9 ▹ UM PEDIDO DE DESCULPAS

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Se você me quiser de volta, terá que quebrar suas paredes (...) Se está pronta para se desfazer de todo o seu orgulho, eu estou aqui, completamente vulnerável. — James Arthur (Naked).

      Os dias na faculdade eram longos e monótonos, e embora me incomodasse um pouco os olhares que me davam e as tentativas frustradas de algumas pessoas de se aproximarem de mim, eu me esforçava parar manter o mínimo possível de convívio com aqu...

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      Os dias na faculdade eram longos e monótonos, e embora me incomodasse um pouco os olhares que me davam e as tentativas frustradas de algumas pessoas de se aproximarem de mim, eu me esforçava parar manter o mínimo possível de convívio com aquele lugar.

      Essa cidade, para mim, era amaldiçoada, e eu já havia sofrido o suficiente ali. 

       No entanto, mesmo que minhas barreiras fossem suficientes para afastar a maioria, havia a tal garota da blusa manchada. Ou melhor, a Antônia. Seria fácil ignorá-la se ela não fosse estranhamente parecida com Maggie na aparência e, em contrapartida, na personalidade, completamente oposta. Não que eu a conhecesse o suficiente, mas só na maneira dela andar notava-se certa insegurança e desconforto. Maggie jamais se sentiria dessa forma, porque, querendo ou não, Maggie sabia do poder que possuía.

     Mesmo assim, havia algo que me conectava à garota estranha, me impelia a fitá-la sempre que possível e, além disso, aumentava a minha inquietação em relação a sua presença, e eu ainda não sabia o porquê disso.

     E isso era uma droga, porque o combinado comigo mesmo era não me importar. Não me importar com nada e nem com ninguém. No entanto, horas depois da briga que havíamos tido, lá estava eu em meu quarto, encarando a parede e me sentindo uma pessoa horrível por tê-la magoado. Além disso, as palavras dela não saíam da minha cabeça, e por mais que eu tentasse me distrair com vídeo-games ou com futebol, ainda assim, lá estava eu me martirizando por saber que, de certa forma, ela tinha razão.

    Ameacei, mais uma vez, ligar meu computador. Meu dedo tocou o botão, porém não o pressionei. Desde muito tempo eu fazia o mesmo ritual, no intuito de retornar a vida comum: eu o ligaria, entraria em alguma rede social antiga minha, e teria finalmente um progresso. Mas isso nunca havia acontecido, e eu permanecia o mais distante possível do mundo. Era uma espécie de proteção.

      Tomei um susto ao ouvir meu celular tocar, e ao olhar a tela, avistei o nome de Ícaro.

      Ícaro era um dos únicos contatos e amigos que eu ainda mantinha, e isso tinha uma razão: rachas e lutas ilegais. Embora possa soar doentio ou insano gostar de me aventurar em alta velocidade, de ser consumido pela adrenalina, de espancar marmanjos por aí ou mesmo ser espancado, era uma forma de eu me sentir vivo, e essa sensação era rara para mim há alguns anos. No entanto, era valiosa, pois eu esquecia e superava por um tempo o passado.

        Eram 3:00 horas da manhã e eu ainda estava acordado e inquieto com o acontecido. Talvez um simples pedido de desculpas me fizesse sentir melhor e, por isso, passei o resto da noite pensando numa forma de fazê-la me desculpar e contatei Ícaro para me ajudar.

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