O natal passa despercebido, como qualquer outra data, sem nenhum tipo de comemoração especial, o hospital ficou lotado, acidentes por conta da neve, ou seja, minha mãe ficou de plantão o natal inteirinho, Bryan veio na véspera, mas durante o natal foi viajar. Enquanto isso, eu fiquei sentada enrolada em uma coberta, pois o frio havia chegado, tomando um chocolate quente, apreciando a minha própria companhia.
As datas comemorativas vão perdendo o significado conforme vamos perdendo as pessoas que tanto amamos, quando as cadeiras vazias começam a aumentar na mesa que está repleta de alimentos.
Como as aulas da faculdade foram suspensas, pois muitos alunos não conseguiriam ir por conta das altas camadas de neve que estavam dispostas nas ruas e nas estradas, cada aluno ficou em sua casa fazendo as devidas atividades que foram disponibilizadas. Eu sei que é errado, me dou conta disso assim que subo para meu quarto para trocar de roupa, Bryan está fora, não vai saber. Falam que quando a gente não quer que a outra pessoa saiba o que estamos prestes a fazer, é porque está realmente errado, mas será que está mesmo? Enfim, não quero saber a resposta.Sair de carro com a cidade neste estado está totalmente fora de cogitação, então eu procuro me agasalhar bem, antes de sair, parada na frente da porta olho para mim rapidamente para ver se não estou esquecendo nada, como naquelas cenas em filmes em que a pessoa está com pressa e no fim sai sem as calças e todo mundo fica olhando. Eu não quero ser a pessoa que sai sem as calças.
Touca, várias calças, blusão, jaqueta de inverno, bota que de para usar com várias meias, luvas, mochila, tudo certo. Quando tudo está em ordem eu apenas abro a porta e saio. Eu realmente não deveria estar fazendo isso.
Acho que eu me arrependo assim que eu ando duas quadras. Não tem ninguém nas ruas, todo mundo está aconchegado em suas casas, no quentinho, e eu aqui, andando atordoada e sozinha pelas ruas de Waterfield. O vento frio sopra meus cabelos me causando arrepios. Tento andar mais depressa, mas o frio é tão intenso que chega a doer. A ponta dos meus dedos do pé, mesmo estando cobertos por meias, minhas mãos parece estar petrificadas, de tão duras por conta do frio. Eu sinto a ponta do meu nariz doer, e consigo até imaginar o quão vermelho deve estar. Merda, eu devia ter me escutado, grande ideia Megan, grande ideia. Meus parabéns, você merece o prêmio de mais burra do ano.
Eu paro em frente à porta, bato uma vez, espero.
Bato mais uma vez, espero.
Bato mais uma, espero.
Ninguém atende. Mas que merda, ninguém nessa fraternidade está lá dentro? Não é possível. Tem que ter algum rejeitado pela família. Agora eu estou realmente totalmente arrependida de ter saído da minha casa tão quentinha, para vir aqui parada congelando igual uma planta.
Eu dou um chute na porta e viro as costas para sair, quando eu ouço a porta sendo destrancada e aberta.
Por instinto e curiosidade eu me viro.
- Mas que porra. Está frio, sua louca. – A voz do Lorenzo cortou o vento.
- Ah não diga. Eu estou sentindo o frio. – Exclamei esboçando um sorriso.
- Mas que merda você está fazendo aqui no Natal, Megan?
- Eu precisava te dar uma coisa.
- Entra que está muito frio. Vamos conversar.Entrei naquela casa pensando em quantas pessoas moram ali, afinal a casa não tem nada de pequena. Deve ter o que? Uns 6 quartos? Enfim, não sei.
A gente seguiu para cozinha e tirei a jaqueta, pois já estava começando a ficar aquecida novamente.
- Dá a jaqueta aqui. – Disse Lorenzo estendendo a mão.
- Obrigada.
- Mas afinal. O que você veio fazer aqui?
- Por que você está sozinho no Natal?
- Pelo amor de Deus Megan, dá para você responder a minha pergunta, sem fazer outra pergunta?
- Hã, qual era mesmo a pergunta? Ah é verdade, o que eu vim fazer aqui no Natal.
Lorenzo estava pegando duas canecas e servindo café, mas mesmo assim estava atento ao que eu dizia.
- Eu estava sozinha em casa – Percebi que ele me olhou de relance e baixou os olhos rapidamente – Não vim atrás de companhia, eu não tenho esse direito, ainda mais depois do que eu fiz.
- Pega o café e toma para se aquecer.Ele falou isso olhando para mim, depois para a escada e novamente para mim. É como se ele estivesse... Ansioso?
- Eu realmente vim te dar uma coisa, aproveitando que é Natal, eu comprei antes de tudo acontecer. – Eu peguei minha mochila e tirei uma embalagem de dentro. – Isso aqui é para você. – Eu disse estendendo-lhe a mão com o presente em sua direção.
- O que é isso Megan? Não precisava comprar nada, você sabe disso.
- É eu sei, mas eu quis comprar mesmo assim, você não poderia me impedir disso.
- Ok, o que é?
- Você vai ter que abrir. – Ele foi rasgando a embalagem e eu resolvi continuar falando – Sabe, eu realmente queria pedir desculpas por tudo, não foi minha intenção magoar você.
- Puta merda. Não precisava comprar esse livro para mim Meg.
- Você gosta, não gosta? Eu lembro quando estávamos na biblioteca da faculdade... Você estava namorando o exemplar do Morro dos Ventos Uivantes, deduzi então que você não teria um. O que tornaria um presente perfeit...
Fui interrompida por um grito que ecoava da escada.
- Lorenzo, mas que merda, por que você está demorando tanto?
A menina, ou quer dizer, mulher, parou no susto apertando o roupão de seda preto contra o corpo.
- Meu Deus, me perdoa. – Disse a morena.
Eu olhei em direção ao Lorenzo que estava com a cabeça baixa, mas mesmo assim dava para ver que estava vermelho de vergonha. Era até bonitinho...
- Não se preocupe, eu já estava de saída. – Falei levantando e pegando minha jaqueta novamente.
A mulher tinha seus cabelos negros compridos com as pontas num tom rosa vivo, era como se pegasse fogo, e seus olhos mesmo de longe dava para notar, eram pretos como uma jabuticaba e continham um brilho no olhar.
- Espera. Eu te levo. – Falou Lorenzo.
Olhei para a mulher que se apoiava na escada e tinha um olhar mortal em direção ao Lorenzo. Eu dei um sorriso para mim mesma na minha mente. Até me virar para ele novamente.
- Realmente não precisa me levar, eu volto a pé, vai terminar de fazer o que você começou.Siga nossa página no Instagram: @_star_book_
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Única Estrela no Céu
Romansa🏆 Vencedor do Primeiro Lugar na Categoria Melhor Casal do Concurso Dead Books - 1° Edição Megan Loren Scott, é apenas uma moça de 20 anos, sua vida era simples mesmo com suas duas melhores amigas sendo o oposto dela. Se envolvendo em um suposto aci...