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A CASA SEDE DA fazenda Herrera estava decorada por dentro e porfora com belas folhagens de sempre-vivas salpicadas por frutinhosvermelhos de azevinho. Velas abundantes reluziam uma luz âmbar atravésde todas as janelas e uma pequena banda de músicos tocava em umcanto, ao lado da lareira. Não havia mais que vinte e cinco adultosconvidados e as crianças eram mais da metade. Na sociedade londrina,isso seria chamado de reunião íntima, porém, para Sydney Dovedale, erauma ocasião nobre.


Um grande punhado de visco pendia sobre a porta de entradaamarrado por um laço, e quando eles passaram o degrau Christopher pegou obraço de sua dama, inclinando-se para baixo para roubar um beijo. Dulcese retraiu.


— Smallwick! Comporte-se. A temporada festiva não é ocasião parase esquecer de seu lugar.


Aparentemente, ela gostava muito de interpretar o papel para ter deabandoná-lo. A maioria das pessoas da festa devia reconhecê-lo comoChristopher Uckermann, porém ela insistia em tratá-lo como seu criado só paraconfundir todo mundo. Provavelmente também para evitar comentáriossobre a rixa ou quaisquer perguntas sérias.


Como sua tia não tinha carruagem nem cavalos próprios, o fazendeiroOsborne ofereceu uma carona a todos em sua carruagem. Dulcedemonstrou desejo de caminhar, mas Christopher, lembrando-se de que estavaescuro, frio e provavelmente nevaria, a persuadiu a ir na carruagem.Ao observar a tia dela com o fazendeiro viúvo ficou claro para eleque os dois eram realmente amantes; mas Dulce, teimosa como sempre,recusava-se a ver.


— Ele é apenas um cavalheiro gentil e prestativo — ela sussurraraem seu ouvido quando ele lançou um olhar de eu te disse. Entretanto,conforme eles seguiam pela estrada, na carruagem que sacudia de umlado para o outro, ela deve ter observado o casal sentado junto, deixandoque essa desconfiança se demorasse em sua mente. — Minha tia estácom mais de cinquenta anos, pelo amor de Deus. Por que passar portudo isso outra vez?


Christopher riu. — Você acha que as pessoas algum dia ficam velhasdemais para tudo isso?


— Ela já teve uma vez com o capitão Cawley.


Olhando para baixo, para seu rosto atrevido e determinado, ele disse:— E ninguém jamais merece uma segunda chance no amor? — Umaonda quente de desejo irrompeu nele ao olhar para aqueles lábios.Suas palavras ficaram pairando entre eles com muito mais gravidadedo que ela já estava acostumada. Ele sempre havia pensado que DulceSaviñon a realmente ouvia algo que ele dizia. Geralmente, ela só ouviao que queria e ria debochando do restante.


Ele nunca conhecera uma mulher com tanto medo de apegos docoração. Exceto sua própria avó, que devia ter um coração pulsando emalgum lugar sob toda aquela armadura. Contudo, depois dos próprios casosdesastrosos com mulheres, ele também deveria ser mais cético. Antes deBrighton, ele estava pronto para desistir de encontrar alguém especial.Pelo menos era isso o que ele dizia a si mesmo. Depois, lá veio aquelacriatura que invadiu sua vida, deixando-o confuso, fazendo com que eleolhasse em seus olhos quando ele havia resistido por tanto tempo. Àsvezes, Christopher se sentia como se ainda estivesse lutando para encontrar asaída daquele labirinto.


Quando eles entraram, a casa aquecida já estava cheia. Ele viu Rafe,o menino, reclamando e se remexendo em um canto enquanto AnahíHerrera tentava alisar seus cabelos pretos rebeldes com um pano molhado.

MADRUGADAS DE DESEJO - Adaptada | VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora