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VAGNER

Acordei mal, ressaqueado de verdade. Olhei pro lado e a Laura não estava lá. Levantei, vi a hora no celular e já passava do meio-dia, tomei um banho e desci.

Minha mãe estava com cara de poucos amigos na sala, cumprimentei e ela respondeu seca. Dei uma olhada no quintal e a Laura estava deitada em uma espreguiçadeira, enquanto Manu e Joice brincavam perto dela.

Fui até a cozinha, arrumei meu almoço e fui lá pra fora, sentando na mesa perto de onde ela estava.

Vagner: Desculpa por ontem. — falei pra ela, cheio de vergonha.

Laura: Ta tranquilo, Vagner. Só acho que certas coisas merecem ser resolvidas na sobriedade. — levantou os óculos, me olhou e voltou a olhar as meninas. — Joice, não. Já falei que aí não pode.

Vagner: Eu não sei agir quando as paradas são assim... Tu sabe o que eu já passei, preta.

Laura: Sei muito bem, até porque fui eu quem te alertou, né? E você também sabe muito bem o que eu passei. Só que, você tem que entender que não sou a Mayla e você não é o Wellerson. — respirou fundo. — A gente não pode ficar projetando nossos medos do passado, no nosso relacionamento atual. Isso só vai nos distanciar e sei que não é isso que queremos.

Vagner: Desculpa mesmo, amor. Você tem razão e eu vou melhorar. — esticou a mão pra mim e eu a beijei. — Mas ai, você sabe o que aconteceu com tua sogra?

Laura: Na hora que eu acordei, ela e sua irmã estavam discutindo muito. Alguma coisa sobre Vanessa querer ir morar com o Alexandre e sua mãe dizendo que ela não ia levar a Manu.

Vagner: Mas minha mãe tá certa, po. — negou com a cabeça, me reprovando. — Não, então não tá.

Laura: Ela pode até não querer que a Manu vá, mas não vai ser impondo, gritando, fazendo o que ele fez, que a Vanessa vai se convencer. Até porque, a mãe é ela, né? Sua mãe ajuda? Ajuda pra caralho, se for botar na ponta do lápis, todos nós ajudamos, porém isso não nos dá o direito de tirar a autoridade de mãe da Vanessa.

Vagner: É, amor. Tu tem razão, to entrando nesse mundo agora, né? — sorri e ela retribuiu, parecia concordar. — Vanessa foi pra onde?

Laura: Juntou uma mala de roupas, foi pro Alexandre e disse que depois vem buscar a Manu.

Vagner: Elas vão brigar de novo. 

Laura: Com certeza, só não quero que quebrem minha casa. — deu risada e voltou a olhar as menina.

Ficamos mais algum tempo trocando ideia, falando sobre o quarto do Luiz, que precisava começar a ser feito, mas como essa coisa de sai ou fica da Vanessa, precisávamos esperar mais um pouco.

Vi no semblante da Laura, que ela não estava muito satisfeita, ela gosta de planejar tudo direitinho, então... Com essa situação, acabou ficando um pouco incomodada.

Vagner: E o aniversário da Joice, amor?

Laura: Ah é, bom você ter falado. O pessoal vai descer todo no dia 19, sexta eu acho, você ainda vai estar aqui? — peguei o celular e vi no calendário.

Vagner: Não tem como mudar? Volto dia 18. — fiquei chateado.

Laura: Eu até tentei, mas meu pai só vai poder nesse final de semana. — fez bico.

Vagner: Vou ver se consigo um desenrolo, mas é foda. Queria muito estar aqui.

Laura: Ah amor... Eu também queria muito que você tivesse, mas pensa pelo lado bom, no dia 16, vamos estar juntos. — sorriu.

Vagner: Se o pai dela não broncar, né.

Laura: Esquece o Boca, amor. Toda hora! Isso eu resolvo depois, fica tranquilo.

Mais tarde, estávamos assistindo filme com as meninas na sala, a casa tava em paz, minha mãe estava costurando e minha irmã chegou.

Vanessa: Boa noite, gente! Manu, vamos lá no quarto com a mamãe? — rapidinho a Manu foi.

Lurdes: Você não vai levar essa menina pra lugar nenhum, hein Vanessa. — falou ríspida, olhando minha irmã por cima dos óculos.

Vagner: Mãe... — tentei, mas fui interrompido.

Lurdes: Não se mete não, Vagner.

Laura: Ô minha sogra, a senhora vai me desculpar, mas se a senhora pode se meter, por que ele não pode? Vocês já estão nessa ladainha o dia inteiro. Eu não aguento mais. Por que ao invés de impor, a senhora não conversa? A Vanessa não é nenhuma maluca, sem juízo não, ela sabe bem o que tá fazendo, afinal de contas, a Manu é filha de quem? Dela, né? — respirou fundo, ela já estava ficando vermelha e eu, preocupado. — Eu sei que a senhora ajudou na criação, assim como o Vagner ajudou. Já que um pode se meter, o outro também pode, mas isso não tira o direito da Vanessa de decidir o que vai fazer da vida delas.

Lurdes: Laura, por favor, não se meta.

Laura: MAS É O QUÊ? — o tempo fechou na hora.

Eu fiquei perdido, na hora. O que eu ia fazer?

ANDANÇAS - PARTE IIOnde histórias criam vida. Descubra agora