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A semana passou voando, trabalhei igual a mula da Miranda, não é brincadeira não. Mas, pelo menos com os dias agitados, tomando os remédios direitinho, não tive nem tempo de passar mal, foram pouquíssimas vezes.

Laura: Ai gente, tô com saudade da minha neném. — falei enquanto fechava o caixa e as meninas limpavam o salão. — Acho que vou buscá-la.

Vanessa: Vou lá contigo, vai que esse homem tá por lá.

Laura: Não precisa não, cu. Eu vou rapidinho, não vou nem entrar, não vou atrasar a Manu pro ballet.

Vanessa: Ai meu Deus! Já ia esquecendo disso, ela ia me matar.

Liara: Com certeza! — rimos.

Vanessa: Quando o Vagner vem?

Laura: Final de semana que vem, vai ficar 15 dias. A escala dele mudou agora.

Vanessa: Depois que ele casou, não fala mais nada pra ninguém, só quer saber de Laura, Laura... — revirei os olhos e rimos.

Fechamos o salão e cada uma foi pro seu destino, passei na vendinha e comprei uns doces pra Joice, coisinha boba que ela gosta. Cheguei na dona Sônia, chamei algumas vezes no portão e ninguém me atendeu. Não queria muito não, mas entrei e bati na porta.

Alice: Desculpa, Laura. Estávamos na cozinha.

Laura: Sem problemas. A Joice tá pronta? Só vim buscá-la rapidinho. — sorri e pouco tempo depois, senti uma presença atrás de mim.

Boca: Já veio buscar minha filha, cara? — falou alto. — Ficou 1 mês lá não sei onde e tu já veio buscar? Tá de marola, né? — ele não parava de falar e eu não o respondi. — Colfoi Laura, sou o pai da tua filha, porra. Vai ficar negando voz?

Eu continuava a agir como se ele não estivesse ali, mas acho que pra ele, não era o suficiente. Ele não parava de falar.

Boca: Porra, Laura. Olha pra mim! — segurou no meu braço e meu corpo todo arrepiou, um arrepio estranho, não foi nada parecido com os arrepios que ele já me causou.

Laura: Tira a mão de mim. — foi a única coisa que eu consegui falar e ele tirou na hora.

Boca: Colfoi, deixa a Joice mais um tempo aí, cara. Sem neurose. — virei e consegui encarar o rosto dele.

Não sei dizer o que senti nessa hora, mas foi um misto. Vontade de socar a cara dele, de partir pra cima e dar de malucona mesmo.

Laura: Quanto tempo?

Boca: Era pra ficar um mês, né? — sorriu e eu me mantive séria. — Papo reto, deixa ela passar o final de semana comigo pelo menos, po.

Laura: Já é, Boca. — virei pra porta. — Dona Sônia. — ela logo veio me atender e ele entrou.

Sônia: Entra, filha.

Laura: Não precisa, tia. Deixa eu só dar um beijo na Joice e entregar isso aqui pra ela. — mostrei a sacola.

Boca: Olha quem veio te ver, filha. — revirei os olhos pra ele e sorri pra ela, que veio correndo me encontrar.

Agachei na porta e nos abraçamos, dei vários cheiros nela, enchi de beijos e ela ficou um tempão agarrada no meu pescoço.

Laura: Mamãe trouxe doce pra você, filha. — entreguei nas mãos dela.

Joice: Eba. Brigada, mamãe. Olha, pai. — sacudiu a saca pra ele, que não tirava os olhos de mim, eca.

Boca: Que gostoso, filha. Papai vai comer tudo, hein.

Joice: Vai nada. — abraçou a sacola e veio pro meu lado, me dando mais um beijo.

Laura: Olha, mamãe vem te buscar segunda, tá? — concordou com a cabeça. — Qualquer coisa, chora com a vovó que ela me liga. E manda um beijo pra ela. — dei mais um monte de beijos nela e ela voltou pra dentro, agarrada na sacola.

Boca: Pô Laura... — eu já estava de costas, indo em direção ao portão. — Vamo trocar uma ideia, po. Quero te pedir desculpas.

Laura: Ideia nenhuma pra trocar, tá desculpado. — nem olhei pra trás e guiei pra casa. Deus me livre.

Sábado, como sempre, salão lotado, gente saindo pelo ladrão, e o Roger ainda ia fazer churrasco, eu estava só o pó.

Cliente: Seu ex marido tá solteiro de novo, né?

Laura: É mesmo? Sabia não.

Cliente: Vocês eram um casal tão lindo. Achei uma pena ele ficar com essa Carla, sempre foi rodadinha, passou pela mão dos amigo tudo. — ela falava e eu só concordava com a cabeça. — Diz que ele que terminou, falou pra ela que queria voltar pra você.

Laura: Voltar pra onde, gente? Ele tá é maluco. — ri irônica. — Tu ouviu isso, Lia? — neguei com a cabeça. — Era só o que me faltava...

Cliente: Tu não volta pra ele não, mona?

Laura: Nunca! — mostrei minha aliança. — Nem se eu fosse maluca.

ANDANÇAS - PARTE IIOnde histórias criam vida. Descubra agora