
       Ainda longe do meu carro, avistei uma pessoa recostada na porta.    Apertei o passo, e me arrependi logo que eu consegui ver quem era.
       - Relaxa gatinha, já estou me afastando do seu carro. – Disse Lorenzo abanando os braços para cima, num gesto de redenção ao me ver com a cara fechada e com os braços cruzados.
       - O que é que você quer agora, em Lorenzo?
       - Lorenzo é um nome muito grande não acha? Melhor você me chamar de amor.
       - Nem agora, nem nunca. Pode esquecer Lorenzo.
       - Essa realmente doeu, amor. Never say Never baby. – Disse ele esboçando um sorriso em seus lábios.
       Ele ficava realmente lindo quando dava esse sorriso, sua pele meio morena, recebia um brilho diferente quando ele sorria daquele jeito.
       Já chega. Nada de pensar nele.
       - Garanto que não doeu mais do que você fez doer em mim. – Eu argumentei ironicamente, na esperança de que ele simplesmente saísse e me deixasse em paz.
       - EI, eu perdi perdão, muitas vezes.
       - Muitas vezes? Como é que é? Você acha que uma vez com buque de flor, vai ser suficiente para eu te perdoar, e esquecer de tudo?
       - Você é muito tola, gatinha. – Mas dessa vez, a palavra “gatinha”, não saiu com um ar sarcástico e de gracinha, e sim com um ar tristonho, e me vi perguntando por quê?
       - Eu mandei as flores para sua casa, eu observei você no seu armário. As flores, os poemas, eram meus, por mais que você não soubesse. Ver você de mãos dadas, com ele, mas dentro da bolsa carregando meus poemas, e as flores que eu te dei, doía todo dia.
       Sua voz ia diminuído cada vez que saía uma palavra por sua boca, a tristeza, a insegurança e o vazio transpareciam por seus olhos, e me levavam a sua alma escura, cada vez que eu olhava para eles.
       - Os poemas? Do meu armário? Eram seus?
       - Esquece Meg.
       - Ei agora espera.
       - Nos vemos na festa gatinha. – Ele me respondeu se afastando.
       Enquanto ele se afastava, e eu manobrava o carro, eu pensei em como estava tudo na cara, ele parava próximo do meu armário e ficava me observando, as flores eram sempre rosas ou girassóis, quando apareceu a primeira flor e o primeiro poema, Lorenzo nunca mais ficou observando meu armário. Mas o mais impressionante, que eu não tinha reparado, era o quanto as letras eram parecidas. Meu coração pesou, e dentro de mim não havia mais dor, ou qualquer sinal de mágoa. Tudo isso havia desaparecido, e meu corpo ficou mais leve. Então eu soube, por mais que eu quisesse não perdoar ele, eu tinha acabado de fazer isso.
        Quando eu terminei de sair com o carro, vi pelo retrovisor, Bryan tinha presenciado tudo isso afastado, ele me observava atentamente, como um falcão observa sua presa. Mas eu não era uma presa. Então espero que ele não venha atrás de mim para saber o que eu conversei, ou porque que eu conversei, e muito menos que venha brigar comigo sobre com quem eu conversei.
       Acelerei o carro até não conseguir mais enxergar ele.

       - Ok ok. Todos os meninos vão abrir caminho para você. – Exclamou Talía quando eu saí de dentro do provador.
       - Vocês não acham exagerado demais? – Olhei para as minhas duas amigas.
       - Não, você está extremamente linda nessa fantasia. Bryan vai ficar boquiaberto. – Respondeu Lara.
       - E só porque ele foi um escroto contigo, você vai ter que torturá-lo um pouco. Vai ser demais. – Completou Talía.
       - Vai ser essas três? – Disse a moça do caixa.
       - Sim, só essas.
       Fomos para minha casa, com as três fantasias no banco de trás.
       Não troquei uma só palavra com o Bryan, desde nossa pequena discussão. Eu iria para essa festa, e eu iria me divertir, estava determinada a não ser a certinha essa noite. E não haverá nada que ele possa fazer para me impedir.
       - E aí? Quem está ansiosa para a festa? – Disse Talía ao entrar no meu quarto.
       Ficamos de nos arrumar em casa (na minha casa como sempre) e chamaríamos um Uber, ou minha mãe nos levaria.
       A festa começaria as 21:00, então quando era 18:00, Lara e Talía já estavam em casa. Eu tomei um banho rápido para meu cabelo ir secando naturalmente, para eu poder enrolar. Nós comemos alguns salgadinhos para não ficarmos de estômago vazio enquanto nos arrumamos.
       Lara e Talía correm para o banheiro para se trocar, e eu faço o mesmo, só que no meu quarto. Ainda acho que minha fantasia é um exagero, mas elas não deixariam eu trocar por hipótese alguma.
       Peguei meu celular e havia quatro novas mensagens: Bryan.
         - Ei
       - Vai vir ainda para a festa?
       - Me desculpa
       - Para de me ignorar por favor.

Única Estrela no CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora