O mundo não vai cair se você não estiver aguentando, apenas espere um minuto e se acalme. — Maisie Peters (Take Care Of Yourself).
— O que... — Eu ainda estava surpresa em vê-lo. Tão diferente. Tão adulto. — o que faz aqui...
Seus olhos eram os mesmos. Seus músculos haviam aumentado, sua voz estava mais firme, menos infantil e mais grave, a barba havia surgido no seu rosto, mas o brilho e o espectro de cores em seus olhos não sofreram nenhuma mudança com os anos. Eram os mesmos do dia do estacionamento.
E eu podia sentir minhas mãos suarem, mesmo imersas na água.
— Você não mudou quase nada, Bibi — escutar meu apelido de infância em seus lábios realmente me deixou completamente constrangida. Ele havia feito isso de propósito. — Reconheceria seus lábios de longe, afinal, foram os primeiros que toquei — revelou com uma facilidade que me assombrou. Não sabia de que forma codificar sua intenção ao me dizer isso, porque trazer tudo isso à tona, tão de repente, não era justo comigo. — Apesar de você ter me deixado. — Eu ia me explicar, eu ia respondê-lo, mas fui interrompida e ele persistiu: — Não precisa se preocupar. Infelizmente, todo mundo soube da razão de você e sua mãe ter ido embora.
Envergonhada e confusa, disfarcei meu olhar no vazio por de trás dele e me perdi na movimentação das pessoas na água. Nada havia sido fácil. Eu era apenas mais uma sobrevivente.
— Sinto muito — ele disse, por fim, com piedade e um pouco de raiva impregnadas em suas palavras.
Raiva essa que era justificável.
Por causa do que aconteceu, nós desatamos todos os laços que nos ligava e nos separamos em caminhos contrários. Eu tive que ir embora e deixá-lo para trás. Tive que amadurecer um pouco mais cedo que o normal e me comportar para não entristecer mais minha mãe. Tive que aprender a cuidar dos outros e perceber que adultos não são mais fortes que nós quando crianças.
Mas, agora, ele estava ali. Bem na minha frente. E quase podia imaginar como teria sido a minha vida se nada tivesse mudado. Será que teríamos namorado? Será que eu ainda seria tão inocente quanto antes? Será que teríamos planejado irmos para a mesma faculdade? Será que ainda estaríamos sempre juntos?
Em minha cabeça apenas reverberava uma onda incessante de serás que jamais teriam respostas.
Eu nunca poderia saber.
— Eu também — correspondi-o finalmente, fragilizada pelas memórias vividas e também pelas memórias hipotéticas de como seria se nada tivesse mudado —, eu também sinto muito.
— Mas me conte, como você está? Arrumou um novo amor? Está morando com sua mãe? Já tem filhos? Me desculpe o questionário, mas, minha nossa! — Ele balançou a cabeça e exprimiu uma risada genuína. Em seguida, ergueu a mão e a deslizou nos próprios cabelos, em consequência, uns pingos de água se sobressaltaram. Apenas admirei seus novos trejeitos, encantada. — Faz anos que não nos vemos! Na realidade, oito anos, sete semanas e...
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Segunda Chance
RomanceAntônia nutre por Bruno, desde que se conhece por gente, uma estranha paixão. Só que ele nunca a percebeu e conta também com um péssimo histórico, conhecido apenas como um destruidor de corações. Bruno e Eduardo eram melhores amigos, no entanto, se...