Capítulo 7.2

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              Será que Bryan me esqueceu? Seguiu a vida, e nem insistiu em mim? Eu teria exagerado beijando Lorenzo na frente dele? Logo o Lorenzo, quem eu sabia que ele não gostava.
       - Você pensa demais nas coisas Meg, isso não faz bem. – Disse ele afastando meus pensamentos.
       - Fomos programados para nos torturar com pensamentos, sejam eles qual for.
        - Fomos programados para viver, seja qual for o tamanho da sua dor.
        - É, acho que sim.
        O Lorenzo era oito ou oitenta. Ou ele se exaltava, e seus poros exalavam raiva, ou ele era tranquilo, até demais.
        Ele passava paz para gente, conseguia ser nossa luz no meio do escuro, contrapartida, ele também conseguia ser somente escuridão, sem nenhum vestígio de luz.
        - O que vamos fazer agora? – Eu perguntei dando um salto para fora do balanço, que ainda era levemente empurrado.
        Ele deu a volta no balanço, segurou a minha mão e me rodou. Quando eu parei em sua frente, ele me abraçou e depositou um beijo em minha cabeça.
         - Vamos, eu vou te levar para casa.
        - Obrigada. – Eu disse quando estávamos no carro.
        - Pelo o que?
        Ele me olhou com aquele brilho nos olhos, então estiquei minha mão, o suficiente para encostar em seu rosto.
        - Só obrigada.
        Estar com ele era fácil, não exigia nenhum esforço, não era contra a minha vontade. Era bom, só sentar e não ter obrigação de conversar, o silencio entre a gente, não era aquele silencio estranho que incomoda, mas sim um silencio acolhedor e reconfortante.
        Quando está com ele, fica fácil de esquecer os problemas e tudo o que ele já causou. Apesar de tudo, estar com ele era fácil, não causava dor.

                                  ✩✩✩

        - Vai fazer o que na ação de graças esse ano? – Disse Talía.
       - Ah, a mesma coisa de sempre, fazemos um banquete, agradecemos à todas coisas boas, aí na hora de sentarmos para comer, minha mãe irá correndo para o hospital por conta de alguma emergência. Sempre a mesma coisa. A gente poderia se reunir lá em casa certo? Todo mundo, eu, você, Lara, Maybe, Lucky, até o Lorenzo e o amigo dele.
       - Podemos, mas, e o Bryan?
       O nome de Bryan fez meu estomago criar borboletas e minhas mãos suarem frio.
       - É... é sem o Bryan, além do mais, iria dar briga Bryan e Lorenzo na mesma sala.
       - Vocês não conversaram mais desde...
       - Desde o dia que ele beijou outra? Não, não conversamos.
       - Vocês têm que se resolverem, vocês são o casal perfeito, não deviam ficar nessa situação.
       -   Nós não estaríamos nessa situação se ele não tivesse beijado aquela menina.
        - Ele estava bêbado Meg, seja mais compreensiva.
       Eu olhei indignada, não acreditava que Talía realmente tinha falado isso.
       - Olha, seja compreensiva você e respeite meu tempo. Ele me traiu e eu não estou afim de engolir isso tão cedo. Não sou obrigada, e qual é a sua? Quando eu estava com o Bryan, você jogava Lorenzo para cima de mim, esperando que eu o perdoasse, agora que estou próxima dele, você está tentando jogar o Bryan para cima de mim. Eu não sou uma menininha estúpida, não fico em triângulo amoroso, ou é um, ou é outro, e no momento eu não quero ver o Bryan nem pintado de ouro na minha frente. Eu dou esse assunto por encerrado.
       As aulas da faculdade estão para acabar, igualzinho ao ano. Eu não sei o que eu vou fazer nessas férias, por mis que eu seja uma pessoa totalmente caseira, que adora ficar na companhia da minha cama, dos travesseiros e cobertores, eu não podia ficar em casa, eu só faço isso. Acho que vou viajar.
         Bryan não anda indo para a faculdade, eu poderia suspeitar que ele inverteu os horários das aulas, ou que ele está em algum canto matando aula, mesmo que não seja de seu perfil fazer isso. Não esbarro com ele nem pelos corredores, nem perto dos banheiros, nem na biblioteca, onde eu achei que ele estaria. Precisava ser assim? É necessário ser tão complicado? Ele é idiota o suficiente para causar a sua própria reprovação e estragar a sua reputação? Mas afinal, por que eu pensava tanto nele, quando se nem por um segundo ele teria pensado em mim? Por quê?
Se importar com pessoas que não fazem questão de ter vocês por perto dói, se importar com pessoas que não tem um pingo de consideração por você, dói. E não é uma dor qualquer, é uma dor que te faz se sentir insignificante, não somente insignificante para a pessoa, como também insignificante na vida em geral.
                                  ✩✩✩
        - Mãe?
        - Oi, estou na cozinha.
        Eu passo pela sala e vou em direção à cozinha. Ela está preparando as coisas para o dia de ação de graças.
         - Meus amigos vão passar o feriado com a gente, já que quase sempre você tem que sair correndo para o hospital e eu acabo sozinha. Tudo bem por você?
       - Claro só me fala quantas pessoas são, só para garantir que tenha comida suficiente para todo mundo.
       - Do jeito que eu te conheço mãe, em feriados assim, sempre tem comida para um batalhão, então não se preocupe muito.
        - Engraçadinha e exagera.
       - Eu exagerada? Certeza? – Olhei para ela e comecei a dar risada. – De qualquer forma, contando com você e comigo, somos oito pessoas.
       - Virou literalmente uma festa de fim de ano?
       - Agora você que está sendo a engraçadinha e exagerada.
       Eu não sei exatamente quando, nem como ou até o porquê que minha relação com a minha mãe evoluiu a esse nível, nunca fomos de brincar assim, nem quando eu tinha acabado de chegar nessa cidade, que antes era totalmente desconhecida aos meus olhos.
        Peguei meu celular e fiquei sem reação com a mensagem que se encontrava na tela.
       - Acho que já dei tempo e espaço suficiente para você.
       Esperei para ver se ele mandaria mais alguma coisa, não sei nem o que responder para ele.
       - Já fazem 26 dias, 26 dias Megan, vamos conversar, daqui 2 dias é ação de graças, por favor.
        26 dias, já se passaram 26 dias. 26 dias em que eu não penso mais o dia inteiro no Bryan. 26 dias que eu estou cada vez mais próxima de Lorenzo. Faz 26 dias em que eu não fico ansiosa, no aguardo de uma mensagem. Mas faz 26 dias que eu sinto falta, dessas mesmas mensagens que eu não aguardo mais ansiosa. Faz 26 dias que eu sinto saudade das mãos entrelaçadas, e das surpresas repentinas que só ele fazia. Por que ele tinha que ser um idiota e estragar o que tínhamos, para depois ficar se lamentando de já ter passado 26 dias? Afinal, que se ferre os 26 dias.
       Eu não respondi a mensagem na hora, e não vou responder depois. Pois, o que eu poderia responder? “ Ah eu ainda gosto de você, mas você partiu meu coração”; “ Agora eu estou dando uma chance a mim mesma, então me deixa quieta”; “ Ah, a propósito, enquanto você talvez se lastimasse nesses 26 dias, eu estava sempre acompanhada pelo Lorenzo, que me fez esquecer de você quase todas as vezes”. Eu só falaria isso se eu estivesse louca, o que não é o caso. Senão poderiam me internar já.

Única Estrela no CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora