8 ▹ PONTE DEFEITUOSA

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Sim, você me afasta como se eu estivesse implorando por um dólar. — Ariana Grande feat. Macy Gray (Leave Me Lonely).

    — E aí? — Bianca girou o corpo e suas pupilas brilharam em expectativa

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    — E aí? — Bianca girou o corpo e suas pupilas brilharam em expectativa. — Desvendou a presa? Não foi com muita sede ao pote, não, né? Não assuste o rapaz, Antônia!

     — Por que de repente você parece não se opor ao plano dela, Bianca? — Gabriel parecia intrigado, porém, a minha amiga preferiu ignorá-lo. — E por que você passou terra na cara, Antônia?

    — Argila preta, meu caro, minha pele é muito oleosa! — expus. 

      Estávamos cada um em seu quarto, em sua respectiva cama, conectados apenas por uma chamada de vídeo. Me mantinha deitada enquanto segurava meu celular, em câmera frontal, enquanto eles podiam observar meu rosto com uma máscara facial superficialmente seca.

      Depois um intenso suspiro e uma leve análise do que havia acontecido durante o dia anterior, revelei após uma tentativa fracassada de sorriso maléfico:

      — Agora não precisamos chamá-lo mais de novato ou de rival de Bruno. É Eduardo seu nome. Eduardo. — De alguma forma, aquele nome parecia sair com facilidade de meus lábios. — Porém, apesar desse avanço, vou tentar ir devagar. Não posso errar. Essa é a chance da minha vida de chegar até Bruno. Eu sinto do fundo do meu coração que devo fazer isso.

       Minha confissão pegou todos de surpresa, e apesar deles não entenderem tudo o que se passava comigo, eu agradecia pelo apoio e por me aceitarem mesmo com minhas esquisitices. 

      Em tom de surpresa, Bianca pareceu simplesmente aceitar a minha decisão, mesmo ainda carregando suas dúvidas.

       — Eduardo — ela sibilou o nome do rapaz, tentando fixá-lo na mente. — Bem, já sabe o nome dele, é um belo avanço para quem não sabia nada.

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     Era engraçado a maneira como me sentia finalmente liberta ao caminhar ao lado das árvores do pequeno bosque que fazia parte do campus. Havia bancos espalhados por entre as plantas, e muitos grupos de amigos, de diversos cursos, se divertiam durante o intervalo das aulas por ali. À princípio, apesar de eu amar a companhia de Bia e Gabriel, um lado antissocial em mim me impelia a aproveitar aquele ar fresco em completo silêncio e sossego. Sozinha.

      Assim que encontrei a minha árvore preferida, me sentei debaixo dela, sem me importar em sujar minha calça desbotada no gramado. Deixei minha bolsa ao meu lado e tirei dela um livro da Jane Austen, e voltei a lê-lo a partir da página que eu havia marcado com um graveto pequeno. Minha música era o som dos pássaros e da pequena natureza ao meu redor.

      Após alguns minutos de concentração, ergui o rosto, como se houvesse algo me coagindo a simplesmente levantar a cabeça. No meu campo de visão, encontrei Bruno, como sempre, rodeado de garotas magrelas e saltitantes. Embora aquela situação fosse comum, era esquisito o modo como eu me sentia conectada a ele, sem mesmo entender por que isso existia dentro de mim. Seria tão mais simples não me importar. 

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