Capítulo 9: A escolha

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       MEGAN:
       Eu sabia que ainda não estava pronta. Eu me preparava para voltar sem ter tomado uma decisão. Mas naquele momento eu me esqueci disso. Sentindo seus braços ao meu redor eu senti que nada havia mudado, como se nunca houvesse lágrimas derramadas, ou até mesmo corações partidos. Só havia eu e ele. Minha mente tentou recusar, tentei tomar meu lado racional e me afastar assim que ele me envolveu em seu abraço caloroso. Mas não fui forte o suficiente para me afastar. Ao contrário, fui fraca. Deixei-me ir pela emoção e a saudade que eu sentia. Afinal, meu coração já havia se repartido em dois, eu já tinha sofrido demais, chorado demais, sentido demais. Eu só precisaria escolher um. Não era para ser tão difícil. Se eu parasse para escutar meu coração e fechasse minha mente, para não ter que julgar se minha escolha estaria certa ou errada, eu saberia a resposta. No fundo eu saberia a resposta. Eu poderia tentar negar para mim mesma, quantas vezes fossem necessárias, mas meu coração sabe a resposta, eu só teria que escuta-lo.
       - Nós ainda não podemos. – Eu sussurrei quando nos afastamos.
       - Não podemos ser felizes Megan? O que nos impede? – Ele retrucou baixinho. Tentando novamente me envolver, eu me agachei para pegar as sacolas.
      - Não somos mais só você e eu, tem outra pessoa. Outra pessoa que me faz bem não se pode fazer isso com ele.
       - Mas Meg... – Disse ele me encurralando.
       - Mas nada Bryan. – Passei por ele com relutância. Eu queria ficar ali, nos braços dele. Por mais errado que isso fosse.
       Fui em direção ao quarto. Quando abri a porta senti que Bryan havia me seguido silenciosamente, mal dava para notar sua presença. Entrei e deixei a porta aberta, pois sabia que não adiantaria fecha-la na cara dele.
       Larguei as sacolas no chão e me sentei na beirada da cama. Coloquei minha cabeça entre minhas mãos, apoiadas no joelho, e me peguei pensando na minha reação quando eu o vi parado no corredor, e peguei-me ansiando por mais um de seus beijos, por mais um de seus toques, mesmo sabendo de sua presença no quarto. Não teria como negar os meus sentimentos sabendo que ele estaria ali sentado numa poltrona, exatamente como o dia em que eu o vi pela segunda vez.  Era torturante, ele estava ali, tão perto de mim, tão pronto para mim, e eu só pensava nele, mas queria mantê-lo à distância. Nem saberia se isso era possível e se eu iria aguentar por muito mais tempo.
       Quando eu ergui a cabeça, notei que ele me observava atentamente. Ele não dormia mais direito, as olheiras estavam presentes embaixo de seus olhos novamente, e a culpa era minha. Eu levantei e fui para mala separar uma roupa, e seus olhos me acompanhava talvez ele estivesse com medo, receio de me perder novamente? Por isso a preocupação estava estampada em seu rosto?
       - Não fique me olhando desse jeito. – Eu disse olhando para ele.
       - Desse jeito como? – Ele respondeu esboçando um sorriso cansado.
       - Como se eu fosse me matar na banheira, ou fugir de você pela porta do quarto e te deixar sozinho.
       - Não vou mais olhar, eu prometo.
       - Eu não acredito mais em promessas, elas podem ser vazias e sem valor algum para você, então não tenha o trabalho de me prometer nada.
       Eu o ofendi, magoei-o com minhas palavras, mas não podia fazer nada. Se ele estaria disposto a ficar aqui comigo, teria que me aguentar, caso contrário, ele pode pegar e voltar para Waterfield logo, e sozinho.
       - Pode deitar na cama e dormir – Eu disse indo em direção ao banheiro, - Você está com uma cara péssima. – Complementei dando um sorriso, que poderia ser considerado, amigável.
       - Estou tão feio assim, é? – Ele perguntou com um sorriso de canto.
       - Nem que você quisesse ficar feio você conseguiria. Só está com o aspecto cansado, de quem não dorme há dias. – Respondi baixando a cabeça.
       Entrei no banheiro e tranquei a porta atrás de mim, e me encostei com a cabeça entre as mãos novamente. O que eu estava fazendo?
       Depois de um banho bem demorado, e de estar vestida, saí do banheiro. Fiquei encostada no batente da porta e fiquei olhando em direção à cama, onde ele estava deitado. Como podia ele ser tão lindo?
       Eu poderia estar fazendo a maior bobagem da minha vida neste exato momento indo em direção à cama na ponta dos pés.
       Mas me ajeitei na cama ao seu lado, e fiquei olhando seu peito subindo e descendo lentamente, num mar de tranquilidade, suas linhas do rosto suavizadas, transparecendo uma calma interior, que provavelmente ele não tem. Passei meus dedos no contorno de seu rosto, afastando os fios de cabelo que lhe caiam sobre seus olhos. Ele tinha cortado mais seu cabelo, ele estava lindo, não que um dia não tinha sido. Mas dessa vez ele estava mais. Talvez fosse a saudade que apertava em meu peito, e corroía minha alma todas as vezes que eu fechava os olhos para dormir, talvez fosse tudo isso que fizesse a sensação de eu achar ele mais lindo cada vez em que eu olhava para ele. Continuava a passar minha mão por seus cabelos e seu rosto, quando ele se mexe fazendo com que eu assustasse e afastasse minha mão.
       - Não para, estava gostoso. – Ele sussurra baixinho abrindo lentamente os olhos.
       - Achei que estivesse dormindo.
       - Eu estava, mas você não é muito delicada quando se ajeita para deitar ao lado de alguém.
       Soltei um riso abafado e voltei a fazer carinho e ele voltou a fechar os olhos lentamente, se aproveitando da situação.
       Eu estava com saudade do carinho, do amor e do sentimento que eu tinha quando estava ao lado dele. 
       - Vai voltar a dormir? – Eu cochichei em seu ouvido.
       - Não sei. Se eu voltar a dormir você continua fazendo carinho? – Ele cochichou de volta em resposta.
       - Provavelmente não. Eu não faria carinho se eu soubesse que você estava acordado.
       - Ai essa foi maldade Meg. – Disse ele se apoiando em um braço e com a outra mão, colocando no coração como se tivesse doido.
       - Pare de drama. – Eu disse dando risada.
       - Drama?
       - Sim, drama.
        - Você tem certeza? – Indagou erguendo uma sobrancelha.
        - Absoluta.
      Rapidamente ele me prendeu entre seus dois braços se apoiando neles para ficar em cima de mim. Tentei afasta-lo com as duas mãos, mas não fazia ele nem se mover, fazendo com que ele risse cada vez mais da minha tentativa fracassada de escapar dele.
       Ele simplesmente parou. Ficamos nos encarando por um bom tempo, até ele resolver me beijar.
       Eu poderia evitar, poderia negar e sair correndo corredor a fora. Mas não é isso o que eu quero. Eu decidi que tinha feito minha escolha quando o deixei entrar nesse quarto, automaticamente deixando-o retomar o espaço que sempre fora dele em meu coração.
       Retribui o beijo, com o mesmo calor, com o mesmo desejo e vontade que ele depositava em mim.

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