ANDANÇAS - PARTE II

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LAURA

"Eu não acredito nisso." Essa frase não parava de se repetir na minha cabeça, quando vi o Boca chegando com a dona Sônia.

O que ele tem na cabeça, cara? Tudo bem, ele é pai da Joice, é aniversário dela, ela o chamou, mas cara... ele tem que ter senso, cara. Tá na minha casa, meu marido tá aqui e ele tinha que botar a cabecinha pra pensar.

Fui pra cozinha, buscar a vela e o isqueiro.

Vagner: Lau?

Laura: Hm? Antes que você venha apertar minha mente, foi a Joice que chamou, eu achei que eles não viessem. — falei de uma vez, pra evitar o estresse.

Vagner: Calma, amor. Eu tô suave. Vi o quanto você ficou surpresa e tá desconfortável com isso. Vem cá. Me dá um beijo. — me aproximei dele e demos um beijo rápido. — Fica assim não, cara.

Laura: Porra! Tem como não ficar? — encostei a cabeça no peito dele. — As pessoas não têm senso, cara.

Vagner: Preta... — segurou o meu rosto com as mãos. — Relaxa! A gente vai cantar os parabéns, ele vai embora e acabou. — concordei com a cabeça, dei a mão pra ele e voltamos lá pra fora.

Joice ainda estava brincando no pula-pula, meu irmão e encosto estavam lá perto tomando cerveja.

Enquanto eu fui ajeitar as coisas na mesa, a Lia foi pra perto de mim, já veio segurando o riso.

Laura: Tu tá rindo, cara? — neguei com a cabeça.

Liara: Cara! As pessoas não têm noção de nada, né? Meu Deus. Eu to rindo, mas é porque eu to nervosa. — me abraçou. — Você vai direto pro céu, tá amiga?

Laura: Até porque, já vivo o inferno aqui, né? Mereço descansar. — rimos.

Acredito que a Joice tenha me visto mexer na mesa, porque veio logo correndo, pedindo pra cantar parabéns e se enfiando atrás da mesa.

Joice: Bora, mãe. — falou batendo palmas pra mim. Que menina abusada, cara. — Vem, tio. Vem, pai. Anda!

Que cena, Vagner de um lado e o Wellerson do outro. Acendi a vela e a Lia apagou a luz pra mim.

Cantamos o parabéns, dona Sônia me ajudou com o bolo, todo mundo comeu, repetiu e ainda sobrou.

Fui na cozinha pegar uns potes, afinal, todo mundo tem que levar um pouquinho pra casa, né? Haha.

Joice: Ô mãe.

Laura: Oi, meu amor.

Joice: Eu posso dormir na minha vovó?

Laura: Poxa, filha. Você não gosta de ficar mais aqui em casa não?

Joice: Gosto, mãe. Mas... — parou de falar e olhou pra minha barriga.

Laura: Mas o quê, filha?

Joice: Nada. Hein, deixa... Quero dormir com minha vovozinha pêta. — abriu um sorrisão.

Laura: Amanhã o tio Vagner vai embora, você não quer dormir com a gente hoje não? Amanhã eu te levo pra vovó.

Joice: Ai, mãe... Outro dia eu durmo. — bufou.

Ela saiu andando na frente e eu fui logo atrás, carregando os potes. Botei o bolo pro pessoal e dona Sônia veio se despedir de mim.

Sônia: Minha filha... — estávamos abraçadas e ela falava baixinho comigo.  — Você me desculpa, tá? Eu tentei não deixar o Wellerson vir, mas ele é homem feito, teimoso, você sabe como é... Desculpa. Eu estou morrendo de vergonha, mas vim junto pra garantir que ele não fizesse nada.

Laura: Ai, tia. Tudo bem... Ele nunca vai mudar, né? Incrível. Eu que peço desculpas a senhora, por não ter dado muita atenção, fiquei sem reação mesmo.

Sônia: Não precisa pedir desculpas, eu te entendo e te amo. Seu lugar de minha filha vai ser sempre seu. — me deu um beijinho. — Vou embora agora, tô levando nossa pequena, tá?

Laura: Obrigada, de verdade. Amo você, vão com Deus. 

Sônia: Também te amo, minha filha. — me deu mais um beijo e saiu, indo encontrar o encosto, que tava com a Joice no colo.

Depois de arrumar tudo la embaixo, subi e fui tomar uma chuva. Vagner entrou e sentou no vaso fechado.

Vagner: Que dia! — respirou fundo. — Acho que a gente tem que conversar com a Joi, né amor?

Laura: Acho que sim, até porque, pra ela é tudo muito normal, né? Ela acha que convivemos bem, porque ela não sabe ou não lembra, graças a Deus, do que o pai fez comigo e tudo mais.

Vagner: Isso eu acho que ela nem precisa saber mesmo não, mas é chato demais esses momentos assim.

Laura: Pesa o clima, né?

Vagner: Uhum... — deu uma pausa — Você ainda tá irritada?

Laura: Não, só sensível mesmo.