O amor vem em círculos, e tem o seu próprio tempo, se curva e se quebra, nunca toma uma linha reta. Nunca soube de um amor interminável e verdadeiro, mas isso eu tive com você. — Lady Antebellum (I Did With You).
* Leiam ouvindo a música na mídia <3 *
Por estar exausta, não insisti em nenhum tipo de comunicação. Para ser sincera, não era preciso preencher o silêncio, por ora bastava a companhia. Não era uma quietude constrangedora, tampouco existia a obrigação de se ter algo inteligente ou engraçado a se dizer, pois o que importava era estarmos juntos.
A casa de Eduardo era modesta, havia um pequeno jardim que a circundava e uma passagem de pedras planas que nos levaria à porta. Sorri por ter um belo abrigo naquela noite caótica, mas surpreendente, e também por tê-lo tão próximo.
— Vamos, Tônia, não quero que a minha mãe te veja — confessou enquanto dava passos em direção à porta.
Eu, no entanto, fiquei estática, absorvendo suas palavras. Por que teria vergonha de mim? De repente, dormir na rua parecia uma ótima ideia. Retirei a sua jaqueta e a coloquei sobre a mureta, abraçando-me devido ao frio que me embriagou. Ele parou de andar e observou minha ação, parecendo confuso, porém dei de ombros e saí caminhando pela sua rua.
Eduardo gritou meu nome, mas apenas na terceira vez que o correspondi, dizendo que iria embora, numa tentativa inútil de não chorar. Porém, o loiro insistia em uma explicação da minha ida, e eu não queria me mostrar tão abalada por suas palavras. Queria ser menos fraca e, se possível, menos dependente dele quando estava com ele.
— Não quero dormir na casa de um amigo que tem vergonha de mim! — expus.
— Você entendeu errado! — Ele entreabriu a boca, parecia horrorizado com a minha percepção. — Venha cá, está muito frio para você ficar na rua e é provável que esteja cansada — Edu pediu, insistente. — Eu nunca teria vergonha de você, Antônia. Você foi uma das únicas coisas boas que me aconteceram em anos.
Analisei sua expressão, tentando encontrar algum vestígio de mentira. Não encontrei. Talvez fosse culpa da minha vista embaçada ou da minha própria ingenuidade, mas o olhar dele transbordava súplica e desespero, além de que meu coração vibrava a seu favor. Eduardo estendeu sua mão para mim mais uma vez, como sempre fazia, mas desta vez com certa aflição e com o pedido de que eu acreditasse em suas palavras.
Como a verdadeira fraca que eu era, simplesmente acreditei.
Dei um passo à frente, para perto dele, e levantei a mão para que Edu a tocasse. Assim ele o fez, entretanto, não somente a pegou, mas a moldou entre seus dedos, encaixando-os aos meus. E apesar da minha mão se perder na dele por ser menor, ainda assim, a gelidez se esvaiu e ali ficou totalmente aquecido. Eu esperava que não fosse possível ouvir a minha taquicardia inquietante.
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Segunda Chance
RomanceAntônia nutre por Bruno, desde que se conhece por gente, uma estranha paixão. Só que ele nunca a percebeu e conta também com um péssimo histórico, conhecido apenas como um destruidor de corações. Bruno e Eduardo eram melhores amigos, no entanto, se...