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Mais quatro noites depois dessa. Deveria ser o suficiente, ela pensou, quando o mundo real finalmente se aproximava dela outra vez. Christopher Uckermann nunca quis a mesma mulher duas noites seguidas, muito menos cinco.

Dulce, engasgada com as próprias emoções, ficou imaginando se agora ele estava pensando em Anahi — ou em outra mulher qualquer, comparando-a. Ele chegou para o lado tirando seu corpo sólido e pesado de cima dela. O sofá não era muito largo, mas cabiam dois corpos apertados. Os móveis de sua tia não tinham sido feitos para libertinagem. Eram feitos para traseiros delicados sentarem, enquanto seus donos bebiam chá e beliscavam petiscos, pãezinhos com geleia de morango e salgadinhos. Nesta noite, ela era o petisco que Christopher beliscou. Ela devia se envergonhar. Devia.

— Isso foi satisfatório, senhorita Saviñon? — Sussurrou ele enquanto passava os dedos em sua coxa.

— Muito, Smallwick. Muito satisfatório. — Não fazia sentido ser pudica. Ela queria dizer que foi terrível e que ele precisava se esforçar mais, mas, dessa vez, nem ela conseguia mentir. — É melhor que eu volte para cama antes... — Sua respiração falhou e ela estremeceu quando a palma da mão dele segurou-lhe o seio. Seu mamilo reagiu instantaneamente, e os lábios dele redescobriram aquele ponto sensível na lateral de seu pescoço.

— Ainda não terminei, milady notória.

— Ah, é?

Ele tinha uma quantidade vasta de resistência e energia. Chocante para um homem de trinta e sete anos.

— Se um trabalho é digno de ser feito, madame, ele é digno de ser bem-feito. Diga-me quando estiver pronta para mim novamente.

E aconteceu de ela estar pronta meia hora depois, quando ele já dava beijinhos em cada parte de seu corpo.

— Eu devo ter o criado mais dedicado de toda a Inglaterra — ela murmurou.

— Eu tenho a amante mais irresistível.

Ela descobriu que gostava muito do som daquela palavra sussurrada em seus lábios antes que ele lhe desse outro beijo na nuca.

Nem mesmo Dulce Saviñon conseguia negar que ele era bonito. No entanto aquela noite, sob a luz suave da lareira que ia se apagando, sua beleza ganhou nova nuance. Ela imaginou que vikings deviam ter essa aparência — a cor clara, a altura, os ombros largos. Principalmente a intensidade selvagem que ardia naqueles olhos azuis. Esse homem não capturava prisioneiros; ele era impiedoso.


Ela suavemente passou as pontas dos dedos na pele manchada ao redor do olho dele. — O que aconteceu?

— Uma luta de boxe.

Conforme os dedos deslizaram por seu rosto, ele o virou e beijou-lhe a palma da mão. — Boxe?

 — Exclamou, chocada.

— É um exercício muito bom, ele me ajuda — abaixou a boca ao punho dela e beijou ali também —, queima — sua língua descia pelo braço — certas — e ele lambeu a parte interna de seu cotovelo, fazendo-a se remexer e rir — energias vitais.

Então isso explicava sua resistência. Quantos rounds ele aguentaria? Pensou, maliciosa.
Ele abaixou novamente a cabeça e passou a ponta da língua por entre seus seios. Um fogo selvagem irrompeu pelo corpo dela com apenas aquele toque molhado. Ela estava mais viva do que nunca. Cada pequeno poro de seu corpo tinha feito amor esta noite e agora estavam todos insaciáveis, mimados, clamando por mais. Até o leve roçar dos pelos das coxas dele, que faziam cócegas nas pernas dela enquanto as abria, jogando mais carvão em sua fogueira. O toque dele, o peso e o cheiro, o som de sua respiração ofegante, preenchiam seus sentidos, despertavam-na como nada jamais fizera. Ela quase gritou de alívio quando ele finalmente a preencheu novamente, dessa vez lentamente, aos pouquinhos. Ele abafou seus gritos mudos com outro beijo, certamente machucando seus lábios com toda sua fome. Christopher Uckermann, malandro cavalheiro, era uma fera bem selvagem quando atiçado.

Ela tentou não pensar em como ele aprimorou suas habilidades em quartos por toda Londres. Em vez disso, Dulce se entregou à paixão gananciosa. Seu corpo se arqueava para encontrar o dele, e suas mãos agarravam os músculos de suas costas enquanto ele suava sobre ela, gemendo seu nome. Ela enlaçou-o com as pernas e forçou Christopher a deitar de costas. Dessa vez, ela cavalgou sobre ele como ele fizera com ela.

Ele pressionava o quadril para cima e ela seguia o movimento frenético, rapidamente caindo em um precipício de abandono feliz. Ele lhe tirava o ar e lá vinha outra vez — la petite mort, como os franceses chamavam.

Caindo à frente, perdendo as forças, ela mergulhou o rosto no ombro dele, vermelho-fogo, e deixou que os tremores fluíssem de seu corpo ao dele.

Christopher, no entanto, ainda não tinha gozado de novo. Dessa vez ele esperou, segurando-se para torturá-la ainda mais. Formigando por dentro, com seu âmago ainda mais sensível que antes, ela sentiu outro terremoto se formar. Meu bom Deus, não pode ser mais! Ela nunca soube que tinha isso dentro dela.

Ao longo de tudo, ela estava consciente da porta — destrancada — a apenas alguns palmos do sofá. A qualquer momento eles podiam ser descobertos. Jamais haveria tempo suficiente para esconder o que eles estavam fazendo.

Ela não ligava. Essa noite, ela era inteirinha a criatura libertina como os falsos boatos lhe pintavam.

Seu amante lambia seus seios, tomando os mamilos com beijos brincalhões, chupando, fazendo cócegas, pousando sua boca faminta em cada um deles, dividindo entre eles atenção igual. Que amável. Então ele deslizou as mãos sobre a curva de suas nádegas, segurando-a no lugar enquanto mergulhava dentro dela com mais força.

Dulce gemeu e desmoronou. O suor escorria dela.

Seu coração estava galopando, indiferente e feliz como um cavalo solto a brincar. Esse clímax foi mais rápido e mais forte que os dois primeiros. Ela estava vagamente ciente de suas unhas cravando nos ombros dele com uma força um pouco além da conta, porém, ela precisava se agarrar a algo ou talvez não sobrevivesse. Ela seria levada por uma onda. Até essa imagem pareceu engraçada e a fez querer rir alto.

Quando olhou para baixo, os olhos dele estavam repletos de tons tropicais de azul do mar, tons que nunca se viam na costa inglesa. Ele lentamente cravou duas vezes, com uma força que a fez cerrar os dentes outra vez, contraindo seu pau. Quando ele gozou pela segunda vez naquela noite, foi com força, selvagem.

Ele caiu para trás no sofá. A camada fina de suor que cobria seu corpo reluzia sob a luz da lareira. — Minha cabeça ainda está pregada em meu corpo?

— Sim. — Ela caiu por cima dele, que a enlaçou nos braços. — Mas receio que ainda seja vazia por dentro, Smallwick. Você sabe que isso não foi nada sábio, aqui na sala da minha tia.

MADRUGADAS DE DESEJO - Adaptada | VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora