13 ▹ FESTA NA SEXTA

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 Falando com a minha mãe, ela disse: onde você encontrou esse cara? Eu disse: às vezes, jovens se apaixonam pelas pessoas erradas. — Ashe (Moral Of The Story). 

       Estávamos no final do semestre, e eu já me sentia em expectativa, ansiando as férias de julho, como um astronauta anseia pisar na lua ou encontrar alienígenas

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       Estávamos no final do semestre, e eu já me sentia em expectativa, ansiando as férias de julho, como um astronauta anseia pisar na lua ou encontrar alienígenas. Talvez a sensação fosse até parecida, tirando a parte dos alienígenas, pois em filmes de invasão extraterrestre eu sempre me estremecia com medo dos caras de verde.

       Eu estava na aula do professor Givaldo, um senhor atencioso e de aparência dócil e gentil, que havia tirado um cochilo na mesa por metade da aula. Infelizmente, essa matéria Bianca não pegava, de maneira que eu era apenas um peixinho solitário em meio a tubarões. Um deles, inclusive, era Bruno Andrade.

        Sentada em frente ao quadro, com meu livro aberto, eu mal observava o que acontecia atrás de mim, mas eu conseguia ouvir as risadas mais ao fundo de Bruno e alguns de seus colegas. Ele parecia incrivelmente se dar bem com todos, o que eu não era muito boa.

      Após o alarme do sr. Givaldo tocar em bips irritantes, ele esfregou os olhos e se levantou.

      — Hoje teremos a última dinâmica, que é a chance de muitos de vocês não pegarem a final — o professor anunciou. De repente o barulho se mitigou, pois aquela nota poderia ser a salvação de muitos. Eu, porém, já estava passada na matéria. — Será em dupla, e já vou avisando que desta vez eu irei escolher!

      A turma bufou, mas o professor apenas riu e continuou a citar suas escolhas. O tempo passou e parecia que ele nunca iria falar o meu nome, até que, no instante seguinte, meu corpo travou e a cor do meu rosto sumiu ao escutá-lo.

      — Por fim... Antônia e Bruno — Givaldo finalizou, desligando o projetor.

       Ameacei virar o rosto para visualizar minha dupla, mas eu estava tão nervosa que, no fim, tudo o que fiz foi sair da sala e ir correndo até Bianca, para lhe contar sobre isso.

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       Bianca insistiu que eu fosse até Bruno. Desde o anúncio do professor, já haviam se passado três dias. Para ser específica, estávamos a exatamente cinco metros de distância de Bruno, na cantina da tia Jô. Como habitual, ele estava rodeado de garotas de minissaia e pernas torneadas, além de amigos descolados. Um cigarro se mantinha entre seus dedos, e embora todos rissem, sua mente parecia não estar naquele lugar. 

     — Vai logo, Antônia Campos, antes que eu te arraste pelo cabelo — Bianca me ameaçou impaciente, empurrando-me para frente.

      Meus pés se moveram, um tanto desorientados, por pelo menos metade do caminho. Respirei fundo e pensei em fugir, no entanto, sabia que Bia poderia cumprir a atitude de homem da caverna comigo. E ela estava certa em achar que era injusto eu fazer um trabalho difícil e pesado sozinha. Felizmente, minha demora teve seu lado positivo, pois havia dado o horário de todos retornaram à aula, e então ele estava, pela primeira vez, sozinho.

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