Me sentindo tão pequena, fico olhando para a parede na esperança de que você pense em mim também. — Roxette (Spending My Time).
— Ei, garota, você não pode dormir o dia todo! — Bianca dizia inconformada enquanto tentava me tirar da cama. Na realidade, ela gritava. — É domingo, Antônia Campos! — insistia, embora eu tentasse tampar os ouvidos com os travesseiros. — Vamos sair, nos divertir e gritar para todo mundo ir se danar! Alegria! Hoje não tem aula! — persistiu com sua típica animação matutina, a qual me irritava.
Justamente por ser final de semana e não ter aula é que eu queria dormir o dia inteiro. Pelo menos ali, nos meus sonhos bobos e fantasiosos, eu estaria nos braços de Bruno Andrade, o garoto mais gato e perfeito que eu já conheci na vida.
Eu sei. Conheço aquela história de que devemos deixar os hormônios da juventude em segundo plano e nos recolher em planos maduros e sensatos para o futuro.
Mas, ora, se fosse errado, que eu não tivesse me apaixonado então. É um sentimento tão único e puro que, com toda a certeza, não há nada mais bonito e sensato que isso.
Eu sabia com quem estava lidando, pois o conhecia mais do que ninguém. No entanto, talvez ele ainda não tivesse percebido que eu era a mulher certa. A garota de sua vida. Mas eu confiava que isso fosse apenas um detalhe que até mesmo a ciência já comprovou: garotos amadurecem um pouco mais tarde que as mulheres, e são um tanto mais lerdos, também, em relação ao amor.
Eu já sabia praticamente tudo sobre ele, para que quando ocorresse o ápice de nossa história romântica, não houvesse risco de vê-lo escapulir de minhas mãos por uma bobagem ou negligência.
Era uma questão de tempo. Apenas tempo, paciência e perseverança de que o destino cuidaria do nosso final feliz.
Minha vida era baseada em uma pesquisa diária que envolvia conseguir o máximo possível de informações sobre Bruno. Chega a ser engraçado como uma pessoa consegue te inspirar a respirar dia após dia, a enfrentar dragões diários e sobreviver só para ter a chance de vê-la mais uma vez.
Desejá-lo era como querer algo impossível. Como uma letra de canção perfeita que você não consegue colocar no papel. Você escuta a melodia, os acordes, e isso faz com que você persista em descobri-la. Você tagarela entredentes e fecha os olhos, com força, ansiando que as palavras surjam magicamente na sua cabeça. Bate os dedos na mesa e se concentra no tilintar musical, mas, ainda assim, a letra está distante.
A pesquisa podia soar ridícula, meio psicopata até, mas não me leve a mal. Eu só tinha certeza de que tudo isso não era à toa. Muito pelo contrário, era um investimento para uma relação madura e impecável. Aquela relação que todos observam e percebem que um foi feito para o outro.
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Segunda Chance
RomanceAntônia nutre por Bruno, desde que se conhece por gente, uma estranha paixão. Só que ele nunca a percebeu e conta também com um péssimo histórico, conhecido apenas como um destruidor de corações. Bruno e Eduardo eram melhores amigos, no entanto, se...