Paixão de Macho - Piloto

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Eu estava do lado de dentro, na sala de reunião, palitava os dentes após o almoço observando através da persiana suja e branca da janela as motos estacionadas em fileira, lado a lado no acostamento, em um calor escaldante do lado externo.

A porta se abriu numa pancada forte, como se a mesma tivesse sido arrombada, a entrada triunfal e bruta do Rick fez a porta bater contra a parde e retornar a fechar com o impacto. Dessa vez ele estava fulo da vida (como sempre só que parecia realmente furioso), podia ver fogo sendo soprado de suas ventas, se estivesse armado me apontaria a arma, mas ele simplesmente da maneira mais grosseira avançou em cima de mim me segurando pelo colarinho.

o cheiro de álcool emergiu juntamente com cheiro de tabaco, ele estava bêbado.

- Qual é a porra do seu problema? Seu moleque, eu falei que não te queria aqui!

- Não sabia que você era o presidente.

- Posso não ser ainda mas sabe que eu mando tanto quanto meu pai. Tira essa merda desse colete.

- Ã-ãn - neguei balançando a cabeça

- Você vai tirar sim - ele me empurrou para o lado, tentou puxar o colete mas me desvencilhei dele o empurrando.

Ele avançou em cima de mim novamente me colocando contra a grande mesa de reunião e eu comecei a rir.

Bom, sempre temos alguem do qual implicamos, esse alguem para mim é o Rick, não sei antes eu não implicava com ele, mas desde que retornei ele tem me provocado e eu o provocado o dobro, assim gratuitamente, sem motivo algum aparentemente.

- Eu devia te matar Dan! - gritou ele dando um murro na mesa e me lançando para o lado - Qual o seu problema? Por que você voltou?!

Ele falava apontando o dedo na minha cara enquanto eu me romcompunha.

- Eu quem não estou entendendo, eramos grandes amigos e agora olha só você? Me trata feito um estranho desconhecido.

- E não é o que você é?! Filho da puta traíra.

- Eu? Cara eu sou o Dan, o menino que cresceu contigo.

- E foi embora sem ao menos lembrar disso - ele apontou novamente o dedo na minha fuça e dei um tapa em sua mão - Você é um cuzão. Eu não entendo, sumiu por 15 anos e agora acha que pode chegar e tocar esse barco.

- Não Rick não é isso o que quero, não quero nada ou algo assim eu só...

O pai dele quem havia me obrigado a usar o colete, voltar a fazer parte do clube.

- Só o que? Voltou do mundo dos mortos por voltar? Você é uma piada Daniel...

- Cara eu só quero concertar aquela burrada!

- Burrada? Você era realmente como um irmão para mim, tínhamos promessas, dividas...

- Eu sei, eu sei porra, e é isso o que eu queria arrumar!

- Vai se foder Dan, tem coisas que não é possível arrumar e o passado é uma delas.

- Rick não to aqui para brigar.

- Devolve a merda do colete e vai embora da porra do meu moto clube, você não merece estar aqui! Não devia.

- Você é a porra de um insuportável sabia? Você é irritante, marrento, egoísta, um cuzão!

- Eu sou egoísta? Você pensou em mim quando sumiu?

- Todos os dias Rick - falei tentando me aproximar e tocar seu ombro mas ele se afastou rindo debochado.

- Vai se foder! - ele negou com a cabeça inconformado. - Preferia pensar que você estava morto.

- Eu estava com problemas...

- E é assim que resolve problemas?

- Cara eu era um moleque eu nem sabia o que estava fazendo.

- Pois bem, tenho uma noticias para você... Você continua sendo um moleque!

- Eu não sei como a Ma te suportou todo esse tempo!

Nesse instante Rick avançou, agora eu peguei pesado, falar de alguem tão querido seria pegar pesado, e eu sabia que havia pegado pesado más apenas escapou, ele acertou um murro em cheio no meu maxilar e deu um grito, grosso e forte como sua voz e se afastou.
Senti seus anéis bater na minha face e queimar insuportavelmente.
Ele podia me socar, más ele estava se controlando para não me bater mais, socou a mesa em seguida feito um gorila socando o chão, enquanto eu massageava meu maxilar agora dolorido e voltava a postura anterior.

Ele me olhou com o rosto vermelho, como se todo o seu ódio quisesse fazer uma explosão. Ele tinha razão talvez, más ele não entendia o meu lado e nem eu o dele.

- Você nunca... - ele embargou a voz e seus olhos começaram a encher-se - Nunca será um de nós. Seu pai nunca faria o que vice fez.

Dessa vez, quem falou o que não devia foi ele, mas eu não fiquei puto, apenas me senti indefeso, pequeno, velho, murcho.
Fiquei em silêncio não consegui retrucar.

- Eu te esperei, todos os dias durante cinco anos ate me dar conta que nos outros dez você jamais voltaria, te esperei Daniel, eu pensava em você a todo instante...

- Que isso irmão eu também.

- Você uma porra Daniel, você não esta entendendo.

- O que não to entendendo pô?!

- Você já algumas vez se apaixonou por alguem que não podia ter?

- Qual foi irmão que papo é esse?

- Não se faz de sonso sabe o que quero dizer... Por que você sabe que foi isso o que aconteceu comigo. - ele se virou e saiu da sala rapidamente.

E eu fiquei parado, atônito, sim eu havia entendido, mas quando foi que meu melhor amigo havia se apaixonado por mim? Afinal ele tinha ate uma filha. Talvez ele estivesse confuso, somos homens, amor de irmão...
Ou não.

- Espera ai! - gritei - Rick! O que você tá querendo dizer, Rick!

Saio da sala mais rápido e o alcanço no corredor, o puxo pelo braço e ele para me olhando. Pensei que eu fosse ser socado novamente, más ao contrario, o filho da puta me empurrou na parede e me beijou.
Apenas enxotou seus lábios nos meus.

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