Capítulo 23 parte 1

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(ainda dentro das memórias de Helô)

HELOÍSA


Eu queria ter a chance de dizer que todos os nossos encontros eram tão bons quanto o daquela tarde de terça-feira. Gostaria de dizer que a nossa reaproximação resultou numa relação sólida e segura.

Em parte, chegamos a viver essa realidade. Hans era fácil de lidar. Apesar de sua pose de durão, ele era prático, descomplicado e compreensivo. Em meio a aventura de sermos o segredo do outro, nos tornamos mais íntimos. Tivemos momentos únicos e, às vezes, eu me perguntava se perderíamos essa condição caso nosso relacionamento fosse descoberto por todos.

Assumir um compromisso nos levaria a formalidades que são comuns a todos os casais. Sairíamos da proteção das paredes de seu apartamento – e do meu quarto também – e encararíamos a nossa família. Eles aceitariam, disso eu não duvidava. Mas, por outro lado, nos cobrariam um namoro breve, um noivado ainda mais breve e um casamento às pressas. Era provável que nós dois perdêssemos a liberdade de viver com calma todas as etapas de um relacionamento. Nunca conversamos sobre isso, mas, assim como eu, ele tinha receios. Se um dia revelássemos para os outros algo mais sério, haveria julgamentos muito mais a ele do que a mim. Sua boa reputação, construída com muito esforço, seria colocada à prova. Hans passaria a ser visto como aquele que seduziu a prima problemática, carente de afeto e onze anos mais nova.

Com tantas barreiras, não era ruim manter sigilo até que nos sentíssemos confortáveis com a ideia de enfrentar a sociedade.

Contudo, o destino não trilhou esse caminho.

Eu gostaria de pular essa parte da minha vida e contar apenas as coisas que deram certo. Mas, como entenderiam a profundidade da minha história se eu relatasse apenas as coisas boas? O quão proveitoso seria se as adversidades fossem omitidas?

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Querido leitores,

Resetar está nos últimos capítulos. Em maio (ou junho) publicarei Resetar 2 e a história de Laila.

Eu não pretendia postar esse texto hoje, mas sei lá, deu vontade. É pequeno porque é um prelúdio das próximas lembranças de Helô. Ela vai sofrer, sinto muito...

Então, preparem os corações.

Tenham uma boa semana e até dia 4 de março,

Naty

 

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