Não sei se devo dizer

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Ele se aproximou tocando meu braço, na região do pulso direito subia até a dobra do braço algumas marcas, devia haver quantas? Umas doze? e ele começou a me explorar com o dedo, até encontrar outras a onde a tatuagem escondia dos olhos, mas o toque poderia sentir. Ele ficou me encarando em silêncio esparava um reposta, mas eu? Eu estava entalado, engolindo seco, eu não queria mais conversar.

Ele tocou por dentro da manga da camiseta, eu devia estar de blusa pelo frio mas não estava, senti dois de seus dedos aperos tocarem meu ombro.
Tirei a mão dele de modo sutil do contato com minha pele.
Ele novamente tocou agora meu rosto um pouco acima da sobrancelha onde havia outra cicatriz.

— Você não fez essa qui brigando, não foi? —  em seguida acaricia a maça de meu rosto.

Eu sabia a onde ele tocava na maça do rosto havia um corte em cicatrização que ele mesmo causou com seus murros e seus anéis. Mas essa corte fino como arranhão de gato não me doía tanto quanto os cortes profundos já cicatrizadas, o core fino não me deixaria uma cicatriz.

— Estou mais acostumado a levar murros do que imagina — falei com um riso segurando sua mão em meu rosto.

Era para ser uma piada. Mas ficou parecendo ainda mais soturno.

— Me diz... — ele sussurrou ainda mais baixo — A onde você realmente esteve?

Neguei com a cabeça.
Existem assuntos que se eles forem tocados fazem homens chorar, todos têm um ponto fraco, e as vezes o disfarce não funciona mais, todos têm um ponto fraco e Rick descobriu o meu. Não era o meu pai, e sim o que a morte dele me causou, as decisões que tomei por conta da ausência dele, e eu sentia que ir atrás de informações a respeito dele poderia me confortar.
E era o que eu queria, conforto.
Tirei a mão dele, que acariciava meu rosto novamente da minha pele e neguei novamente. Eu me recusava a ter aquela conversa.

— Fala para eu Dan-Dan

Ele nunca me chamava de Dan-Dan, ele se aproximou colando sua cintura na minha me puxando para perto do seu corpo.
Em seguida me abraçou. Eu continuei em silêncio, não iria falar, falar faria com que eu lembrasse e lembrar iria me fazer chorar, ele beijou meus cabelos colocando minha cabeça em seu ombro. Ele estava quente, tão quente que nem parecia estar frio para ele aquela noite. Senti sua mão acariciando minha nuca, e em minha mente um série de lembraças era bloqueadas de forma com que eu não pensasse em nada.

Esse era o problema do Rick, mesmo ele sendo um homem, as vezes grosseiro, ele tinha um coração muito doce, talvez isso que o tornava querido de mais, ele tinha lá seus jeitos, sua insistência, sua cabeça dura, mas as vezes ele era maleavel. Sabia o momento exato de ceder, de estar certo e isso matava por dentro.

— Vem... — ele falou se enrolando e me enrolando no cobertor.

Caminhamos em silêncio pelo corredor e entramos no "meu quarto" que não era meu, era emprestado, temporariamente meu e eu me recusava a dizer ser meu como quando eramos pequenos. A cama era de solteiro encosntada no canto da parede, com comôda na cabeceira para um abajur que não se tinha. Deitamos apertados, agarrados, eu me sentia uma criança carente. Encostei a cabeça em seu peitoral ele fez de mim seu urso, e eu não disse mais nada apenas queria dormir agarrado nele, sentindo seu carinho.

A verdade? Eu queria ser mimado, eu me sentia carente, com falta de carinho de afeto e de todo o resto e eu queria aquilo. Quando ele me abraçou no corredor eu me senti cuidado como nunca antes, e quando ele me toca é algo louco que me corre nas veias, eu jamais saberia explicar o que acontece, eu acho que talvez eu va recusar a paixão que eu estava sentindo em ter ele perto de mim, mas não conseguiria muito tempo.

Subo um pouco na cama enfiando minha cabeça em seu pescoço, me afagando em sua pele, e beijando a mesma, eu senti a necessidade dos meus lábios tocarem ela e ele me apertou gostoso em seus braços e pronto... eu me sentia em casa.

— Quando quiser me contar, vou estar aqui, está bem? — falou ele baixinho.

Fiz que sim, e ele respirou fundo, o do modo como ele estava fazendo antes, agora sua respiração simbolizava preocupação ao invés de impaciência.

— Desculpa — resmunguei sem entender o por que disse aquilo, de modo involuntário.

— Ta tudo bem cara — ele retruca — fica quietinho aqui... — diz de modo carinhoso

Ele continua me acariciando. Pego no sono rápido.

Amores & MotoresOnde histórias criam vida. Descubra agora