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Churrasco no meu irmão rolando, eu sem clima nenhum. O famoso: "só to aqui pela comida", começo de gravidez é triste, dizem, mas a minha tá sendo terrível.

Fiquei um tempão com a minha afilhada, brincando até botá-la pra dormir, depois disso, subi de novo e fiquei conversando com as meninas. Difícil acostumar com todo mundo bebendo e eu de bico seco, meu Deus.

Liara: Nossa, aquele é o João Henrique? — olhou pro lado da escada e ele tava cumprimentando os caras, seguido por uma novinha, bem bonita até.

Maria: É ele mesmo, tá mudado, né? — concordamos com a cabeça. — Ele tá um tempão sumido, voltou pra outra área, vem pouco por aqui. Roger e ele estão amigos, tá? — olhou pra mim.

Laura: Como assim? — dei risada.

Maria: Amigos de infância, po. Saem pra beber e tudo mais, tá? — fiz sinal da cruz e elas riram. — A namorada dele é gente boa também, você vai gostar dela.

Vanessa: Melhor assim, ué. Não?

Laura: Sei lá. — tomei um gole da minha fanta e continuamos com outros assuntos.

Não deu muito tempo, o João se aproximou da mesa, cumprimentou todo mundo de longe e a Maria apresentou a namorada dele pra gente. Garota nova, ele com quase 30 já.

Ficamos a noite toda conversando, ri horrores, até que foi bom, não tenho nada a reclamar, só que deu meu horário e foi aquilo, eu precisava descansar, não tinha jeito.

Despedi do pessoal, peguei minhas coisas e deixei as meninas pra lá, não era justo com elas, né?

Subi pro meu quarto, tomei um banho e deitei, pelada mesmo. Liguei o ar, a TV, botei qualquer coisa e fiquei mexendo no celular, até chegar uma mensagem.

📱 João Henrique 📱

J: sumiu do churrasco
J: n pude nem te dar um abraço
J: bom te ver
J: soube q tu tá grávida
J: tá linda
J: to feliz por vc
J: precisar de alguma coisa tu fala

Laura Patrícia ✨: Tô sim. Obrigada, Henrique. É nós.

— fim da conversa —

Falei o básico, sem muita conversa, pra ele não confundir as coisas, sei lá.

Falando nisso, que saudade do meu marido, viver casamento a distância pra gente carente é o fim. Mandei uma mensagem pra ele, deu só um tracinho, fiquei esperando e nada, acabei dormindo.

Relaxei mesmo, acordei e já passava das 13h. Levantei, fiz minhas higienes e desci. Fiz umas coisas leves de faxina em casa e adiantei o almoço. Morar sozinha é uma merda, vou passar o domingo inteiro sozinha em casa.

Arrumei meu almoço, e fiquei deitada na sala. Do nada, me deu um aperto no coração e uma vontade absurda de chorar, então, liguei pro meu pai e ficamos conversando por mais de 1h, eu estava cheia de saudades dele.

No finalzinho da tarde, dona Sônia me ligou, disse que a Joice não parava de chorar e me chamar. Então, mais que rápido, botei uma roupa, peguei a chave do carro e fui até lá.

Laura: Oi. Cheguei! — estava tudo aberto e ela veio correndo, abraçando as minhas pernas, agachei em sua frente. — O que foi, filha?

Joice: Eu quero você, mãe. Quero você. — nos abraçamos forte.

Laura: Mamãe tá aqui, princesa. Quer ir pra casa? — balançou a cabeça que sim. — Então, vai lá se despedir da vovó e da tia Alice.

Assim ela fez, se despediu, dona Sônia me deu a bolsa, peguei a Joice no colo, que deitou no meu ombro e já estávamos pro lado de fora, entrando no carro, quando o pai dela encostou a moto.

Boca: Ué, tu não vinha pegar amanhã? — veio na nossa direção.

Laura: Sua mãe me ligou porque ela tava chorando muito e me chamando. — ele fazia carinho no cabelo dela.

Boca: Aconteceu alguma coisa filha? Não quer ficar com o papai mais não? — balançava a cabeça que não no meu ombro. — Dá um beijo no pai, po. — se inclinou toda e foi pro colo dele.

Eu sempre achei lindo o amor desses dois, eles são muito apaixonados um pelo outro, o Wellerson parece até gente quando o assunto é a Joice. Nesse ponto, não posso falar um "ai" dele.

Boca: Tá com saudade da tua mãe, cara? — ela riu, olhou pra mim e balançou a cabeça que sim. — E de mim? Vai me deixar sozinho?

Joice: Depois a Joi volta, papai. Deixa eu ficar com minha mãe. — fez beicinho e ele riu, todo bobo.

Laura: Vem, filha. Vamos.

Boca: Deixa que eu boto ela na cadeirinha, po. — assenti e ele a ajeitou direitinho, fechando a porta em seguida. — Tu nunca vai me dar a oportunidade não?

Laura: Mais? É o quê isso? Macete de oportunidade infinita? — estalei a boca, neguei com a cabeça e entrei no carro.

ANDANÇAS - PARTE IIOnde histórias criam vida. Descubra agora