Capítulo 31

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Depois de ter mostrado seu ponto de vista, ela voltou à sua cadeirae continuou a refeição. A refeição dele!


Christopher pegou o chapéu do chão e bateu com ele na coxa. Então, eraassim que ela queria jogar. Ela ainda estava protegendo o conde — ohomem que a usara para seus próprios esquemas de chantagem. Talvezela já tivesse recebido uma parte das mil libras. Pode ter sido ideia dela.


— Por que você me arrastou para o interior dessa forma, Saviñon? —Sem dúvida, suas desculpas seriam coloridas e divertidas.


— Eu precisava tirá-lo de Londres e de todas as suas distraçõesdissolutas porque quero sua atenção exclusiva.


— Por quê?


Ela deu um gole em sua cerveja enquanto aqueles olhos violeta oobservavam, por cima da borda da caneca. — Eu lhe darei os diamantesde volta sob uma condição. Na verdade, cinco condições.Ele sorriu rijo, desejando que seu sangue esfriasse, mas a carícia odeixara pelando, rígido como mármore. Christopher não sabia o que fazerconsigo mesmo. Como, sem dúvida, a tentadora tinha consciência. —Hum?


— Quero seus serviços de garanhão por cinco noites. Enquantoestivermos juntos, no interior.


Sem conseguir falar, ele ficou olhando enquanto ela servia cervejacom a mão firme, uma expressão indecifrável. Deus do céu, ela era umaameaça, pensou ele, mais perigosa do que ele havia imaginado nopassado.


— Cinco noites, por cinco diamantes — ela acrescentou, como se eletalvez não entendesse o significado do número. — Sabe, tenho pensadosobre seu pedido de casamento. A verdade é que eu gostaria de um filho.As surpresas continuavam caindo sobre ele como nozes maduras.Então, ela acrescentou — Mas e se você não puder me dar um?


— Não posso dizer que a possibilidade tenha me ocorrido.


— Claro que não. Para poupar a nós dois de problemasdesnecessários, vou lhe dar cinco noites para exercer seu dever. Vamosnos certificar de que tudo funcione. Você está de acordo?


As palavras não se formavam.


— Não me importo se as cinco noites forem consecutivas, Uckermann.O que for conveniente. Se eu engravidar, então nós nos casamos etornamos nosso filho legítimo. Se eu não conceber uma criança, ambosestaremos livres para seguir caminhos separados. Sem prejuízo nenhum.Ele percebeu que uma coisa era certa, ela nunca choraria em seuombro com seus problemas. Ela não queria ser salva nem consolada porele.


Ela queria ser servida.


— Obviamente, você andou refletindo sobre isso.


— É claro. Embarcar em qualquer acordo com um homem comovocê é um erro, a menos que tudo seja considerado.


— Tudo? — Ele estava incrédulo, embora essa talvez não fosse umapalavra suficientemente forte.


— Talvez você não esteja disposto a isso e vou detestar concordarcom esse casamento de conveniência para depois, um dia, acordar edescobrir que não posso ter filhos. — Ela lançou-lhe um olhar que podiaser descrito, no mínimo, como deselegante, e fanfarrão e de cobiça, napior das hipóteses. — Por que eu não deveria lhe dar a chance de medar o filho que quero? — As pálpebras dela estavam novamente pesadas.Ela passou a ponta da língua no lábio superior, limpando um pouquinho deespuma da cerveja. — Com sua beleza e minha inteligência... Não fiquecom essa cara tão mal-humorada, Uckermann. — Ela riu. — Levar-me paraa cama não vai desgastá-lo tanto. Serei muito boa, prometo, e vouatender a todos os seus desejos.


Suas palavras ousadas e provocantes o deixaram inquieto, e seu pênisaumentou mais um centímetro, desconfortavelmente testando o tecido dascalçolas já apertadas.


— Cinco noites por cinco diamantes, Uckermann. Você quer todos devolta, não quer? — Pegando o garfo, ela terminou a comida do prato,aproveitando ao máximo sua hospitalidade. E de seu estado confuso emudo. — Só há mais uma coisa — ela acrescentou.


É claro, tinha de haver mais uma.


— Durante essas cinco noites é bom que não haja outras mulheres.


Christopher engasgou ao responder. — Nem outros homens.


Ela assentiu. — Bom. Eu deverei ter sua total atenção durante ascinco noites. No interior.


Ele curvou a cabeça. — E eu deverei ter a sua.


O fogo da lareira chiou e espirrou, conforme a chuva desceu pelachaminé, tentando apagá-lo. Ele conhecia a sensação. Nada tampoucoapagara suas chamas. Ela dera a centelha ao engatinhar entre suas coxase pressionar seu corpo junto ao dele. Agora o deixara arder de propósito.


— A menos, é claro — acrescentou ele, baixinho —, que você nãoqueira desistir de mim depois das cinco noites.


A megera impertinente teve a audácia de cair na gargalhada. — Voucorrer esse risco.


Christopher não disse nada. Seus dedos tamborilaram no chapéu e seu olharse fixou nos lábios dela, que engolia o último pedacinho.


— E isso não é um noivado, Uckermann. É um acordo de casamento se— e somente se — houver um filho. Eu tive pouca sorte com noivados,portanto prefiro não chamar assim.


— Como quiser.


Alguns instantes se passaram enquanto ele organizava seuspensamentos, os quais ela havia massacrado, deixando em pedacinhos coma longa espada que era sua língua. Logo quando ele achou que estava nocontrole da situação, ela o arrebanhara novamente. Ele não estavagostando disso. Nem um pouco.


— Gostaria de um pouco de cerveja? — Ela perguntou. — Você estáparecendo um tanto paralisado.


— Não. Obrigado. — Ele via que precisaria de seu juízo perfeitonesta noite.


Ele se levantou e caminhou até a porta. Quando girou encarando-anovamente, ela estava lambendo os dedos e cantarolando baixinho,despreocupadamente.


Ela parou e pareceu surpresa por ele ainda estar ali.


— Então, começaremos agora — disse ele, virando a chave nafechadura com um clique ruidoso.


— Agora?


— Você disse que seria à minha conveniência. Madame. — Ele nãoconfiava em um único cacho em sua cabeça e ela não fugiria delenovamente. Nunca mais.



MADRUGADAS DE DESEJO - Adaptada | VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora