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QUANDO OS SHALE PARTIRAM, ela subiu ao quarto de hóspedes e encontrou Christopher experimentando as calças remendadas. Ele estava sob a luz do batente da janela e examinava seu reflexo no espelho móvel.

— Essa menina Robbins é uma costureira talentosa — ele murmurou.

— Sim, nós, pobres garotas do interior, temos vários talentos ocultos.

Ele deu uma olhada para ela. — Pobres garotas do interior?

— É isso que eu sou. Não se esqueça.

Ele despencou na cadeira perto da pequena escrivaninha torta. — Então venha cá, minha garota do interior. Tenho um desejo ardente pelos seus talentos ocultos.

No entanto, ela hesitou. — Smallwick — ela começou,
cautelosamente —, você sabe que eu não tenho um centavo como dote, não sabe? — A maioria dos homens se casa para aumentar sua fortuna, não para diminuí-la. — O almirante não pode custear...

— Não tenho nenhuma intenção de pedir nada ao almirante Saviñon. Exceto sua mão, é claro. Estou me casando com você porque você precisa do meu dinheiro. E porque você tem o coração duro demais para se apaixonar por mim e fazer cenas desnecessárias. Preciso de uma esposa e você precisa de dinheiro. É uma troca simples.

Sim, ele a escolhera puramente por razões de conveniência. Ela jamais deveria interpretar algo além disso.

— Por que, agora, esse súbito lembrete de sua situação financeira? — Uma ruga surgiu entre suas sobrancelhas. — Não está tentando deixar de
pagar meus honorários, está, madame?

— Honorários? Nós nunca discutimos honorários.

Ele deu um tapinha na coxa musculosa. — Venha até aqui, minha garota do interior.

Dulce se aproximou lentamente até chegar entre os joelhos dele. Ele pôs as mãos ao redor da cintura dela. — Monte em mim, senhorita Saviñon, e vou ter meus honorários que me deve em espécie.

— Você é terrivelmente ousado para um serviçal, Smallwick.

— As damas que me empregam geralmente não reclamam. Monte em mim.

— Então muito bem. Você tem mais tentativas para ganhar essa esposa de conveniência, da qual precisa.

Agora ele ergueu os olhos, olhando-a fixamente com seu olhar azul. — Quatro.

Para sorte dele, ela não estava com vontade de discutir agora. Sua presença animava o quartinho apertado. A luz de fora era cinzenta e lúgubre, mas se tornava ensolarada no local que entrava pela janela e
banhava seus cabelos, fazendo-a se lembrar de estações melhores, mais suaves.

— Quanto tempo vai demorar até sabermos? — Perguntou ele.

Ela ficou confusa, ocupada demais observando o dourado dos cabelos dele e como se transformava sob a luz de inverno, tornando-a mais alegre.
— Se desempenhei minha tarefa. — Ele pressionou.

— Tarefa?

— Sua menstruação? Quando devemos esperar?

Não era delicado mencionar coisas assim, ou, pelo menos, suas irmãs lhe diziam. E o fato de Christopher Uckermanm sequer notar o ciclo menstrual de uma mulher era francamente chocante. — Duas semanas e pouco — ela murmurou.

— Bom. — Ele sorriu para ela como um leopardo faminto. — Então ainda não precisamos nos preocupar com isso. Não temos nada para nos interromper.

— Não. — Meu bom Deus, ela torcia para não estar corando como uma tolinha.

— Onde está sua tia? — Disse ele enquanto suas mãos lentamente erguiam-lhe a saia.

MADRUGADAS DE DESEJO - Adaptada | VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora