Então talvez nós sempre tenhamos sido feitos para nos encontrar, como se tudo isso fosse o nosso destino. — James Arthur (Maybe).
— Desde quando o pessoal dessa faculdade é fonte confiável? — Eduardo rebateu, provavelmente vencendo o pequeno debate.
Ainda confusa com a proximidade, empurrei-o, e ele apenas sorriu vitorioso, afastando-se de mim ao notar que meus argumentos haviam acabado. Brava e ridiculamente ruborizada, quis me impor. Por isso, virei para ele e o encarei como antes, também o prensando na parede do corredor. De forma patética, eu fiquei na ponta dos pés, numa tentativa de ficar de seu tamanho.
— Então, bondoso estranho — ironizei por ter sido essa a forma que ele me pediu para chamá-lo quando nos conhecemos. — Seja qual for o motivo, não haja comigo dessa forma. Não seja frio comigo. Não estou incluída nesse motivo, então não precisa se esconder de mim. — Respirei fundo, mas não desviei minha atenção dele em nenhum segundo. — Eu sempre estive pouco me fodendo para as suposições dos outros quanto a sua rivalidade com Bruno, e vou continuar enquanto não houver provas.
— A única prova que teriam está morta — ele mencionou simplesmente, como se não houvesse mais nada a ser feito. — Morta — sussurrou, como palavras ao vento.
Não havia entendido o contexto de sua fala. Morta? Quem ou o que estaria morto? Apesar disso, tal fato ainda o magoava, era visível. Em um instante ele mudou de um cara confiante para alguém prestes a desabar, o que, por instinto, me fez agarrá-lo e abraçá-lo.
Queria confortá-lo, mesmo não entendendo a razão. Morta parecia uma palavra forte, então, talvez por isso, eu o tenha envolvido tão forte que mal consegui respirar. Ninguém pareceu se importar de verdade com isso.
No início, Eduardo não retribuiu o abraço, estava assustado com a minha atitude, mas em momento algum me afastou. Mas, assim que retribuiu, deitei minha cabeça em seu ombro, envolvendo-me e me encaixando um pouco mais em seu corpo. De alguma maneira eu senti seu coração se acalmar e manter um ritmo similar ao meu, num amparo capaz de espantar monstros e nos transformar em nosso próprio cais. Os pensamentos pararam de se atumultuar e os gritos internos pareceram cessar, como se aqueles minutos fossem mágicos o bastante para que nada no mundo interrompesse aquela sensação de refúgio.
Após esse estranho momento entre pessoas tão diferentes, mas tão frágeis, nós nos separamos no corredor lotado de alunos e seguimos caminhos contrários, e em meu íntimo, me perguntava o que tinha acabado de acontecer. Como já estava no fim da primeira aula, eu me sentei no chão, ao lado da porta, esperando a próxima professora. Acho que seria economia.
— Tônia! — Bianca se surpreendeu ao me ver assim que saiu da sala. — Por que não estava na aula? Era matéria para prova!
Revirei os olhos, sentindo-me ainda esquisita diante da minha interação intensa com o novato, e a retruquei:
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Segunda Chance
RomanceAntônia nutre por Bruno, desde que se conhece por gente, uma estranha paixão. Só que ele nunca a percebeu e conta também com um péssimo histórico, conhecido apenas como um destruidor de corações. Bruno e Eduardo eram melhores amigos, no entanto, se...