Gay?

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Eu entendia que embora ela tivesse a convivencia com pessoas de mente aberta, e que ela possivelmente era um alguém com a "mente aberta" aquilo iria abalar ela.
Pensa: viver a vida toda vendo o filho ser uma coisa que ele não é...
Ela poderia se chocar de duas formas, pela sexualidade, ou por achar que o filho estava em sofrimento fingindo ser quem não era.

Ela tocou a clavícula, suas unhas etaram bem pintadas de creme com pontas brancas e pedrinha brilhosa em uma delas. Em seguida acaricia o pescoço e colocou o copo ao canto, senti minhas pernas tremeram. Acho que eu precisava sentar também... Me sento ao lado de Rick.

— Você tem uma filha Ricardo... — ela falou com a voz falha — E vocês dois... Estão.... Não, não.

—  Mãe, fica calma, eu... É uma novidade para o Dan também...

— O Daniel? O Daniel ele... Ele pode ser o que quiser eu jamais teria problemas com ele... Você é homem Rick —  ela disse sem pensar.

Aí esta uma questão forte: as vezes as pessoas não sabem lidar com situações e acabam por ser preconceituosas. Isso não significa que são de fato, isso significa que talvez elas devessem conviver mais no meio que tanto as incomoda. É algo tão enraizado que ela nem percebeu o que disse.
Rick fechou as mãos como se fosse surtar e eu segurei em seu braço, se ele gritasse com ela, ela gritaria com ele, ambos fariam comentários infelizes, ela seria a bruxa e Ricardo a vitima mal compreendido.

— Mãe eu gostar de homens não me torna menos homem. Ainda sou homem — ele falou calmo

—  Não, não, não, você só está confuso.

Se Ricardo morasse só ele jamais teria essa conversa com sua mãe, e ela poderia ate ficar com raiva se descobrisse mas não se sentiria enganada, era isso o que ele a sentia: enganada.

— Filho — ela disse de modo doce como se fosse fazer um apelo emocional e de fato iria fazer: —  Filho, eu criei você, você sempre foi robusto, filho você ta só enganado, ta tudo bem, sua filha lembra?

Os olhos dela começou a marejar

— Mãe para com isso, eu não tô enganado merda — ele disse — qual o problema?

— Ninguém vai te respeitar mais. Você não é isso. E seu pai... Seu pai, meu deus se ele souber.

—  Ah pelo amor de deus, Savana é lesbica e é respeitada.

—  Savana é mulher, ninguém liga quando elas são...

— Você está se ouvindo mãe? — ele interrompeu ela um pouco irritado.

— Ricardo calma, ela só ta chateada — falei baixinho.

— Não — ele falou se levantando — Não dá o direito dela se meter na minha vida, minhas escolhas.

— Ricardo! — o repreendi

Ele estava errado, por incrível que pareça ele estava, ele vivia no mesmo teto que ela, ele poderia ter dito mas ela nos pegou no flagra, estavamos errados. Logico que isso não dava o direito dela lhe faltar com respeito, mas ela estava perdida e confusa, não é que ela não aceitava, ela estava com medo, do mundo e dos outros.
Puxei sua mão e ele voltou a sentar.
Ele estava nervoso era nitido, estava ficando avermelhado de estresse.

— Não faz sentido, você tem uma filha, e o que vai ser dela?! — indagou aos engasgos

— Vai continuar sendo minha!

— Ricardo aquela maldita ta louca para tirar a criança de você.

— Mãe isso não tem nada a ver! Ela pode me processar mas o que eu faço na cama com...

— Você e Daniel... Não... Vocês dois não... — ela interrompeu, estava quase chorando.

Eu podia sentir o seu desespero, mas eu não entendia o por quê. Aquilo era realmemte necessario? Era tão ruim ser gay? Ou bissexual.
Acho que era melhor eu mem falar de bissexualidade, numa altura como essa a mente de Tatá explodiria, e ela ficaria louca, talvez até ficasse irritada de verdade. De fato eu nem sabia se devia falar. Estava me sentindo culpado se eu não tivesse aceito a ideia de ficar ali, recusado com mais fimeza, talvez nada disso estivesse acontecendo.
Que merda eu estava na cabeça? De uma vingança para um drama familiar de algo que eu nem sei se me importava, a troco de quê? Para quê?
Ela pegou o copo de agua, dessa vez bebeu tudo até a ultima gota, colocou o copo de volta a mesinha ao lado da poltrona, reteve as lágrimas, nos encarou com os olhos murchos e silenciosamente, negou com a cabeça.

—  Mãe eu sou...

— Não, você não é isso, você está enganado Ricardo você não é gay.

Ela pronunciou a palavra gay depois de tdmpos de reluta e nesse mesmo instante sr. Ju abriu a porta, no exato momento em que ela dissera a palavra gay e ele rebateu:

— Gay? —  deu uma longa pausa.

Merda.

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