Capítulo 6.2

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       Por mais incrível que isso possa parecer, eu me senti segura. Enquanto seus braços ainda estavam em minha volta me balançando para frente e para trás, como uma mãe faz para acalmar seu filho. Eu me sentia segura, mas sabia que ao passar pela porta, que agora se encontrava no chão, eu não me sentiria segura, pois o mundo lá fora, para nós, não importa onde, não é seguro.
       - Hey... está tudo bem? Ele não chegou a fazer nada, não é?
       Seu rosto estava todo fechado, ele estava muito preocupado, ele não me soltara por um segundo desde que se agachou ao meu lado.
       - Ele não fez nada, só tentou. – Olhei para ele que estava se levantando e estendendo as mãos para mim – Você deu um jeito nele, obrigada.
       - Não me agradeça ok? Ele podia ter feito tanta coisa com você, ele podia realmente ter conseguido o que ele queria – Suas mãos estavam inquietas, e ele andava de um lado para o outro, puxando os cabelos, ele estava nervoso. – Só Deus sabe o que iria acontecer. Eu vou quebrar a cara desse babaca, melhor ele sumir da minha festa.
       Ele estava quase saindo quando eu o puxei.
         - Você não vai fazer nada ok?
       - Mas...
       - Mas nada Lorenzo, vai por favor, só fica aqui mais um pouco comigo – Eu vacilei por um minuto – eu não estou com coragem para ir lá fora, não agora.
       - Ok, ok, só fico se você falar por favor amor.
       Ele arqueou a sobrancelha, deu um sorrisinho, mas seus olhos e sua boca entregavam a tristeza que ele sentia por dentro enquanto me olhava.
       - Como é que é? Amor? Sério?
       - Nunca falei tão sério na minha vida.
       Eu olhei para ele incrédula.
       - Vamos, estou esperando a pergunta.
       - Negativo, pode esquecer.
       - Ah ok, achei que eu ia passar mais tempo com a flor do meu jardim, mas como não vou, eu vou ir quebrar a cara de um babaca por aí.
       - Já disse para você não fazer nada.
       - Como é? Não estou te escutando direito.
       - OKAY, você venceu. – Eu falei dando risada, eu realmente estava rindo, apesar das circunstancias. – Por favor meu amor não bata em mais ninguém, e me faça companhia.
       - Agora sim. Era só isso que eu queria. – Ele sentou ao meu lado e olhou para mim – queria ver seu sorriso e ouvir sua risada.
       Olhei para ele, e sorri apoiando levemente minha cabeça em seu ombro, enquanto pessoas passavam pelos corredores e nos encaravam, como se estivéssemos fazendo algo totalmente inapropriado.
       - Sabe... – Eu comecei – não sei se ainda tenho forças de levantar e sair desse banheiro com a cabeça erguida.
       Ele ergueu minha cabeça delicadamente para poder olhar nos meus olhos.
       - Você vai conseguir.
       - Não vou não, ter que olhar para todos, e até talvez para esse babaca.
       - Você vai conseguir Megan.
       - Como você sabe? – Falei com desdém.
       - Sério que você está me perguntando isso? Eu só sei, sei porque você é incrivelmente forte, apesar do seu tamanho.
        - Ei, eu não sou baixinha. – Eu disse socando ele.
        - Ok ok, mas você é guerreira. Levanta a cabeça sempre, não importa a situação, mesmo que a vontade dos outros e até mesma a sua, seja abaixa-la, você não se permite a fazer isso. Você é guerreira.
        - Não tem como você saber isso. Você nem me conhece, não sabe nada da minha vida.
        - Eu sei disso, porque eu quebrei você, e mesmo assim depois de poucos meses, você está sentada do meu lado, no chão sujo de um banheiro feminino e até já sorriu. Isso mostra o quão forte você é.
        - É, eu devia te odiar. Você é um babaca.
        - Bom, eu sei que dei motivo para você me achar babaca, mas você sim, não conhece nada sobre mim, não tome uma ação minha para definir meu caráter, você não sabe o que eu passei na vida, ninguém sabe. Então sem julgamentos, apesar das ações, sem julgamentos agora.
       Eu olhei para ele, que estava passando a mão pelos cabelos, todo agoniado.
       - Ok, então vamos levantar.

                               ***
       - Já estávamos indo atrás de você, você foi no banheiro da sua casa por acaso? – Resmungou Talía.
       - Cala boca.
       Nesse momento eu vi que todos me olharam espantados, inclusive Maybe e Lucky que estavam ali e eu nem havia percebido. Mas ele não estava ali.
        - Cadê o Bryan?
        - Bom ele levantou acho que para te procurar, mas já faz um tempo. Ele não está muito bem, acho que bebeu demais. – Falou Lara, com toda tranquilidade do mundo, já que eu tinha mandado Talía calar a boca.
       Eu não estava mais bêbada, mas ainda me sentia tonta, e vermelha por conta do álcool, Lorenzo estava me seguindo como um cachorrinho segue seu dono.
       - Vai ficar me seguindo a noite toda? Ou eu preciso te lembrar que eu sou maior de idade?
       - Vou ficar atrás de você a noite toda gatinha, faça o que você quiser comigo, estou a sua disposição.
       - Ok, então fecha essa boca e me ajuda achar o Bryan.

                                ***

       - MAS QUE PORRA É ESSA? – Quando eu me preparo para sair correndo em direção ao Bryan, Lorenzo me segura e me impede. Lanço um olhar furioso para ele, que só balança os ombros e me solta lentamente. Então eu prossigo.
        - Você só pode estar de palhaçada com a minha cara, que merda é essa? Em Bryan? Que merda é essa?
       Ele parece meio perdido quando me olha, então volta seus olhos para a morena que estava colada em seu corpo, e se encontrava a um passo dele.
       - Não é nada linda, só estávamos conversando.
       - Conversando com a língua dela dentro da sua boca? Eu estou com cara de trouxa para você? – Eu grito com ele e chego perto o suficiente dessa mulher para tirá-la dali aos tapas.
       - Relaxa, foi só um beijo.
       - FOI SÓ UM BEIJO? A GENTE ESTÁ JUNTO CARALHO. – Lorenzo observa tudo de uma distância segura. Pronto para intervir a qualquer momento.
       - A GENTE ESTÁ JUNTO? PORQUE EU NÃO ESTOU VENDO UMA PORRA DE UMA ALIANÇA NO MEU DEDO. VOCÊ VEM COM ESSAS MERDAS DE QUE NÃO PRECISAMOS DE ALIANÇA PORQUE FOMOS FEITOS UM PARA O OUTRO, SAI DESSA MEGAN.
       Eu olhei pasma para ele, eu não estava acreditando nessa ceninha que ele estava fazendo.
       - Megan, vamos. Ele está bêbado, amanhã vocês conversam um com o outro melhor. Os dois sóbrios de preferência.
       - Isso aí linda. A gente conversa amanhã, escuta seu amiguinho aí.
       - Cala boca antes que eu vá calar, deixa a Megan quieta, você já fez muita merda hoje e não faz ideia do que ela passou, então só cala a sua boca.
       - E vai calar a minha boca como? Está se achando o gostoso? Você que é o babaca da história, e ela sabe disso.
       Quando Bryan terminou essa frase, a menina o entrelaçou, meu sangue ferveu, e Lorenzo foi mostrar como iria calar a boca dele. Mas eu o segurei bem quando Bryan deu um passo à frente, se desvencilhando da mulher que tentava se agarrar nele de novo.
       - Por que está quieto? Calei a sua boca? – Disse Bryan, eu não conhecia essa versão dele, e não estava gostando nem um pouco disso tudo.
       Lorenzo ia falar alguma coisa, pois abriu a boca, mas não saiu som nenhum, pois antes dele emitir algum som, eu interferi.
        - Talvez você não tenha calado a boca dele, mas eu posso calar.
       Falei isso, puxei Lorenzo e o beijei, senti minha raiva se esvaído para fora de meu corpo. O beijo era intenso, quente, não soltava faíscas dentro do meu corpo, não sentia fogos de artifício, beijar ele fazia eu sentir calor, ficava quente demais.

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