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A CARRUAGEM SHALE ENTROU na vila e freou suavemente aolado do portão do jardim da tia de Dulce, que olhou para fora com imensoalívio. Ao longo da jornada, ela temia que lady Mercy fosse acabarfalando da identidade de James. Uma série de olhares reservados haviaalertado Dulce que a criança esperava algo em troca por seu silêncio.Agora, a jornada dolorosa tinha finalmente terminado.


Dulce saltou da carruagem sem esperar ajuda para abaixar o degrau.


— Obrigada pela carona e, por favor, não desça. Está um frio terrível.Lady Mercy pulou depois dela e olhou em volta, com interessesuperior, enquanto Christopher novamente lutava com a bagagem das duas.


— Seguiremos até o Red Lion Inn, em Morecroft, senhorita Saviñon —disse lorde Shale pela janela. — Espero voltar a vê-la enquantoestivermos aqui no campo.


Ela concordou falsamente desejando o mesmo.


Christopher tirou o baú quebrado da parte posterior da carruagem e odeixou cair ruidosamente no caminho, aparentemente já farto daquelepeso imprevisível e volumoso.


Quando as rodas da carruagem se afastaram, ela se virou e viu a tiacautelosamente olhando por uma fresta na porta com seus óculosredondinhos.


— Dulce! Não pode ser! Minha querida garota... viajar nesse clima!


— Vim cuidar da senhora, tia Lizzie! — Ela ficou radiante e abraçoua senhora com tanto entusiasmo que quase tirou sua toca de renda dacabeça. Encantada ao ver a tia com o rosto rosado e nada doente, comoela havia esperado, Dulce deu-lhe um abraço afetuoso que tirou seuspezinhos do chão.


— Mas é tão... inesperado. — Novamente sobre os pés, sua tia olhouo baú surrado no caminho, atrás de Dulce. — Você deveria ter mealertado... quer dizer, deveria ter dito que estava vindo. Eu não tinha... —Olhando para cima, sua visão prejudicada finalmente deve ter visto osujeito alto e amarrotado, com joelhos enlameados. Seu queixo caiu. Elaapontou um dedo trêmulo. — Esse é...?


— Tia Lizzie, esse é Smallwick. Um criado.


Christopher se curvou educadamente com as mãos pendendo nas laterais.


A tia continuava encarando e seus lábios pálidos disseram: —Smallwick?


As calçolas dele estavam muito apertadas, deixando pouco para aimaginação da senhora. Aparentemente, a proximidade de Dulce nacarruagem de lorde Shale tinha causado uma reação bem desconfortávela Christopher que não teria ficado tão aparente se as calçolas estivessem maisfolgadas. Smallwick de nome, não de natureza, ela pensou.


— Ele está comigo emprestado — ela rapidamente explicou —, paraminha segurança. Todos nós viajamos na mesma carruagem, entende, ehouve um acidente. Seu patrão, um cavalheiro de nome senhor Grieves,achou que eu deveria ter um acompanhante pelo resto de minha jornadae virá buscar Smallwick depois.


— Que os santos nos protejam — disse a tia, resfolegando —, émuito estranho que ele se pareça tanto com...

MADRUGADAS DE DESEJO - Adaptada | VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora