28 ▹ REALIDADE À PORTA

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Sempre aparento que estou te seguindo, garota, pois parece que você me leva a lugares que, sozinho, eu não encontraria. — Reo Speedwagon (I Cant Fight This Feeling).  

       A dificuldade em abrir meus olhos foi ostensiva, pois os sentia pesados, como se eu estivesse acordando de um sono profundo

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       A dificuldade em abrir meus olhos foi ostensiva, pois os sentia pesados, como se eu estivesse acordando de um sono profundo. Minha cabeça latejava. Minha retina, lânguida, tentava formar a imagem do lugar desconhecido em que eu estava, mas, ainda assim, o desespero não sumia.

       — Eu sou só Antônia! Por favor! — bradei com a boca seca e dormente. — Por favor! Me deixe sair desse delírio!

       Tentei puxar meu braço, no entanto, ele estava preso através de fios e minha roupa parecia típica de hospício. Então eu havia enlouquecido? A loucura parecia a única resposta, principalmente considerando o cheiro enjoativo de éter.

       Eu só queria retornar para a minha realidade. Eu não podia ser aquilo, pois, se fosse, nada mais faria sentido. Não podia ser verdade meu caso com Bruno, sequer não conhecer Bianca e Gabriel.

      Minha vista ardeu quando a cortina do quarto foi aberta, deixando à vista flores no parapeito de uma janela delicada.

       — Não! Por favor! Me leve de volta! — temerosa, voltei a implorar.

       Foi nesse momento que senti alguém apertar a minha mão com força e, de repente, meu olhar se desviou imediatamente para certos olhos verdes presentes tanto em meus sonhos como em meus pesadelos.

       — Está tudo bem agora, Tônia — Edu sussurrou tentando conter certa emoção.

      De imediato meu coração se aquietou, transparecendo conforto e segurança, graças ao rapaz que permanecia a me fitar com uma felicidade absurda. Porém, tal sensação não disfarçou seu rosto abatido e as olheiras intensas, como se estivesse acabado de sair de um martírio. Associei sua aparência ao fato de eu estar em um hospital e, por isso, a cena da minha queda no mar retornou a minha mente.

     — Desculpa — pedi envergonhada por tê-lo feito se preocupar. Não queria jamais encontrá-lo tão debilitado.

      — Pelo que exatamente está me pedindo desculpa, Antônia? — indagou arqueando uma sobrancelha. Em resposta, peguei sua mão e a pousei sobre meu corpo, brincando com seus dedos em seguida.

      — Por ter feito você se preocupar tanto. Não queria, eu juro. Aliás, eu deveria ao menos saber nadar. Não pude fazer nada quando senti algo me empurrar, me pegou desprevenida — comecei a tagarelar, expondo meu nervosismo. Ergui o rosto e uma lágrima insistiu em deslizar pela minha bochecha. — Eu não queria te perder. Senti tanto medo. Se eu morresse afogada eu... — Antes que eu continuasse, ele me interrompeu.

      — Não fala isso nem brincando, Antônia! — me advertiu com certa irritação, como se ouvir tal hipótese pesasse demais. Sua mão espalmou sobre minha mandíbula, puxando-me para mais perto de seus lábios. — Não entende que esse sentimento é mútuo? Que assim como não queria me perder, eu também não suportaria desistir de você? É difícil entender que se eu não tivesse te encontrado naquele mar eu não pararia de te procurar? Simplesmente porque sei que minha vida deve ser ao seu lado! Então é difícil entender que não deve se desculpar, Antônia? — dizia. 

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