2 MESES DEPOIS
Superar a morte do meu irmão vai ser difícil. Desde o dia que aconteceu, não tem uma noite que eu não sonhe com ele, com aquele sorriso lindo que ele tinha, com os nossos momentos. Lembro perfeitamente dos esporros que ele me dava, do quão carinhoso e cuidadoso ele era comigo.
Em certos dias, a dor chega a ser física, sinto meu peito doer, fico sufocada.
Hoje tenho uma consulta, Vagner tá aí e vai me levar, acredito que seja a última, antes do Luiz Felipe vir ao mundo.
Vagner: Pronta, preta? — concordei com a cabeça, me arrumei no banco e pus o cinto.
Os meninos fizeram uma homenagem pro meu irmão, no muro ao lado do bar que eles costumavam frequentar. Ficou lindo! E todas as vezes que eu passava por lá, sentia como se o Roger estivesse perto, não conseguia me conter e as lágrimas rolavam automaticamente.
Laura: É, filho, uma pena que você não vá conhecer o seu dindo... ele ia te mimar tanto. — falava enquanto alisava a barriga.
Nesses dois meses, tenho cortado um dobrado com a Joice. Foi muito difícil contar pra ela o que houve, mas pior que isso, é fazer com que ela entenda.
Meu pai voltou pra casa dele, junto com minha tia e minha prima, já que o Vagner vai ficar comigo nesse último mês.
Depois que voltamos da consulta, pedi ao Vagner que me deixasse um pouco no salão. Morro de saudade das meninas e precisava me distrair. Ok, ele não ficou muito satisfeito, mas acontece.
Cheguei lá e o salão estava lotado, do jeito que eu gosto. Enquanto eu não podia ficar lá, contratamos algumas meninas pra dar uma ajuda.
Vanessa: Lia, tô pedindo almoço. Vai querer? — fez um joia.
Laura: Também quero! E pede um mineirinho pra mim, por favor.
Vanessa: Ué, a patroa vai nos dar essa honra. — debochou.
Laura: Pede logo minha comida, seu sobrinho tá com fome. — revirei os olhos e ela riu.
Um tempo depois, nossa comida chegou e eu fui lá fora buscar, paguei o motoboy e ainda dei uma gorjeta pra ele.
Quando estava entrando novamente, ouvi uma moto parar e olhei curiosa.
JH: Bom te ver. — falou e eu sorri. — Como você tá? Não, como vocês estão? — olhou pra minha barriga.
Laura: Estamos bem. — sorri amarelo. — E você?
JH: To levando, Laurinha. A vida é essa aí, né?! Ai, te falar uma parada... Desculpa não ter ido visitar você, falei até com teu pai. Engraçado como depois de anos, o RD virou um irmão pra mim e eu não tive coragem de te ver no estado que ele disse que tu tava. Se tava ruim pra mim...
Laura: Relaxa, João. Não tem problema. — sorri. — Agora vou entrar, antes que a comida esfrie.
João tem razão mesmo no que ele disse, sobre ele e o meu irmão. Nunca se bicaram, demoraram uma vida pra se entenderem e aconteceu isso. Enfim... me livrei dos pensamentos e fui almoçar com as meninas.
Fechamos a porta e conseguimos almoçar as três, como antigamente, falando merda, fofocando dos outros e rindo muito. Sinceramente, era isso que eu precisava.
Mais tarde, pedi ao Vagner pra me buscar, depois passamos pra pegar a Joice na dona Sônia, e mais uma vez, foi a novela de sempre.
Laura: Ô filha, mamãe tá com saudade. — Boca segurava ela no colo, que mais uma vez, chorava pra não ir pra casa.
Boca: Coé Jojô, faz isso com a tua mãe não, cara. Tu gosta de deixar ela triste? — negou com a cabeça, enxugando as lágrimas. — Então, vai lá que depois o papai te pega. Tá bom?
Joice: Tá, pai. Mas isso é hoje? — disse manhosa.
Boca: Não sei, filha. Vou combinar ca tua mãe.
Joice: Mas pai... — já ia começar a chorar, quando ele a repreendeu.
Boca: Joice, tu não é mais nenhum bebezinho, filha. Não faz isso com a sua mãe.
Enfim, conseguimos sair de lá. Ela entrou no carro e nem boa noite deu pro Vagner, deitou no banco de trás, fechou a cara e botou as mãos no rosto.
Chegando em casa, subiu direto pro quarto e eu fui atrás, né? Precisava que ele me dissesse alguma coisa.
Laura: Filha, vamos tomar banho la no banheiro da mamãe, vem. — peguei um pijama dela, calcinha, toalha e ele veio atrás de mim.
Uma coisa era certa, ela amava tomar banho no meu banheiro, só por causa da banheira.
Liguei a água, deixei em temperatura morna e ela entrou. Fiquei sentada na beirada, enquanto ela brincava com uns frascos de xampu.
Laura: Filha, por que você não quer mais ficar aqui em casa comigo? Aqui é a sua casa também.
Joice: Eu sei, mãe... — respondeu sem nem me olhar.
Laura: Então, fala pra mamãe... Por que você não quer mais ficar aqui? — ficou um tempo em silêncio, olhou pra minha barriga e voltou a brincar. — Fala, filha. Aconteceu alguma coisa? Pode contar pra mamãe, eu prometo que vou guardar segredo.
Joice: É que uma namorada do papai, disse que você só ama o Luiz Felipe, que é esse neném que mora na sua barriga e que eu não sou sua filha.
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ANDANÇAS - PARTE II
Random(2019) ⚠️ PLÁGIO É CRIME ⚠️ Pra quem acompanhou a história do casal Laura e Vagner, finalmente, a segunda parte chegou. Estão prontos pra mais surpresas?