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— Não se preocupe, Uckermann. Eu o libero da obrigação. — Certamente ele não tinha levado aquilo a sério.

— Mas você acabou de me chamar de Chris. Ninguém fica ileso depois disso.

Ela já ia dando as costas, mas lembrou-se da mancha no vestido e decidiu sair de ré, para salvar um pouco de seu orgulho. — Estou voltando à festa.

Ele deu um passo em direção a ela. — Desse noivado, você não vai se livrar, Saviñon. Não como fez com todos os outros.

— Pelo amor de Deus, eu menti sobre me casar com você apenas por causa de Lyle e você deve saber disso. Ou o conhaque matou seu cérebro a ponto da insensibilidade profunda?

— Se você voltar atrás, vou processá-la por quebrar a promessa.

— Não sei pelo que você vai me processar, um centavo, três galinhas e uma cabra confusa é tudo que minha porção pode prover.

Antes que ela pudesse recuar mais, ele pegou seu braço nu.

— Você está maluco, Uckermann? Solte-me agora!

Ele a segurou pelos dois cotovelos e puxou para junto de seu peito. Ela pisou novamente em seu pé, mas ele não pareceu notar. Ele tinha pés bem grandes e provavelmente estava acostumado que as pessoas pisassem neles. Dulce ainda estava pensando nas suposições absurdas de Christopher Uckermann quando seus lábios pousaram sobre os dela e todos os protestos sumiram, derretendo como picolés no telhado em um dia de verão.

Ele passou os braços ao redor de sua cintura e acomodou-a junto a seu corpo. O calor e a força de seu porte poderoso eram completamente arrebatadores. Os lábios dele devoravam os dela, preguiçosamente. Ele mergulhou a língua em sua boca, girando, acariciando a dela. Um arrepio de excitação a percorreu dos pés à cabeça.

Eles estavam sozinhos na sala quase escura. Que importância tinha se ela o deixasse beijá-la? Não havia ninguém ali para ver. Essa noite, ele lhe dera toda atenção e ela nem precisou desenhar em seu rosto para obtê-la.

Ela estava com as mãos pousadas nos ombros dele e sentiu os músculos se movendo sob seu traje fino noturno. Era força bruta contida por uma fachada de civilização. Ela afastou as mãos de uma vez, como se tivesse se queimado. Então, percebeu que não havia onde colocá-las. Em lugar nenhum que não fosse lhe trazer mais encrenca. Então, ela colocou-as novamente nos ombros e tentou não notar a força que flexionava sob suas palmas. Ele a puxou para mais perto, pressionando seu quadril junto ao dele. Uma pontada de desejo despertou dentro dela, surgindo como uma rosa que abre suas pétalas orvalhadas. Seus seios começaram a inchar e doer sob o espartilho. As mãos dele a seguravam com firmeza pela cintura, com os dedos abertos, novamente agarrando-a como se ele temesse que ela pudesse recuar. Em vez disso, ela acariciou a perna dele com a sua. Entre as coxas dela, em um lugar muito vulnerável e quente, ela sentiu a enormidade do perigo com o qual ela estava flertando, mas não pôde se conter. Era o momento perfeito. No escuro, podia-se fazer qualquer coisa e ficar impune. Exatamente como fazia ao usar uma máscara ou um disfarce.

Ela deslizou as pontas dos dedos para cima do ombro dele, subindo por sua gola, a gravata, até tocarem, hesitantes, o seu maxilar. Essa noite estava macio e barbeado, não como da última vez em que haviam se beijado.

Será que ela havia bebido vinho demais nesta noite? Não. Ela só tinha tomado um copo, quando Christopher trombou nela. Em Brighton, ela tinha posto a culpa de sua saliência no luar e no ponche. Nesta noite, não dava para fazer o mesmo.

Ele se afastou de seus lábios devagar, deixando-os quentes, mas subitamente frágeis, incertos.

— Bem, devo dizer que isso foi horrendo — ela estrilou. — Não faça outra vez.

MADRUGADAS DE DESEJO - Adaptada | VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora