Capítulo 17 parte 3

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(Ainda dentro das memórias de Heloísa)

HELOÍSA

Whitesnake me perseguia. Tudo bem que eu estava no carro do Hans, onde só se ouvia rock das antigas. Mas dentre as inúmeras bandas em sua playlist, a voz de David Coverdale sempre cantava quando eu estava no banco de carona dele.

O clima foi ficando cada vez mais sufocante quando Is this Love estava pela metade. A canção era inegavelmente bela, uma das minhas preferidas. 

Um amor que toma conta de mim

Eu não posso evitar esse sentimento

Só quem amava de verdade entendia a profundidade de letras como aquela. Por isso, não suportando as verdades que eram cantadas, eu desliguei o rádio. 

Foi por impulso. Mas eu estava aflita.

Abracei os meus braços odiando me sentir insegura. 

Sem entender a minha atitude, Hans me questionou:

– Por que desligou? Pensei que você gostava de rock.

– Eu gosto. – falei, olhando para frente. – Só não é uma boa hora pra ouvir essa música idiota.

Ele não disse mais nada até chegar na minha casa. Quando eu estava prestes a agradecer pela carona e sair do carro, ele soltou uma pergunta:

– Vocês estão namorando?

Com a mão na maçaneta olhei para o lado. Seu rosto sério não conseguia disfarçar a decepção na voz. 

Quase sorri com a ironia daquela situação tragicômica.

– Vocês quem? Eu e Otávio? – eu quis provocar, mas imediatamente me arrependi.

Não havia necessidade para que eu me comportasse de maneira infantil. Tudo já estava confuso demais.

– Ele me disse que te pediria em namoro.

E você não fez nada para impedir?, perguntei em pensamento, mas ao invés de falar, preferi soltar a mãos da maçaneta e apoiar a cabeça no encosto do banco. Fechei os olhos respirando fundo. Precisava me sentir pelo menos um pouco confortável antes de continuar com aquela conversa.

– Ele me pediu em namoro.

– E você aceitou?

Abri os olhos e olhei mais uma vez para o lado. Eu queria entender o que se passava na cabeça de Hans, mas o bom senso, algo que me era raro, resolveu aparecer. Busquei em mim a forma mais madura de responder sua pergunta.

– Esse é um assunto que eu não quero discutir com você. – não alterei o tom de voz. 

Eu estava cansada e com as emoções afloradas. Tudo que eu queria era ficar sozinha e dormir.

Ele apenas fez um sim com a cabeça. Meu primo nunca foi uma pessoa intrometida.

– Obrigada pela carona. Tenha uma boa noite, Hans.

Quando saí e fechei a porta do carro, consegui escutar algo que terminou de abalar com o meu coração.

– Boa noite, minha menina.

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Amanhã tem mais, pessoal.

Espero que gostem da música do Hans e da Helô.

Até logo,

Naty

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