Eu não sentia que iria chorar. Mas estava ficando aflito como se esse assunto me desse medo e repulsa.
Rick ficou me olhando seriamente apreensivo enquanto fiz uma longa pausa.— Você entende? — ele fez que sim com a cabeça — Eu voltei pois eu sentia que deveria saber o por quê... O porquê de meu pai ter sido morto e merda...
Meus olhos marejaram mas eu tentava conter meu choro.
Então eu pensei na coisa mais sentimental que eu diria em seguida, uma da qual eu não queria dizer mas acho que o momento era esse:— Vo-você dizer para mim que passou por... Por varias merdas sozinho e que eu, eu quem as causei, não chega nem perto do quão eu tentei voltar... Por que eu senti falta de tudo mas eu odiava tudo, eu odiava essa cidade, o clube que meu pai morreu tentando proteger.
As lagrimas começaram a embargar a fala, começaram a brotar e Rick estava com os olhos grilados e brilhoso me olhando.
Ele estava sofrendo junto.
E eu estava me sentindo péssimo em botar tudo aquilo para fora.— Mas eu não conseguia voltar eu não
... — engulo o choro, preciso me recompor, ele segura meu rosto limpando o mesmo — Fiquei perdido, eu não sabia onde recomeçar pois eu odiava esse lugar e odiava o lugar que eu estava e... Merda, porra como isso dói.Agora eu senti uma onda de sentimentos me invadir e um frio na espinha.
— Ele fazia toda vez Rick, ele tentava, aquele filho da puta ele fazia aquilo repetidamente e eu não queria merda eu não...
Fui tomado em desespero Rick pedia para eu me acalmar mas eu não conseguia parar de repetir as ultimas fala. Eu não conseguia me acalmar.
— Dan, Daniel olha para mim!
Perdi o controle fui tomado pelo desespero.
Rick tentou me segurar para que eu o olhasse.— Não rick, não você não entende ele, ele fez, ele... — segurei no meu próprio braço de modo com que eu fosse me arranhar ou me atacar — Ele... Merda ele.. Ele fazia aquilo Ricardo, ele
Rick segurou firme minha cabeça. Ele tentava falar mas eu estava desesperado agitado.
Ele me apertou fazendo o olhar.
Meus olhos encontraram os seus belos cinzentos e húmidos, ele me olhou e eu olhei para ele. Naquele exato instante eu fui desligado, como se minhas emoções tivessem se anulando.— Daniel, Daniel! Ei, ei Dan ta tudo bem agora já passou. — ele limpava minhas lagrimas que não brotaram mais desde que me senti desligado.
Entro em transe por sergundos. Não consigo nem entender o que ele está dizendo é como se eu estivesse rasgando minha pele, rasgando uma ferida que não se cicatriza.
Um estado de choque pelas lembranças, estou em choque em me dar conta de que eu deixei escapar todas a oportunidades de denunciar, de parar de me culpar, de tentar não ver aqueles atos como algo normal do passado.
Ele dizia estar tudo bem mas o que estava bem?
Ele me beijou senti seu lábio tocar o meu que estava molhado de lagrimas, um selinho e um abraço forte. Ele ma fitou por mais alguns segundos sua voz estava num tom preocupante, senti palmadinhas no rosto e eu finalmente consegui escutar sua voz.— Está tudo bem... Ei?
Eu comecei a chorar, dessa vez de um modo que eu soluçava e eu não sabia o por que de eu estar chorando, mas eu chorava e sentia tudo doer, eu sentia o peito rasgar, eu sentia falta e saldade, eu sentia um buraco negro de receios e medos, e eu não sabia por qual o motivo exato do choro.
Sera por que eu não chorava a longos anos? Sim, desde que me vi adulto eu nunca mais chorei, eu aprendi que se eu chorasse era pior, Ele via prazer no choro, o monstro que me amarrava via prazer quando eu chorava e eu não chorava mais, eu nunca mais chorei, eu não sabia que eu tinha tantos sentimentos aqui dentro e que eles sairiam.Rick se afastou. Éramos duas silhuetas sentadas em uma enorme cama próximos. Ele secou meu rosto enquanto eu tentava parar. Mas ele estava vermelho como se estivesse tentando ser forte, a linha d'agua de seus olhos estavam avermelhadas como se tivesse criando uma barreira de lagrimas, mas foi só ele me olhar naquele estado e piscar os olhos que escapou. Ele limpou rapidamente.
— Ta tudo bem. — ele disse
Eu não sabia se ele estava dizendo para mim ou para ele mesmo. Me abraçou de volta.
E minha cabeça parecia explodir de tanto chorar mas os soluços foram ficando menos intensos, e eu comecei a me sentir mole, como um urso de tecido sendo abraçado pelo seu dono, ele impulsionou nossos corpos e nos deitamos, Rick nos cobriu me apertando nos seus braços e me enchendo de carinho. Eu não sabia se eu gostava daquilo ao mesmo tempo que eu não queria, eu queria que ele ficasse daquele modo: junto de mim, do meu corpo, da minha dor, e do sentimento confuso.Será que ele se sentia culpado agora, eu não queria que ele se sentisse culpado, ele não tinha culpa e eu sabia como era se sentir culpado, as vezes eu sentia isso o tempo todo: culpa.
Por alguma razão isso ficou penumbrando minha mente.— Não é culpa sua...
— Oh merda, eu devia ter te procurado direito Dan eu devia ter me esforçado e te achado.
— Você nunca iria saber Rick, não quero que se culpe irmão — falei me afastando de seu pescoço e olhando ele nos olhos para que ele entendesse que eu falava sério.
Ele fez que sim com a cabeça. E me puxou para o seu cangote novamente.
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Amores & Motores
عاطفيةDepois de anos Daniel retorna para a velha cidade em que cresceu e reencontra seu velho amigo no antigo moto clube totalmente diferente do que era no passado há quinze anos atrás. Daniel e Ricardo começam uma disputa de implicância, ambos cresceram...