Eduardo ainda estava ligeiramente preocupado com o bem estar de Wesley. Decidido a obter notícias, o jovem ligou para o amigo, que prontamente o atendeu.
- Fala Edu – disse Wesley com a voz calma.
- Oi cara. Como é que você está?
- Bem. Obrigado pela preocupação.
- Tem certeza? Não está precisando de nada? – sondou o amigo, prestativo.
- Não, obrigado. Eu estou ótimo. Eles estão aqui.
- O quê? Isso é sério?
- É sim. Nós iremos conversar sobre o que aconteceu – falou Wesley – Eles me parecem arrependidos.
- Isso é excelente! Ah, e o que você pretende fazer?
- Ouvi-los.
- Só isso?
- Ah, não sei. Vai depender do rumo que as coisas tomarem.
- Ah tá, entendi. Então me mantém informado.
- Claro. Assim que eles saírem eu te chamo para a gente conversar.
- Está bem. Fico esperando. Um abraço.
- Outro para você.
...
- Desculpem – disse Wesley, agora mais tranquilo – Querem algo para beber? Um suco? Água?
- Não – responderam os dois irmãos ao mesmo tempo.
- Vamos ao que interessa – disse Diego rapidamente – Eu queria na verdade conversar a sós com você. Mesmo não tendo segredos com meu irmão, eu acho que o certo é cada um conversar com você separadamente.
- O que você acha Miguel? – perguntou Wesley, a esperança tomando conta de seu peito.
- Eu concordo em gênero, número e grau – disse Miguel – Você quer ir primeiro, Diego?
- Acho melhor – falou Diego nervoso – Se você não se importa, é claro.
- Não, não, é melhor que você vá primeiro.
- Podemos ir para outro cômodo, Wesley? – perguntou Diego educadamente.
- Claro, vamos até o meu quarto. Miguel, se você quiser, pode assistir televisão ou fazer qualquer outra coisa que queira.
- Obrigado – disse Miguel forçando um sorriso.
- Por aqui, Diego – disse Wesley, as pernas voltavam a tremer a cada passo dado.
- É aqui. Pode entrar – convidou Wesley à porta do quarto.
Era pequeno, mas decididamente arrumado. Diego prestou atenção em cada detalhe do quarto de Wesley: cama de casal encostada à parede do canto, estante com livros e uma televisão de vinte e uma polegadas, varias almofadas espalhadas pelo chão e um guarda roupas encostado na parede oposta à cama.
- Sente-se – pediu Wesley, que se sentava na cama – Estou ouvindo.
- É... – começou Diego engolindo em seco.
...
- Querida – disse Maurício repentinamente – Acho que devíamos aproveitar a viagem de Joyce à Inglaterra para fazer um tour pelas Américas, o que você acha?
- Pelas Américas? Mas a Inglaterra não fica nas Américas meu querido – riu-se Marlene.
- Sim, eu sei que não fica. Mas não é por isso. Faz tempo que nós não vamos ao México.
- É verdade. A última vez que fomos foi quando eu estava grávida de Diego. O Miguel tinha menos de dois aninhos...
- Me lembro como se fosse ontem – recordou Maurício – Belo país...
- Lindo. Acho que é uma ótima oportunidade. Podemos passar uma temporada nos Estados Unidos, tenho muitas amigas que quero rever em Los Angeles.
- Sim, sim. Eu bem me lembro de suas amigas, quando nós morávamos lá, você vivia gastando no shopping com elas.
Marlene deu uma gargalhada estridente e demorada.
- Ora meu querido, dinheiro foi feito para ser gasto. E você sabe que eu não gasto com futilidades.
- Sim, eu sei. A fatura do meu cartão de crédito também sabe.
Marlene soltou mais uma gargalhada. Logo em seguida, Alfredo e Marta entraram na sala de leitura.
- Telefone para a senhora madame – disse o mordomo fazendo uma reverência.
- Quem é Alfredo?
- Madame Lourdes de Abreu e Lima – disse ele lentamente.
- Ora, estávamos falando nela agora mesmo. Irei atender no escritório. Obrigada Alfredo.
- Desejam algo para beber, senhores? – perguntou Marta.
- Leve-me um café ao escritório, por favor – pediu Marlene ao levantar-se.
- Eu quero um suco de maracujá com bastante açúcar, por favor – pediu Maurício baixando levemente o jornal para fitar a empregada.
- É para já, patrões.
Patrícia ainda não estava habituada com as novas regras da loja onde começara a trabalhar. A gerente era exigente, mas parecia ser boa pessoa.
- Aqui não se ganha comissão – disse Gabriela, a gerente da loja – O ritmo de trabalho é igual à qualquer shopping, porém existem outros benefícios que serão falados futuramente.
Paty anotava todas as informações mentalmente. Parecia ser uma boa oportunidade de emprego, já que não podia mais trabalhar na loja que gostava, precisaria fazer de tudo para não ficar desempregada.
- De acordo? – perguntou Gabriela.
- Plenamente – respondeu a morena sorrindo – Parece ser excelente trabalhar aqui.
- Modéstia a parte, é – riu-se Gabriela – Acho que nos daremos muito bem, afinal você é uma menina muito legal.
- Obrigada. A senhora também é...
- Senhora não, por favor. Temos quase a mesma idade. Pode me chamar de você.
- Tudo bem – riu-se Paty – Você também parece ser bem legal.
- E sou. Com quem é legal comigo. Se pisar na bola eu viro o cão.
- Não, pode ficar tranquila. Eu não gosto de fazer as coisas erroneamente.
- Perfeito. Então, bem vinda ao time. Mãos a obra.
- Pode deixar. Garanto que não irá se arrepender. Obrigada pela oportunidade.
- Imagina se eu ia deixar a melhor funcionária da Lucinéia sem emprego. Jamais. Pode começar, tem vários fregueses, faça a honra da casa, por favor.
- Claro.
Paty se dirigiu ao interior da loja e abordou uma senhora de aparência robusta, precisava conquistar a confiança da nova patroa, tinha que convencer a velha a comprar alguma coisa.
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Os Dois Irmãos (Romance Gay)
RomanceMiguel e Diego são irmãos, mas não podiam ser mais diferentes. Enquanto Miguel é responsável, e dá o sangue no trabalho, Diego só quer saber de passar seu tempo com a namorada, Amanda, e gastar o dinheiro de seu pai. Já fazia tempo que Wesley estava...