14 ▹ DESILUSÃO

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Na primeira página da nossa história, o futuro parecia tão brilhante. Então essa coisa se tornou tão mal, e eu não sei por que eu ainda estou surpresa, pois até os anjos têm seus planos perversos. — Rihanna (Love The Way You Lie).

       De repente, desejei ser aquela mulher para vê-lo tão dependente de mim

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       De repente, desejei ser aquela mulher para vê-lo tão dependente de mim. Embora eu não fosse, naquele momento, eu podia ser, já que ele estava alucinado demais para notar a realidade.

       A culpa era dela e ela era uma burra. Ter não só Bruno totalmente aos seus pés, mas também Eduardo, pois era claro que aquela mulher estava envolvida na rivalidade dos dois.

         Eu poderia me arrepender por toda a eternidade daquele passo que daria, mas eu sabia que, de qualquer maneira, quando eu estivesse sóbria, culparia a bebida pelos meus atos.

        Em um sobressalto, tomada por uma coragem pouco comum a mim, minha boca se chocou contra a de Bruno, ávida, e implorei que me retribuísse, o que, depois de uns segundos, ele o fez. Era algo urgente, como se eu tivesse pressa de descobrir respostas, como se tal beijo selasse o fim ou o começo de um amor doentio. Sua língua era veloz, e a forma com que Bruno me apertava me fazia notar o quão envolvido ele parecia estar. Era como se me tornasse o seu antigo caso.

        Mas eu não senti algo puro, delicado ou bonito, eu me senti suja e sórdida. E isso não fazia o menor sentido. Era só uma droga de sensação impregnada em minha pele.

        Havia algo de muito errado ali.

        Susto foi o que tive.

        Beijava-o agora com mais intensidade, não por necessidade, mas a fim de encontrar a essência que nossos beijos tinham em meus sonhos. Porém, mesmo insistindo, não a achei. Era como se eu procurasse tudo o que idealizei nele e a realidade fosse mais decepcionante.

        Desespero juntou-se ao susto.

       Por um instante, supliquei em minha mente que a bebida melhorasse o fato de algo desejado não existir, como se fosse sua obrigação inventar ao menos uma ilusão.

       Mas não existia ilusão alguma. Não mais. E a bebida não poderia fazer milagres.

       Não existia outra coisa a não ser troca de saliva, a não ser duas pessoas antagonistas se agarrando numa gentil fantasia, além da frustração de aquilo aparentar ser um beijo comum.

        A multidão parecia intacta a nossa volta, assim como a música, pois os notei ao abrir os olhos e visualizar o sorriso com covinhas de Bruno. Ouvi um barulho de câmera, mas talvez fosse coisa da minha cabeça. Havia lágrimas pontiagudas roçando minha bochecha, e sabia o motivo delas: eu estava de luto por um amor irreal e de faz-de-conta. Bruno tentou me beijar outra vez, porém desviei o rosto e o neguei.

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