Capítulo 35

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Dulce estreitou os olhos para ele. Milady?


A voz dele foi sumindo, sonolenta. — Não darei trabalho nenhum.


— Pobrezinho do meu querido Christopher! — Lady Mercy correu até acama e pegou uma de suas mãos com suas duas mãozinhas. Elecertamente tinha uma tendência para despertar a simpatia feminina.


— Preciso voltar ao trabalho — murmurou Christopher, conseguindo darum sorriso fraco.


Trabalho? Agora Dulce começava a duvidar se, no fim das contas, tinhasido apenas uma batidinha na cabeça. O estrago podia ser maior do queparecia.


— Não posso ficar deitado o dia todo — acrescentou ele. — Hácoisas a serem feitas.


— Tenho certeza de que podem esperar — ela respondeu, cautelosa.


— Mas tenho serviços... a realizar. Serviços de garanhão.


O rosto de Dulce esquentou.


O homem ferido murmurava com uma voz estranha e suave. —Desculpe-me, milady. Eu não deveria ter mencionado isso. Shhh. — Elepressionou um dedo nos próprios lábios. — Segredo. Não é para contar.


— Poderia revolver o fogo da lareira, lady Mercy? — Gritou Dulce,com a voz alta e fina. — Está parecendo um pouco frio aqui. —Primeiro, pareceu que a garota se recusaria. O pedido só foi obedecidoquando Dulce frisou que Christopher talvez estivesse com frio.


Enquanto a garota dava as costas, aparentemente envolvida emremexer o carvão, os lábios dele se abriram para soltar um gemidosuave. — Não posso me esquecer dos soldados. Sempre há soldados,porém ela tem um par adorável de peitinhos.


Dulce olhou para lady Mercy. Agora revolvendo o fogo com violênciacom um espeto de ferro, a garota parecia ter temporariamente seesquecido de sua preocupação pelo "pobrezinho querido Chirstopher". Seusgemidos comoventes eram sutis demais para ser ouvidos àquela distância.


— Pare com isso — Dulce sussurrou. — Apenas fique quieto. Nãofale.


— Alguém tem de dar uma surra naquela danada. — Ele riubaixinho.


— Christopher! Quieto!


Ele pegou as pregas de seu robe enquanto ela se inclinava acimadele. — Você me deve mil libras. Eu paguei por sua companhia. Vouquerer de volta com juros, madame. Não terminamos. Você me devecinco noites.


Com cuidado, ela tirou a mão dele do tecido, mas os dedos delecontinuaram segurando os seus com a mesma determinação.


— Diga ao senhor Grieves que voltarei ao trabalho assim que o solraiar, madame. O trabalho de um mordomo nunca termina. Se pudesseviver um dia no meu lugar, saberia.

MADRUGADAS DE DESEJO - Adaptada | VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora