isso é uma tortura

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As manhãs estavam sendo os únicos momentos em que Eddie e Richie podiam se ver, e eles tentavam aproveitar os poucos minutos em que conseguiam ficar perto.

A tia do garoto mais velho o chamou para que ele voltasse a trabalhar na loja dela, no período da tarde, e Richie aceitou. Pelo menos com o emprego o pai dele pegava menos no pé do rapaz. 

Eddie queria poder trabalhar em algo mas tudo era desculpa para a mãe incomodar, ela sempre achava um motivo para ser algo perigoso para o filho. 

Com os pais cercando os dois garotos, eles mal podiam sair até mesmo com os amigos. Todos estavam fartos daquilo, Bill e Stan tinham cada vez mais receio de assumir para a família o que tinham e isso acabou fazendo com que eles se afastassem um pouco também, por precaução.

Richie estava no balcão da loja pensando em mil coisas quando sua tia pediu que ele fosse entregar algumas encomendas na casa de uma cliente, o que ele logo pensou ser uma oportunidade incrível para encontrar Eddie. Antes de sair ele ligou para Stanley e pediu que o mesmo avisasse Eddie para o encontrar perto do Barrens. 
Stan foi até a casa do mais novo e contou para ele o que havia sido pedido, e os dois mentiram que precisavam ir até a biblioteca. 

Não muito tempo depois eles já tinham chego até o local marcado, Stan deixou o amigo ali e foi se encontrar com Bill, já que a algum tempo eles não se viam sozinhos. 
Quando Eddie chegou no lugar, viu Richie escorado em uma árvore com os cabelos esvoaçantes por causa do vento, o mais velho sorriu e foi retribuído com um sorriso tão grande quanto o dele.

- Isso é uma tortura. - Eddie falou assim que eles se abraçaram 

- Eu sei. Não aguento mais isso. - Richie disse e mais do que depressa puxou o rapaz para um beijo

- Richie… 

- O que foi meu bem? - O mais alto respondeu ainda com os olhos fechados e o rosto colado no de Eddie

- Você… não vai me convidar para ser seu par no baile? - O baixinho falou e os dois gargalharam

- Com essa confusão toda eu me esqueci do baile. - Richie disse e em seguida segurou o rosto do outro - Eddie Kaspbrak, quer ir ao baile comigo? 

- Sim, eu aceito ir ao baile com você Richie Tozier. - Eddie respondeu e os dois sorriram 

Eles ficaram mais uns minutos abraçados, Richie ainda escorado na árvore e Eddie escorado no rapaz. Os dois colaram seus rostos mais uma vez e ficaram contemplando cada detalhezinho de ambos, e então se beijaram. 

- Richard!!! - Uma voz grossa e conhecida por ambos fez com que os dois parassem o beijo 

- Pai? - Richie falou incrédulo olhando o homem parado com as mãos na cintura, ao lado dele Sonia Kaspbrak estava com o semblante de raiva e desprezo

- Larga o meu filho. - A mulher falou indo em direção a eles e puxando Eddie 

O mais novo se soltou dela e abraçou Richie. 

- Edward eu não estou para drama hoje, vem comigo. - Ela falava brava

- Não vou! Eu quero ficar aqui com ele. - O garoto falava ainda abraçado no namorado que o segurava com força

- Sabe o que vai acontecer Eddie? Nós vamos ter que ir embora dessa cidade, vamos ter que deixar nossas vidas para trás e ir para bem longe, tudo por culpa dessa loucura de vocês. É isso que vai acontecer. - Ela falou e viu o filho ficar branco

Eddie começou a sentir que o ar estava faltando em seus pulmões, e quando Sonia percebeu que ele teria um ataque de asma, puxou o garoto e o afastou de Richie. O mais novo se sentou no chão e começou e tentar normalizar a respiração, lembrando que aquilo tudo era da cabeça dele. 

- Eddie… - Richie falou e foi em direção a ele mas seu pai o segurou

Mas vendo o estado do garoto e sabendo que ninguém mais ali seria capaz de ajudá-lo, Richie soltou o braço das mãos do pai e se ajoelhou de frente para o rapaz. 

- Eddie olha pra mim, presta atenção na minha respiração. - Richie falava com a testa encostada na do menor e entrelaçou suas mãos - Calma, está tudo bem… 

Os pais olhavam aquela cena e sentiram uma pontada no peito, era nítido que eles realmente se gostavam, que faziam bem um ao outro, mas ainda assim era algo inaceitável para eles. 

- Melhor? - Richie perguntou sorrindo depois de alguns minutos e recebeu um sim com a cabeça 

- Obrigado Rich… - O menor disse e eles selaram seus lábios rapidamente

- Já chega. Ele já está bem, vamos! - O homem disse 

Richie se levantou devagar e se afastou do menor, que ficou olhando para ele com desespero nos olhos. 

Assim que chegaram em casa, Sonia fez questão de deixar claro para o filho que ela realmente iria se mudar da cidade caso aquilo continuasse. 

- Eu não ligo pra formatura ou mais nada, nós iremos embora. - Ela falou e Eddie apenas deixou algumas lágrimas caírem e foi para o quarto

Na casa de Richie não era diferente, o pai do garoto também falou da decisão da mulher, e que ela estava o deixando doido. 

- Foi ela que veio aqui dizendo que vocês iam se encontrar. Ela não te suporta. - O homem falou

- Ela não gosta de mim, mas eu faço bem pra ele, ao contrário dela. - Richie falou sério

- Não posso negar que isso seja verdade. - O pai falou para a surpresa do rapaz - Tenho conversado com a sua mãe, não vou mentir. Eu prefiro que você namore uma garota, mas não vou viver uma guerra com você para sempre. 

- Pai… - Richie falou com os olhos marejados - Eu realmente gosto dele! 

- Eu sei. Eu sei. Mas mesmo que eu me acostume um dia, aquela mulher não vai deixar vocês em paz. E ele é mais novo, e depende muito dela ainda. Ela vai acabar levando ele pra longe. 

Richie sorriu fraco para o pai percebendo que ele pelo menos estava tentando, ao contrário da mãe de Eddie, que além do preconceito, tratava o filho como se ele fosse fraco. 

Na escola os dois contaram sobre o acontecido. Era difícil para o grupo todo ver os dois tão tristes, e ainda tinha Bill e Stan que também estavam sentindo todo aquele problema como se fosse deles, e de certa forma era. 

- Já imaginou quando meu pai souber?! Eu nem sei Bill… - Stan falou quando os dois ficaram sozinhos 

- Não tenho medo d-dele. - Bill falou sério 

- Mas eu tenho. E pelo que conheço ele jamais vai aceitar. 

- A gente espera até quando v-você puder sair de casa e aí c-contamos. 

- Não quero te fazer esperar tanto. Ah Bill… acho melhor… - Stanley baixou a cabeça 

- Nem p-pense em t-terminar co-comigo. - Bill interrompeu o rapaz gaguejando mais do que o normal - Eu espero o t-tempo que for p-preciso. Eu te amo. 

Stanley sorriu com os olhos cheios d'água, ele sussurrou que também amava Bill e eles seguraram discretamente a mão um do outro. 

Depois de lancharem, Beverly foi até Richie e contou algo que ela estava pensando. 

- Mas Bev… será? 

- Acho que é o único jeito Richie. Pelo menos por um tempo.

- Eu já pensei nisso. Preciso falar com ele. 

Bev assentiu com a cabeça e garantiu que todos ajudariam os dois no que fosse preciso.  

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