Capítulo 12.1

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     Meus olhos percorrem o cardápio de cima a baixo, mas meu cérebro não assimila nenhuma das palavras, na minha cabeça fico repassando a última frase que Bryan disse, tento entender o porquê de ele ter dito aquilo para mim. Venho há muito tempo tentando entender ele por inteiro, suas ações, ultimamente suas rápidas mudanças de humor, que se tornaram tão constantes como o nascer e o anoitecer do dia.

     Sua voz corta o transe em que eu me encontrava.

     - Pode ser Meg? – O escuto perguntando enquanto me encarava confuso.

     - O que? – Pergunto a ele rapidamente.

     - O pedido Meg. Ravióli de queijo ao molho branco com camarão. Pode ser, ou quer fazer outro pedido?

     - Ah não, pode ser isso mesmo.

     O garçom anota o pedido e Bryan pede um vinho tinto suave para acompanhar o jantar. Quando o garçom se afasta volto-me para ele novamente.

     - Está acontecendo alguma coisa, não está? – Indago-o.

     Eu não aguento mais perguntar. Eu sou namorada dele, ele deveria contar as coisas para mim por vontade própria, não posso e não devo pressioná-lo tanto para falar, mas algo está muito, muito, errado. E ele não quer que eu saiba de jeito nenhum.
Sua expressão torna ficar séria enquanto ele volta a mexer inquietamente os talheres na mesa.

     - Não vamos falar sobre isso agora Megan. Não quero estragar esse jantar. – Ele fala mais severo do que eu gostaria.

     - Então realmente tem algo errado e você não quer me contar. – Retruco assim que ele termina de falar.

      - Temos que conversar sobre diversos assuntos Megan, não sobre uma coisa só, e este não é o local e nem a hora própria para uma conversa assim. – Repreende. – Pare de ser tão teimosa, eu disse que vamos conversar um dia, e não disse que esse dia iria ser hoje, muito menos agora, só vamos jantar. Por favor. – Ele implorou baixinho.

     Eu deveria ficar chateada e irritada pelo modo como ele me tratou, algumas mesas olhavam para nós visivelmente irritados e incomodados por estarmos atrapalhando seu jantar perfeito, e com razão, nós estávamos passando por uma turbulência, fazendo com que todos os presentes no restaurante embarcasse junto com nós, e isso está errado.

     - Ok. – Eu respondo séria para ele, ajeitando a postura enquanto mexia na ponta da toalha branca da mesa.

     Ficamos em silêncio por longos minutos, estava quase levantando para ir ao banheiro para espairecer quando o garçom colocou os pratos e encheu as taças com o vinho. A essa altura eu já havia perdido a fome e a ansiedade não percorria mais as minhas veias me causando frio na barriga, eu queria comer e ir embora. Deitar na minha cama e me corroer com meus pensamentos.

     Observo a taça de vinho por um tempo até pegar o garfo e virar e revirar o ravióli no prato, de um lado para o outro. Bryan analisava cada movimento meu, como se esperasse que eu fizesse um show e saísse do restaurante aos berros. Não sei. Talvez eu realmente quisesse fazer isso, mas não ia.

     - Não gostou? – Bryan perguntou.

     - Como eu vou gostar se eu nem comi ainda? – Respondi secamente.

     Bryan baixou os olhos enquanto eu tomei um pouco do vinho. Comecei a comer devagar, e estava muito bom, diferente de muitos que eu já tinha comido. Eu me arrependi de ter sido seca com Bryan e não poder dizer que ele escolheu bem a comida.

     Quando estávamos no meio do jantar, sem trocar uma palavra direito um com outro, apenas nos olhando, observo Bryan me encarando e fico tentada a perguntar o que ele quer.

Única Estrela no CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora