03:02 - Reunião de Emergência

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Voltei com atraso, capítulo monstro e recomendação de música: Imagine Dragons - I'm so sorry. Boa leitura e nos vemos nas notas finais;)

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[Noite de sexta-feira, 20 de janeiro (Urano).  Segunda-feira, 23 de janeiro (Terra).]

Se isso não for a definição perfeita de um dia agitado, eu não sei o que é...

Bae Joohyun raramente ficava tensa. Tendo sido introduzida nos treinamentos militares ainda muito jovem, ela aprendera a lidar com a tensão, o pior inimigo de um soldado no campo de batalha, juntamente com a ansiedade; ambas somente serviam para deixá-la nervosa e lenta, além de dificultar a tomada de decisões corretas. Em outras palavras, ficar tensa era garantia de derrota. Mas quando se está numa sala lotada de seres que podem pulverizá-la com um simples olhar, algumas regras de guerra podem ser violadas e, em casos mais extremos, esquecidas. O que não lhe garantia em nada que Ares fosse perdoá-la por aquela instabilidade, caso viesse a notá-la, o que, diga-se de passagem, ele não parecia estar muito disposto a fazer, ao menos não por enquanto.

Seus olhos varreram a sala, pelo que lhe pareceu a décima vez num período de dois minutos, as orbes castanhas atentas à cada mínima movimentação - outra coisa que se aprendia com o treinamento, ficar sempre alerta. Mas, com a experiência que tinha, e com um pouquinho de sagacidade, também, não demorou muito para constatar que a chance de algo meramente ameaçador acontecer ali era quase nula. Com tantos deuses reunidos naquele lugar, o único perigo a que estavam expostos era uma dissidência entre os próprios deuses.

O Olimpo era, de longe, o lugar mais seguro para se estar em Urano.

Ao contrário da visão mortal comum, o Olimpo nunca fora uma montanha, nem mesmo nos primórdios de sua existência, quando os deuses que ali governavam eram treze - e depois se reduziram a doze; inicialmente, pelo que constavam nos autos, era uma espécie de anfiteatro, uma construção circular com arquibancada em degraus, tendo no centro um palanque, também circular, de onde os deuses expunham e votavam suas pautas, na típica democracia que sempre reinara em Urano. Com o passar do tempo, porém, a instituição fora assumindo outras formas: ginásio, pirâmide e templo ao estilo Parthenon (a era favorita de Atena, que concebera o projeto e o executara em pessoa, como uma mãe orgulhosa de seu filho primogênito). A edificação final, a atual e por enquanto estável constava de um prédio de pouco mais de setecentos andares, cujas bases estavam firmemente incrustadas à quarenta metros abaixo do chão - pisos subterrâneos do colosso visível dos quatro cantos do domo, sempre reluzente na aura dourada que parecia irradiar de cada vidraça, cada barra de ferro e bronze em que fora erguido. A segurança não fazia feio, quando posta lado a lado com as dimensões do edifício - monitoramento com câmeras de segurança em 3D, sensores de luz, calor e fluxo de carbono, detectores de metais em cada porta e janela, minas e granadas em cada terrário e vaso de planta disponível nas recepções - e que ninguém ousasse perguntar o que se passara com Deméter, para concordar com uma coisa dessas. Tinha sido ideia de Ares, Irene tinha certeza, armar o prédio até os dentes e transformá-lo, de sede do parlamento no forte militar mais impenetrável de que o Universo já havia tido notícias. Extravagante e clichê? Sem dúvidas.

Tinha que admitir, contudo, que o resultado fora um sucesso. Naquele instante mesmo, sentia-se observada, e algo dentro de si dizia que os olhos partiam de uma das molduras que ornavam a parede atrás de si.

Mas, mesmo com tamanha artilharia bélica em seu interior, o Olimpo continuava servindo como representante máximo do governo diplomático e democrático do domo; era ali que tudo acontecia, cada mínimo detalhe era selecionado, cada ínfima lei era discutida e  os julgamentos ocorriam. O Olimpo tinha como função básica e central, zelar pela qualidade de vida e segurança de todos os uranianos. E quando uma ameaça a um desses aspectos surgia, os deuses faziam exatamente aquilo que Joohyun os via fazer, ao vivo e em cores.

Angels - SeulreneOnde histórias criam vida. Descubra agora