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Ele sorriu tristemente pensando que a avó teria uma convulsão se visse o que resultara dele e de sua roupa no último dia, desde que ele se transformara em "Smallwick". Grieves inventara esse nome para ele sabendo, é claro, que Christopher não discutiria, ou teria de admitir que não havia perdido a memória. Grieves era um velhaco astuto.


A porta rangeu. Seu olhar desceu à maçaneta que girava.


Dulce espiou pela porta e, ao vê-lo acordado, entrou.


Ele se sentou, assumindo sua encenação de criado. — Madame. Não deveria estar aqui embaixo.


— Quis ter certeza de que você tem tudo de que precisa, Smallwick. — Ela atravessou a sala descalça, pé ante pé.


Agora tenho, pensou ele. Engraçado como a presença dela deixava seu humor mais leve. Olhando-a com aquela camisola meticulosamente abotoada, ele ficou impressionado que a notória Dulce Saviñon tivesse uma peça de roupa tão inocente. Como é que se dormia com um negócio daquele? Ele sempre dormia nu, embora a maioria das pessoas ficasse escandalizada por isso. Na opinião de sua avó, a nudez não era apropriada para nada, nem para a morte.


— Seu tornozelo está melhor? — Ela perguntou.


— Estou mantendo no alto, madame.


— É melhor você não andar muito amanhã.


Ele tinha trinta e sete anos, conhecera uma porção de mulheres, mas nunca quis tanto uma delas como a queria naquela noite. Naquela casinha aconchegante. Com sua camisola branca de freira, seus cabelos soltos e rebeldes. — Farei qualquer coisa que disser, madame. — Ele jamais diria isso a outra mulher na terra.


— Que bom. — Ela olhou a lareira. — Devo colocar mais uma pá de carvão para você?


— Estou bem aquecido. Obrigado. — Ele parou, depois repetiu. — Não deveria estar aqui embaixo. Sozinha, comigo. Madame.


— Felizmente para você, Smallwick, dou pouca importância a deves e não deves. Se todos fossem bons e virtuosos o tempo todo, será que o valor de ser assim não declinaria rapidamente?


Ele não teve muito a dizer quanto a isso.


Embora "Smallwick" mantivesse o cobertor em volta da cintura, como um escudo para sua honra, Dulce ainda tinha uma visão bastante agradável de seu tórax esculpido sob a luz fraca da lareira. Todos os músculos eram bem definidos. Seus braços, que eram mantidos elevados do sofá, eram potentes de masculinidade, um poder que ia além da mera força física, que podia entrar nela e arrancar-lhe o desejo, segurá-lo diante de seu rosto, onde ela já não poderia mais negá-lo.


Sem dizer nada, ele olhou-a caminhando ao redor do sofá, e ela deixou que os dedos trilhassem ao longo do encosto.


— Eu poderia lhe tirar as dores. Sei como fazer. Tenho alguma experiência. — Iii, ela não deveria ter dito isso, pois os olhos dele enevoaram e seu maxilar se contraiu. — Trabalhei como acompanhante enfermeira de um cavalheiro idoso — ela explicou — e ele sempre tinha nódulos no pescoço e nos ombros, então aprendi a aliviá-los. Era algo bem inocente.


Sua expressão cética a deixou irritada.


— É verdade, Smallwick. Aprendi a passar unguento nos ombros do duque de Ardleigh. Ele precisava disso, pois nos últimos meses de vida, quando suas pernas não funcionavam mais, ele andava com duas bengalas. Isso deixava seus ombros e braços doloridos.


Ele recostou no braço do sofá. — Eu não sabia que o duque tinha problemas nas pernas.


— Ele tentava esconder. Sua saúde estava bem pior do que ele deixava que as pessoas soubessem.


Christopher estudava o rosto dela. Ela o encarava de volta ousadamente, sabendo que ele devia pensar como os outros, imaginando que ela fosse amante de Ardleigh.


— Deixe-me ver se acredito em você — disse ele. — Mostre-me suas habilidades.


— Não tenho nenhum unguento — ela alertou.


— Então, faça o melhor possível. — Finalmente, ele se lembrou de sua encenação. — Madame.


— Pronto. Não está melhor, Smallwick?


— Sim, madame — murmurou ele com a cabeça apoiada nos braços, de olhos fechados, enquanto ela massageava os músculos doloridos de suas costas. Ela tinha mãos adoráveis e flexíveis, mas ele nunca as apreciara inteiramente até agora. Como ele pôde?


— Você estava muito tenso.


— Hum.


Ela foi até a lateral do sofá, ao lado dele. Ele abriu os olhos.


— Fique deitado quieto, Smallwick. — Ela pressionou as mãos nas costas dele com seus dedos ágeis trabalhando sobre uma porção de pequenos nós. Ele sentia a renda de seu robe roçar na lateral de seu tórax nu. Ela estava se esforçando um bocado por um homem a quem julgava ser seu serviçal.


Ele abriu novamente os olhos e ficou olhando para o braço do sofá. Ela estava aprontando alguma.


Suas mãos se moviam continuamente descendo por suas costas, massageando juntas, tirando a dor e as contraturas. Ocasionalmente, ela vinha ao seu lado, e seu robe deslizava sensualmente junto à pele dele.


Só um minuto. Onde ela estava colocando as mãos agora? Elas deslizaram por baixo do cobertor, abaixo da cintura dele, e desciam com uma confiança chocante.


— Madame — murmurou ele, com a língua grossa.


— Sim, Smallwick. — Ela tocou seu membro.


O sangue quente bombeava em seus ouvidos. — Acho que posso me virar, Smallwick.


O cobertor deslizou por seu corpo e ele ergueu ligeiramente o quadril, deixando que ela acariciasse seu pau. Suas mangas rendadas e os cachos longos soltos passavam na pele de suas costas, nádegas e coxas. Ela fazia devagar. Provocando quase além do suportável. Ele queria virar e agarrá-la, prendê-la sob ele e possuí-la. Sua boca aguava diante da possibilidade do que ela poderia fazer a seguir. E lá veio. Ela montou em seu quadril e quando se inclinou à frente para massagear seus ombros, novamente roçou os seios em suas costas nuas, os mamilos provocando através do tecido fino. O interior firme de suas coxas se movia junto ao seu quadril, e a camisola — um mero sussurro de linho — tocava a parte de trás das pernas dele. Ela não estava de meias e, como ele desconfiava, nada de calcinha. Ele certamente não vira nada através da camisola quando ela ficou em frente à lareira.


— Bem, essa é a primeira vez para mim — ele suspirou no travesseiro, adoravelmente relaxado, exceto por sua masculinidade que, agora que ele abaixara outra vez, pressionava o sofá com tanta força que chegava quase a doer.


— Primeira vez?


— Uma dama fina como a senhora, senhorita Saviñon, tocando-me intimamente...
E, sem nenhum aviso, o ar tenso se dissipou.


Ela lhe deu umas palmadas nas nádegas nuas.


O ardor reverberou acima e o som estalado ecoou por toda a sala. Antes mesmo que ele pudesse reagir, ela se debruçou, com os lábios perto de seu ouvido, deu uma risadinha e disse, baixinho: — Pronto, Uckermann. Nessa, eu ganhei de você, não foi? Sempre soube do que você precisava. De umas belas palmadas.


O ar ficou preso em seus pulmões e agora saiu em um gemido. Sua pulsação disparou pelas veias como um banda só de bateristas. Ele virou de barriga para cima e agarrou-a pela cintura antes que ela pudesse escapar.

Ela ficou sentada em cima do quadril dele, rindo baixinho, e levou um dedo aos lábios. — Lembre-se de que minha tia está lá em cima. E lady Mercy também está dormindo.


Ele estreitou os olhos. — Quando você soube?


Notas: Que danadinha essa Dulce kakakaka. Bem, com prometido, eu tardo mais não falho. Os próximos capítulos são um pouco... quentes rs Aproveitem.

MADRUGADAS DE DESEJO - Adaptada | VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora