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ELA REAGIUCOMO SE ele tivesse acabado de lhe dar um beliscão no traseiro. — Não seja ridículo. Que ideia absolutamente abominável.

— Alguém tem de transformá-la em uma mulher honesta.

— Você roeu suas amarras, Uckermann? Ouvi dizer que o pessoal do hospício estava procurando um paciente sumido.

— Minha avó me assegura que está na hora de me casar. Quanto a você, Saviñon, os anos estão passando e você claramente precisa da disciplina que somente um marido pode lhe dar.

— E como um marido faria isso?

Ele limpou a garganta, mas não o bastante. Suas palavras seguintes saíram como um rugido rouco. — Dando-lhe umas belas palmadas.

Ele pensou novamente em suas pernas e no toque acetinado da curva aquecida acima do quadril, sob a palma de sua mão, os pelos macios da feminilidade pressionados ao músculo rijo de sua coxa enquanto ele a segurava no colo, para umas palmadas, há muito devidas. Isso chocaria a expressão presunçosa, eliminando-a de seu rosto. Ele gostava da ideia de chocar Dulce Saviñon. Ele sentiu que ela não se chocava facilmente, e assim deveria ser. Se fosse pela vontade dele, seria com frequência.

— Então, sou a melhor opção que você pôde arranjar? — Ela exclamou. — Está tão desesperado assim?

— Para sua informação, Saviñon, recebo propostas com frequência.

— De casamento ou para você colocar a cabeça na água fervendo?

— Ainda nesta noite, tive uma jovem muito determinada a seguir como passageira clandestina em minha carruagem, decidida a me levar para Gretna Green, onde ela sem dúvida tinha coisas muito sinistras em mente para mim.

Ela riu, um som provocante que novamente o sacudiu até os pés. A essa altura, ele já deveria ter se acostumado, mas, de alguma forma, nunca estava pronto para o efeito que isso lhe provocava. Cada vez que ele ouvia era como a primeira. — Então, você perdeu sua chance com ela. Eu não iria a Gretna Green com você. Nem por todo o chá da China.

— Suas irmãs caçulas se casaram antes de você — ele persistiu. — Você certamente está ansiosa para se casar antes que seja tarde demais.

Os olhos dela cintilaram com uma súbita chama incendiária. — Tarde demais para quê? Sou mais nova que você, Uckermann. Dez anos mais nova. Tarde demais, pois sim! — Se ele não estava muito enganado, suas palavras atingiram um ponto fraco. Interessante.

— Os homens podem esperar — disse ele. — As mulheres têm um número limitado de anos antes de perderem o viço. Não que eu esteja dizendo que você já teve algum. Em um dia ruim, quando você emburra, fica parecendo o próprio diabo.

Ela fez uma cara feia, instantaneamente provando que ele estava certo tanto em sua afirmação quanto no palpite anterior.

— E com seu comportamento escandaloso, quem mais a teria? — Acres­­centou ele, apertando os lábios, esforçando-se para não rir de sua expressão. — Eu, claro, estou acostumado à sua língua ferina. Não há nem um centímetro em mim que você não tenha ferido. Isso me deixa imune.

— Eu feri você?

— É claro. Você nega...?

— Não quero me casar — ela estrilou. — Gosto da minha vida do jeito que é, desimpedida. Não consigo imaginar abrir espaço para um homem agora.

— E quanto ao conde? Você não abre espaço para ele?

Ela engoliu rapidamente. — Ele é livre para ir e vir, como lhe apraz. Assim como eu. Um marido é uma inconveniência permanente. Prefiro muito mais ver um homem ocasionalmente, quando ele está de bom humor. Então, quando ele está doente, resfriado e infeliz, eu o mando para casa novamente, com um conselho amistoso para evitar golpes de vento, e ele já não é mais minha responsabilidade.

MADRUGADAS DE DESEJO - Adaptada | VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora