Rick está parado na estrada do moto clube, me encara quando passo por ele com a moto, entro deixando a moto ao acostamento, Rick se aproxima imagino que caso ele me dê algum murro vou descontar, estou cansado de apanhar.
— Se vier me esmurrar vai levar! — anuncio enquanto tiro o capacete.
Não, ele não parece querer me esmurrar, mas me olha no fundo dos olhos como se fosse me devorar.
— Olha Rick eu não quero encrenca, serio, sei lá mano.
— Vá se foder, sabe o que eu acho dessa palhaçada toda?
— É... — engasgo
— Você não devia ter voltado eu só quero que suma, vá embora, não volte para o clube.
— Não quero o clube cara.
— Então por que voltou?
— Por que tenho pendencias Rick.
— Pendências? Não fode cara.
— O que velho? Acha que estou aqui por que?
Houve um silencio. Em seguida ele passou as mãos nos cabelos molhados.
— Eu pensei que fosse pela gente, mas realmente já me toquei que não.
— Que diferença essa porra faz? Você nunca me perdoaria!
— Você nem ta tentado — ele deu uma longa pausa — Quer saber? Foda-se. Você só pensa em você. Vai se foder Dan.
Ele se virou saindo.
Fiquei parado tentando entender por que ele se incomodava tanto.
Mas tem coisas da qual a gente não deve contestar muito.
Estava muito cedo. Mas o bar do clube já estava aberto, do lado de dentro Tatá estava de balconista, me sentei na banqueta enquanto ela secava alguns copos e guardava-os.— Um bom filho a casa torna, Dan como você está? — perguntou ela com um sorriso.
— Qual o problema de Rick? Estou bem, mas ele parece sei lá...
— Hã, ele ta bem abalado com sua volta, bom Dan foi difícil para ele...
— Ele devia ficar feliz com minha volta — digo emburrado.
— Dan, ele achava que você estava morto. Você acredita que quando Maíra anunciou a gravidez, ele torcia para um menino para colocar o nome de Daniel
— Hã... Merda.
— Você sumiu do mapa Dan, imagina se alguem que você gostasse muito fizesse o mesmo, a propósito, você já gostou de alguem de verdade, digo: com apego?
— O Rick, Rick era como um irmão
— Isso vou discordar, você não gostava dele nem como amigo, nem como irmão senão jamais teria feito o que fez — ela pendurou o pano de prato em seu ombro — mesmo você tendo suas razoes.
— Tatá, eu era novo tinha acabado de perder meu pai.
— Mas você se esqueceu que tinha uma familia aqui — disse ela — enfim Dan, aguas passadas não movem a porra do moinho.
Fiquei em silencio.
— Dan, está de moto?
— Sim
— HM... poderia me ajudar q fazer uma entrega? Lá na Pentecostal, na praça.
— Sem chance Tatá.
— É urgente dan, ninguém do moto clube apareceu, só tenho recrutas não posso mandar eles sozinhos — resmungou ela — são cinco malotes... Coisa fina.
— Não.
— Dan — ela apertou os olhos como se me encantasse com o mesmo.
— Merda Tatá, não to aqui para isso... Ta legal me dê essa merda.
— Está armado? — perguntou
— Sim! — falo
— Não é perigoso, mas por precaução, melhor sempre remediar.
— Ér...
— É só ir lá entregar os malotes trazer o dinheiro, eles tem de te dar um barão. Eu confio mais em você que os recrutas... Sabe como é... "Recrutas". Você é de casa.
Houve um barulho na porta e Savana e Sr. Ju cruzaram a porta. Savana estava linda, eu havia me perguntado desde a noite anterior como ela se tornou aquele mulher, seus peitos fartos pareciam querer saltar da regata branca, coisa que todo homem gosta de ver, foi a primeira coisa que olhei e depois desviei o olhar, não queria parecer um cara pervertido.
Savana estava de óculos escuro, cabelos trançados cor de mel e para o lado, as curvas de seu corpo nítida na calca apertada.
Logo entrou uma outra moça, muito linda também, de óculos escuros e regata preta, um pouco mais magra que Savana, e mais baixa, tinha os cabelos num repicado rebeldes, olhos no tom de preto azulado, brincos em furos que subiam a cartilagem da orelha.— Estamos bem servidos rapaz... — falei rindo.
— Aqui estão as duas noras que eu queria mas apenas uma delas ta com ele — disse Sr. Ju rindo. — A outra joga no nosso time Dan.
— Ah para com isso... — resmungou Savana rindo. — Vai negar que estou no time errado?
Jogar no nosso time?
Savana era gay?— Merda dai você me pegou... — disse Ju rindo.
Savana me cumprimentou com um beijo na bochecha, logo em seguida Sr. Ju com um aperto de mão, depois a menina que se apresentou como Dai.
Elas foram para trás do balcão junto de Tatá, e logo um homem chegou, barbudo e sentou distante Savana foi atender ele colocando o avental preto e personalizado com desenhos de riscos brancos, personalizado do clube.
E Dai colocou seu avental e toca e entrou na parte que formava uma pequena cozinha.
— É o bar do moto clube serve ate comida. — resmunguei
— Comida não, porções.
— Elas trabalham para você?
— Não é bem um trabalho, sabe que o clube funciona por voluntariedade e irmandade, elas ajudam quando querem ou preciso de uma mãozinha. Todos os lideres do clube podem pegar um avental e ajudar aqui, ou entregando as cervejas, ou então fazer isso sem avental, sei lá eles preferem. O dinheiro que eles pegam é para ajudar o próprio clube, caso precisem de uma grana é só pedirem, a gorjeta é deles.
— Parece uma boa — falo me levantado. —, me dê logo os malotes tenho outras coisas para fazer depois dessa entrega.
— Tipo?
— Saber a respeito de seu pai.
— Desenterrar o passado não é uma boa Dan, sabe disso — disse Sr. Ju.
— Eu voltei para isso. — falei encarando Sr. Ju.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amores & Motores
RomansaDepois de anos Daniel retorna para a velha cidade em que cresceu e reencontra seu velho amigo no antigo moto clube totalmente diferente do que era no passado há quinze anos atrás. Daniel e Ricardo começam uma disputa de implicância, ambos cresceram...