Bebida na cabeça

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Passei o dia num outro bar de esquina, bebendo, eu estava puto aqui dentro, e estava tonto na cabeça.

— Andrey! — chamei o dono do bar — Enche a porra do copo.

— Olha Dan, acho que você já bebeu o suficiente — disse ele para mim

— Então me da uma porra de uma garrafa de vodka e vou embora.

Andrey me olhou com os olhos semisserrados.
Eu lembro dele, quando ele era mais novo na época em que sua mãe faleceu, ele era divertido, gostava de ver futebol, só tinha uns amigos meio estranhos tipo, estranhos não, diferentes, drag quens, lésbicas esse povo gay. Talvez ele soubesse a respeito de Rick.
Ele colocou a vodka na bancada.

— Quinze — resmungou, eu tirei as notas e bati sobre a mesa.

— Porra Andrey, sabe do Rick? Acho que você iria gostar de andar com ele, ele faz o tipo dos seus amigos... Diferentões.

— Rick do moto clube? — ele falou e riu — Serio isso?

— É, ele me... — travei a fala — tentou me beijar, sem ofensas, foi uma parada estranha mas eu amo aquele filho da puta não consigo sentir raiva.

— Você estava sumido não?

— Uhum — abri a vodka — Mas devia continuar sumido nessa porra, porque aqui nessa cidade só tem um bando de pau no cu! — gritei.

Todos do bar me olharam.
Andrey olhou alem de mim com uma cara surpresa e eu olhei para trás para ver o que ele via.
Era Sr. Ju, se aproximou, tocou em meu ombro em seguida cumprimentou Andrey com um aperto de mão.

— Obrigado por ter me chamado — disse sr. Ju.

— Magina — disse Andrey.

— Por que chamou ele andrey? Filho da puta eu nunca mais venho aqui — falei e Andrey riu

— Ele vai precisar de um bom banho e de um café reforçado para a ressaca.

— Devia ter me chamado antes — disse sr Ju. — Vem vamos...

Ele me puxou pelo braço enquanto eu escandalizava bêbado, fora do bar eu me solteira das mãos de sr. Ju ao ver Savana

— Não quero ir... — falei irritado

— Deixa de agir feito uma  criança, vamos para minha casa — resmungou sr. Ju de modo paciente.

— Eu quero ir para minha, não quero a sua com aquele merda do Rick — falei irritado

— Então vamos para minha — sugeriu Savana

— Parece que não sou bem vindo — falei — Não vou em nenhum lugar, muito menos para a casa do dono de um clube idiota — dei uma pausa — Sabe por que voltei Ju?

Sr. Ju me olhou estranhamente.

— Porque eu sei quem matou meu pai, e você e a merda do seu clube que se foda...

— Garoto... — repreendeu Sr.Ju

— Você acha mesmo que eu nunca iria saber? — dei um riso debochado — Os "amigos"

— Do que ele esta falando? — perguntou Savana

— Outra hora falamos sobre... Agora não Savana e Dan.

— Ah voce não contou? — falei rindo e tropeçando.

Então a porta do carro parado mais adiante se abriu e Rick desceu.

— Vai, entra na porra do carro! — ordenou Rick aos gritos

— Vai se foder!  — falei balançando a garrafa em sua direção.

— Se você não entrar naquela merda, eu te sento na porrada filho da puta mimado — Rick disse bravo com as mãos para trás de queixo em pé querendo me intimidar.

Joguei a garrafa no chão e gritei:

— Então vem!

Ele apenas encostou em mim e eu apaguei. Um único, certeiro e bem dado murro.

Escutei uma voz doce distante. Abro os olhos, eu conheço esse local, era meu antigo quarto.
Quando meu pai morreu morei seis meses com sr Ju, e esse era o antigo quarto, mesmo antes do meu pai morrer eu já dormia nele. Uma fresta de luz entrava pela porta, mas ainda no teto estrelas de plástico que brilhavam no escuro ainda brilhavam fraco, mas brilhavam.
Lembro que eu e Rick que colamos, eu tinha medo de dormir aqui por conta do escuro quando eu era criança e ele teve essa brilhante ideia, Rick e suas idéias... Me levanto devagar, uma dor explodia na minha cabeça e na minha nuca, passei o dedo de modo sutil na minha nuca e entre os fios de cabelos senti nas pontas dos dedos uma crosta de sangue, certamente machuquei, mas não me lembro como. Merda não devia ter bebeido, não estava sangrando mais.

Ainda ha vozes do outro lado da porta. Me levanto e noto que estou com roupas que não são minhas, percebo estar sem cueca por baixo da calça de moletom, me deram um banho, já é outro dia, posso ouvir os pássaros e os carros lá fora.
Caminho para fora do quarto, identifico a voz daquela mocinha que conheci ontem Daí.
Ela esta falando de modo doce, vou até a cozinha, casa continua a mesma só que reformada, paredes pintadas de outra cor, ha gessos nos rodapés.
Daiana está segurando a filha de Rick no colo, Rick está sentado na mesa, ao notar minha presença ele se levanta largando o jornal. Ele iria sair.

— Rick — eu chamo — espera!

Ele paralisa, e se vira antes de sair da casa, Daiana me encara como se dissesse "você esta sendo corajoso" fico envergonhado com ambos olhares frios.

— Precisamos conversar...

Ele ficou quieto, é como se esperasse eu falar, ele me olha com os olhos amarrados, com uma cara feia apertando suas sobrancelhas castanhas claras, como se tivesse querendo me esmurrar.
Se virou e saiu, como uma bala escapando do gatilho, corro atrás dele, saio da casa ele continua andando em direção ao seu carro no meio fio, o alcanço e o puxo.

— Caralho — falo — você só abre a boca para dizer coisas quando esta bêbado?

Ele ficou quieto mais uma vez me encarando.

— Por que você não fala?

— O que quer que eu fale? Do seu vexame de ontem, das merdas que você está causando?

Não sabia por onde começar, mas talvez por um pedido de desculpa.

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