Capítulo 8.3

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O que eu estava fazendo? Por que essa era uma pergunta feita frequentemente para mim? Fiquei mantendo o contato visual até um certo ponto e voltei a me distrair com as crianças que corriam na beira da piscina, e com as outras que jogavam água para fora ao bater seus pequenos pés na intenção de nadar.
Baixei os óculos até a ponta do nariz e virei o rosto para o desconhecido.
- O que você quer? Por que veio aqui?
- Eu só vim conversar com a moça que está sozinha.
- E o que te faz pensar que eu estou sozinha?
- Bom – começou ele. – O fato da ausência de uma aliança na sua mão já da para pensar isso. – Ele disse apontando para minha mão.
- Pois muito bem. Irei continuar sozinha. Eu falei que você poderia sentar aí. – Fiz uma pausa e me levantei. – Só não disse que eu iria continuar para fazer companhia.
Um bom leitor, nunca sai de casa sem seu livro. Então claro que eu trouxe um. É a melhor e a mais recomendada maneira de passar o tempo.
Livros são como pessoas, só que mais interessantes. Dentro de cada um tem um novo universo, com novos pensamentos e novas histórias. A diferença de um livro para uma pessoa, é que com o livro, você pode ser quem você quiser, sem ser julgado. Nós ficamos presos numa história, mas temos a mente livre. Com livros podemos simplesmente, viver.
Fui me afastando da cadeira que eu estava observando as pessoas a minha volta. Até que resolvi subir para meu quarto.
Enchi a banheira e fui separar as minhas coisas. Quando puxei uma roupa da mala, ouvi o barulho de algo caindo no chão. Olhei em minha volta, até enxergar o colar caído. Peguei-o delicadamente e pedi desculpa. Mesmo sabendo que era  um objeto inanimado.
Parei por um tempo para ficar observando os detalhes, era realmente lindo, e provavelmente não tinha sido nada barato. Foi tão gentil e delicado da parte dele. Por que ele estava fazendo tudo isso? Ele não é o mesmo Lorenzo em que eu conheci na metade do ano. As pessoas realmente mudam assim? Ou elas só têm um período, apenas um pequeno momento em que deixam de ser quem era para apenas agradar a pessoa que tanto criticavam lhe.
Entrei na banheira e mergulhei por completo, tentando esquecer os problemas que eu vim para resolver.
Passei o resto do dia deitada na cama lendo e assistindo alguns programas aleatórios que eram transmitidos na televisão. Quando deu o horário do jantar, eu desci, jantei e dei uma caminhada pelo resort, na minha própria companhia. Voltei para o quarto e dormi, tranquilamente.
Acordo de madrugada com meu celular vibrando. Havia muitas mensagens, mas a mensagem que havia me acordado era do grupo das meninas.
- Mas que porra é essa Megan Loren Scott. Eu e a Lara fomos para sua casa e coincidiu da sua mãe estar lá. Ela está louca de preocupação. Onde foi que você se meteu?
- Não é para tanto Talía, eu não fugi de casa, não para sempre, agora me deixa dormir, vou voltar, mas parem de me encher.
- E eu que sou a amiga rebelde? Pelo menos eu não saio de casa assim, e viajo para o nada, sem conhecer uma alma sequer.
- Ok, mãe. Eu já entendi que você não faz nada disso. Boa noite.
Mesmo dando boa noite e tentando voltar a dormir. Eu não consegui, as mensagens haviam me deixado totalmente desperta, então eu continuei vendo o que mais  tinham me mandado.
Tinha mensagem do Bryan também.
- Quando você volta?
- Para onde você foi?
- Me responde.
Espera ai. “quando você volta?” como ele sabe?
A curiosidade foi maior então eu resolvi responder ele.
- Bryan, como você sabe que eu viajei?
Ele respondeu logo em seguida:
- Voo 576, isso vem me atormentando.
- Como você sabe o número do meu voo?
- Megan, eu não sou um psicopata. Eu escutei a chamada quando eu te liguei.
- Ah.
- Posso te ligar?
- Como?
- Deixa eu te ligar, por favor. Ou está ocupada demais as 5 da manhã para me atender?
- Não sei se é uma boa ideia Bryan.
- Você nunca vai saber se é uma boa ideia se não me atender. Vamos. Por favor.
Eu dei um suspiro e concordei.
- Pode me ligar.
Eu não pretendia estender muito o meu tempo aqui. Teria que decidir mais cedo ou mais tarde.
Quando meu celular começou a tocar, a ansiedade tomou conta do meu corpo, era como se fossemos nos falar pela primeira vez. Minhas mãos começaram a soar, as borboletas dentro da barriga começaram bater as pequenas asas, e eu levantei da cama para andar de um lado para o outro.
- Alô? – Soou a voz na outra linha. Demorei um pouco para retomar o ar que eu prendia sem ao menos perceber.
- Oi.
- Que saudade de você Meg, volta para a casa, volta para mim.

Única Estrela no CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora