[Nota da autora: olá! Essa é uma história LONGA cujos capítulos também são bastante extensos, mas é atualizada com frequência. Se você tem a intenção de ler rapidamente talvez seja melhor reconsiderar lê-la em um outro momento, ou mesmo optar por uma outra história...
Vários personagens originais são apresentados e citados, mas como eles são parte importante da história é fácil acompanhar quem são.
Novamente: essa história não é pequena e eu a atualizo o mais rápido que eu puder. Se você não gosta de "acumular" capítulos, é uma pena, mas gostaria que desse uma chance!
* Essa é uma obra finalizada e eu adoro interagir com os comentários, principalmente saber das teorias. Não se surpreenda se eu aparecer confirmando ou instigando as perguntas de vocês no decorrer dos capítulos! 👀
Boa leitura.]
Eu começava a sentir que havia simplesmente perdido as habilidades da fala depois de passar tanto tempo em silêncio. Em partes era intencional, mas eu não queria deliberadamente ignorar ninguém; apenas sentia que não haviam palavras que pudessem expressar perfeitamente o quão arrependida e amedrontada eu estava. Além disso, qualquer coisa que eu dissesse poderia e seria usada contra mim em um potencial tribunal - que eu já sentia que era feito indiretamente em pensamento. Nas raras vezes em que se dirigiam a mim, eu respondia com uma educação até surpreendente para a minha personalidade, eu devo admitir. Concordava em parar para comer, assentia quando era hora de dormir, acordava com antecedência para não causar atrasos, assumia o volante quando alguém se cansava. Eu precisei ter muita culpa no cartório para enfim entrar na linha.
Eric era o único que não demonstrava nenhum tipo de sentimento ruim em relação a mim naquele momento, mas ainda assim ele estava subordinado à vontade da maioria. É difícil mensurar quem estava na pior situação, ele ou eu - mas pelo menos ele não fora culpado de absolutamente nada, não tinha conscientemente feito nenhuma bobagem, coisa que já não posso dizer de mim. Eric atingira o ápice de uma crise de identidade sobrenatural que só poderia ser resolvida do outro lado do país, e, graças às más decisões que eu tomei no meio do caminho, nossa família foi obrigada a fugir para bem longe. Foi conveniente, mas não tanto. Eu contribui para que essa transição fosse mais turbulenta do que já é normalmente, e por enquanto o meu perdão estava bem longe de acontecer.
Estávamos no mesmo carro eu, Eric e nosso pai. Logo à frente estavam nossa mãe e Calvin, o menor membro dessa família que fazia sua escapada furtiva da costa Leste até a costa Oeste do país. Já não sabíamos o que era dormir em casa há quase duas semanas e, pelo visto, não voltaríamos para Danvers tão cedo. A boa notícia é que o nosso destino final estava a poucas horas de distância, depois de milhares de quilômetros percorridos - alguns a mais que o necessário para despistar aqueles que estavam atrás de nós -, então eu poderia finalmente ficar trancada em um quarto completamente invisível e longe do alcance daqueles que estão me crucificando em pensamento por colocá-los nessa enrascada.
- Não falta muito. - disse Eric consultando o celular no colo, pois esse tipo de imprudência não era reprovada na nossa família. - A reserva fica para lá - ele apontou além de uma montanha coberta por uma floresta escura e densa - Mas as direções da casa são para o sul.
- Continue seguindo sua mãe. - instruiu meu pai sem parar de limpar as lentes do óculos de grau com a barra da camisa.
- Ela sabe onde vai. - Eric completou e meu pai apenas assentiu afirmativamente.
Washington. Não DC. Eu estava acostumada com o frio, eu acho, afinal era janeiro e dificilmente ficaria mais frio do que já estava, mas não acho que meus pulmões saberiam lidar com aquele ar puro por um bom tempo. A neve caía em flocos finos e se acumulava numa camada bem fina e translúcida no chão. Era lindo. Em Danvers aquela mesma cena logo ficaria suja de fuligem e sujeira de asfalto. Queria me permitir falar para poder verbalizar o quão admirada eu estava com a paisagem e a vegetação do extremo norte do país, tanto que senti até um leve sorriso apontar no canto do meu rosto, mas logo o desfiz. Não me permitiria esse tipo de demonstração enquanto não estivéssemos, pelo menos, seguros. Eu ainda poderia apreciar a vista em silêncio.

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Wolf Like Me
Hayran KurguBlair é uma bruxa que sempre esteve do lado errado da história. Depois de cometer um erro que colocou a vida da sua família em risco, ela precisou se mudar para a nebulosa reserva de La Push para se adaptar à realidade de seu irmão gêmeo lobisomem...