31 ▹ CULPA

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A felicidade é uma borboleta, tento pegá-la todas as noites, mas ela escapa das minhas mãos para o luar. — Lana Del Rey (Happiness Is A Butterfly).

       — Quer me dizer o que está acontecendo, Tônia? — pediu

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       — Quer me dizer o que está acontecendo, Tônia? — pediu. Apesar do esforço em se manter calmo, Edu se desesperava. — Você pode compartilhar comigo, apesar de eu estar longe e não poder te ajudar como deveria. Não posso te abraçar e te proteger em meus braços, mas consigo te apoiar e ouvir o que está te incomodando. — Havia tanto amor e carinho em sua fala que, ao invés de me acalentar, apenas exacerbava a culpa que, aos poucos, me consumia, tão ligeiramente que era impossível controlá-la.

      Notando que não demoraria muito para que minha fachada impassível desmoronasse, pela dor ser tão real e presente, peguei o travesseiro e escondi meu rosto, impedindo-o de contemplar minha total falta de postura.

     — Não podemos mais ficar juntos, Eduardo. — Solucei, não contendo mais o choro. — Talvez você devesse encontrar alguém — dei uma pausa, engolindo um soluço agudo — que te mereça. Alguém que não tenha cometido tantos erros e pecados como eu. Alguém que jamais brincou com você, que traiu você e que não te manipulou. Alguém que jamais ousaria te machucar. Alguém que enxergue o quanto especial e valioso você é.

     Talvez as minhas palavras fossem duras, mas corroíam muito mais em mim. Render-me ao fato de não poder ser esse alguém apenas intensificava a ferida ainda exposta de um passado que não é possível apagar. Um fardo que apenas eu deveria carregar.

      — O que você tá falando, Antônia? — gritou, alvoroçado. — A gente já resolveu a questão do e-mail que mandaram, não vejo razão... — O interrompi.

      — Não! — gritei de volta, tão amedrontada quanto ele. — Descobrir a verdade dói sim, mas saber que você está sujeito ao que ela causa, onde ela atinge, é a pior das dores que posso suportar. E eu não quero carregá-la! Não quero! Nós estamos nesse ciclo infinito e doentio... Você não enxerga... Não vê? — abaixei a voz.

     — Que verdade, Antônia? Não esconda de mim, por favor! — Eduardo levantou-se da cadeira tão abruptamente que ela caiu com tudo no chão, causando um estrondo, mas para meus ouvidos foi apenas um eco distante. — Me diz, meu amor, por favor! — Seus olhos estavam cheios de água, como se ele perdesse o rumo. — Se for a distância temporária, não tem problema, eu vou para aí e dane-se a faculdade aqui... Eu dou meu jeito, eu... eu só quero estar ao seu lado.

      Eu queria tanto que as coisas fossem fáceis. Jurava que, apesar de algumas atitudes egoístas, como o fato de ter começado mal nosso relacionamento, ou ficar enciumada por causa da Lauren, nunca desejei regar nosso namoro com coisas ruins. Por menor que fosse, sempre tentei deixar minhas inseguranças longe de nós.

       Mas não dava para fugir ou esconder a sentença final. Por isso, fechei meus olhos, saboreando momentos bons nossos, tornando-os infinitos em minha mente, os quais, talvez, preencheriam meu futuro com alguma sensação de paz e amor.

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