27 ▹ FRENESI

170 30 171
                                    


Algo está em minha mente, sempre no meu espaço vazio, mas espero que algum dia eu consiga sair daqui. — Billie Eilish feat. Khalid (Lovely).  

       Meu estado de inconsciência não durou muito tempo, pois consegui abrir meus olhos e respirar outra vez

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

       Meu estado de inconsciência não durou muito tempo, pois consegui abrir meus olhos e respirar outra vez. Porém, eu já não estava mais no mar, sequer havia desespero, era como se a minha queda nunca tivesse acontecido.

      Eu estava, aparentemente, em um colégio, em meio a adolescentes agitados e falantes, sentada à mesa do refeitório junto a pessoas até então desconhecidas. Sempre eu havia sido antissocial, porém, estranhamente, havia muita gente ao meu redor, que parecia me bajular por inveja ou admiração.

      Demonstrei conhecê-los ao me comunicar facilmente com eles, já que sabia o nome da garota de minissaia que me perguntava como estava o meu namoro com Eduardo.

       — Está maravilhoso! — menti, rindo por dentro por ser capaz de manter dois relacionamentos ao mesmo tempo. Embora eu devesse repudiar tal sensação, ela parecia embutida em mim.

       Corri com o olhar por todo o local à procura de Bianca e Gabriel, só que não os encontrei. Era como se eu sequer os conhecesse. Aquilo soava como uma realidade alternativa, e não sabia como sair dela. Alguém tocou meu ombro, era uma típica garota popular, bem vestida e enfeitada, daquelas que nunca tinham reparado em mim de forma positiva. No entanto, naquela realidade, elas não só reparavam, como pareciam ter imitado os brincos longos e caros que eu usava.

         — Tem um fio de cabelo seu fora de lugar, Maggie! — a patricinha repugnante que fingia ser minha amiga avisou e me estendeu um espelho.

        Observei minha aparência pelo meu reflexo. Meu cabelo estava mais curto, e possuía uma franja estilosa salpicada em minha testa. Meus olhos esfumaçados devido a uma maquiagem escurecida expunham certa arrogância. Maquiada! Como era possível? Eu não era do tipo que passava sequer um blush nas bochechas. Meus lábios pareciam encharcados de batom vermelho, à medida que cílios postiços terminavam de me embelezar. Lentes de contato escondiam meus olhos verdadeiros e, por um instante, me sentia outra pessoa.

         — Quem precisa ter o cabelo impecável aqui é você, querida, já que beleza é a única coisa que pode oferecer — respondi-a de forma prepotente e lhe devolvi o objeto com um sorriso cínico.

         Ela disfarçou uma expressão de desagrado, para se enganar de que minhas palavras não a tinham afetado. Não me importei de verdade. Escorei as mãos na mesa, batucando minhas unhas alongadas contra sua superfície e examinei o esmalte vinho.

       Era eu ali, tinha certeza, mas, ao mesmo tempo, não parecia comigo.

        — Princesa! — Eduardo se aproximou, trazendo consigo sua bandeja com maçãs e uma espécie de sopa de legumes. Ele me deu um selinho e caminhou à procura de um espaço vago para se sentar, o que era difícil de encontrar. Os lugares ao meu redor pareciam requisitados demais.

Segunda ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora