Os Dois Irmãos (Romance Gay)

Capítulo 35

Wesley parecia deprimido. Não conseguiu comer àquela noite. O medo de ser descoberto e principalmente de ser demitido percorria cada centímetro do corpo do rapaz, que estava deitado de bruços em sua cama, pensando em tudo o que tinha acontecido.

Leves batidas na porta de seu quarto fez com que ele momentaneamente voltasse a realidade.

- Pode entrar – disse após breve silêncio.

Era Neuza, que tinha um semblante carinhoso e ao mesmo tempo preocupado.

- Por que você não quis jantar, meu filho? Aconteceu alguma coisa? Você parece tão... Triste.

- É que eu jantei na empresa, mãe. E eu não estou triste, é impressão da senhora.

- Wesley, eu sou a sua mãe. Eu sei quando tem algo errado com você. Você nunca consegue esconder de mim.

Wesley suspirou.

- Na verdade, tem algo que me preocupa.

- E o que é? – sondou Neuza sentando na beira da cama do filho.

Wesley hesitou, mas decidiu contar o que tinha acontecido na noite anterior.

- Você não tem que se preocupar, meu filho – confortou-o Neuza acariciando o rosto do filho e afastando uma lágrima que teimou em cair – Você não beijou, você foi beijado.

- Mas e se o Miguel me despedir?

- Se ele fizer isso é porque ele é preconceituoso e porque não confia em você. Mas ele não irá fazer isso. Confie no que estou lhe dizendo.

- E como a senhora tem tanta certeza?

- Porque em dois meses você foi promovido. E ele não vai perder um funcionário tão competente como você só por causa de um beijo que nem ao menos foi você quem deu.

Wesley enxergou uma luz no fim do túnel. Ele abraçou a mãe, que acariciou os cabelos do jovem, agora mais aliviado.

...

Diego bateu na porta do quarto de Miguel, que foi aberta em menos de um minuto.

- Finalmente você chegou – disse Miguel – Entra.

- O que é que você tanto quer comigo? – perguntou Diego sentando-se em um dos sofás de linho branco.

- Eu quero saber o que aconteceu entre você e o Wesley.

Um frio percorreu a espinha de Diego, que logo começou a dizer:

- Não aconteceu nada, por quê?

- Porque vocês estão com uma tristeza eminentemente visível. E eu não nasci ontem, conheço você.

Diego engoliu em seco.

- Ora, entre nós não aconteceu nada. Pode ser que tenha acontecido algo com ele, mas de minha parte, está tudo bem.

- Você tem certeza disso?

- Absoluta – mentiu Diego, o frio da espinha agora estava em seu estômago.

- Então está bem. Se você diz eu não vou desconfiar de você – falou Miguel ainda desconfiado da afirmação do irmão.

- Sossega aí que eu estou bem.

- Não, não está. Seus olhos transparecem isso.

- Eu só estou... – começou Diego lentamente – Carente – falou por fim.

Miguel saiu da cama e foi até o irmão, dando-lhe um abraço afetuoso logo em seguida.

- Eu estou com você, maninho – disse ao ouvido dele – Confia em mim e conta o que está acontecendo...