10 ▹ VÍCIOS QUE RESTARAM

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E eu quase me esqueci do meu coração partido, e isso me levou a milhas de distância da memória que levou ele a se despedaçar. Aqui vamos nós de novo. — Chris Cornell (Nearly Forgot My Broken Heart).

     Após escovar os dentes, depois de um dia puxado, deixei que o barulho da escova de dente vibrasse ao colocá-la em seu pote de vidro e limpei o rosto, despejando bastante água

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     Após escovar os dentes, depois de um dia puxado, deixei que o barulho da escova de dente vibrasse ao colocá-la em seu pote de vidro e limpei o rosto, despejando bastante água. Olhei para frente, para o espelho da pia, e o meu reflexo abatido e exausto me fez relembrar uma parte do meu passado ali, naquela cidade, em um dia de natal que parecia ser feliz.

      — Amor, veja! — Margareth gritou ao pegar um dos embrulhos de presente embaixo da árvore. Sorri abobado ao vê-la, e imaginei o quanto sortudo eu era por tê-la.  Ei, senhor viajante, venha cá!  ela me caçoou, aparentemente feliz.

     Dei passos até minha namorada, e quando já estava ao seu lado, fitei o embrulho que havia em sua mão. Era uma caixa verde com um laço bem feito amarelo.

     — É seu. Eu espero que você goste.

      Qualquer coisa que vier de você eu irei gostar, Maggie  confessei-lhe o óbvio, e embora parecesse exagero, era a verdade. Ela poderia me dar uma meia que eu acharia o melhor presente do mundo.

     Abri a caixa, retirando dali uma camisa xadrez, que era exatamente do meu tamanho. Ela ter notado tal detalhe só fez com que meu coração se aquecesse, pois, apesar de pequeno, significava muito para mim. Também havia algo a lhe dar, mas esperaria estarmos sozinhos para isso.

     Após cearmos com minha família, passei o braço pela cintura de Maggie, deixando-a colada a mim. Minha avó, que ainda estava viva na época, se aproximou e a mediu de cima a baixo.

     Cuide bem do meu neto, não sabe o menino de ouro que tem nas mãos  Dona Ofélia avisou enfática, como se desconfiasse de minha namorada. E, naquele instante, sua atitude me incomodou, pois jamais havia cogitado que as coisas poderiam mudar ou que Maggie poderia me machucar.

    Logo após esse episódio, Margareth pediu que eu a levasse para sua casa. Estranhei, pois tínhamos combinado que ela dormiria comigo aquela noite. Assim que o motorista do meu pai nos deixou em frente ao local em que ela morava, saímos do carro. Surpreendi-me ao avistar Bruno na calçada, como se estivesse nos esperando. Seus olhos não desviaram de mim, e havia um sorriso travesso em seus lábios.

    — O que ele faz aqui?  indaguei num tom rude, arrependendo-me em seguida. Não tratamos mal quem nos faz viver.

       Eu tenho que te contar uma coisa  Maggie disse em um sussurro.

      — Eu aceitei vir porque estaria sozinho com você e assim daria o seu presente.

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