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📱Dra Cinthia 📱

— Alô?
— Oi Laura, bom dia. O que houve?
— Bom dia, dra Cinthia. Desculpa te ligar a essa hora, mas é que eu acordei me sentindo um pouco mal, fui tomar um banho e saiu algo meio gelatinoso, gosmento de mim.
— Sem problemas, meu bem. Então, provavelmente isso é o seu tampão. Não necessariamente o Luiz Felipe vá nascer hoje, ou amanhã, mas eu preciso que você faça repouso absoluto, até que ele queira nascer, ok?
— Ok. Eu tô com medo. Será que vai dar tempo d'eu chegar?
— Vai sim, se acalme. Porque com você nervosa, aí ele pode vir antes do esperado.
— Tá bom, dra Cinthia. Desculpa por ter ligado a essa hora.
— Não precisa pedir desculpas, Laura. Pode ligar quando quiser e se acalme, hein?! Bom dia!
— Pode deixar. Obrigada e bom dia.

FIM DA LIGAÇÃO

Desliguei e fiquei deitada na cama da Joice mesmo, não posso mentir que estava apreensiva, totalmente sem rumo, sabe?!

As pessoas romantizam demais a gravidez, mas só nós, que escolhemos ser mães é que sabemos o quão doloroso é, o quão solitário...

Aproveitei e mandei mensagem pra Carol, pra ela já deixar as coisas arrumadas, porque eu poderia precisar dela a qualquer momento. Olhei mais algumas coisas no celular e acabei cochilando.

Acordei quando senti a Joice se aninhar no meu canto, me deu um beijo na bochecha, se ajeitou e ficou passando a mão na minha barriga.

Mais tarde, comecei a sentir uma dor levinha, como se eu quisesse ir ao banheiro, chamei o Vagner, pegamos as bolsas, deixamos a Joice na dona Sônia e seguimos pro hospital.

Depois de tudo pronto, internação feita, tudo direitinho. Fui pra sala de pré-parto, a médica me deu os comprimidos e minha novela começou.

Nunca pensei que parir fosse tão difícil, mas 20h15 eu escutei o choro mais gostoso do mundo. Meu Luiz Felipe, estava em meus braços. Vagner só chorava e tremia, e eu ria da cara dele, porque não é possível, gente. Parecia que o homem ia ter um treco.

Como o parto foi normal, consegui ser liberada do hospital lá pelas 16h, ainda bem, porque eu não aguentaria ficar mais uma noite lá. Eu odeio hospital.

ALGUNS DIAS DEPOIS

O começo é um tanto quanto complicado. Escolhi não receber visitas no primeiro momento, e ouvi dizer que as pessoas não ficaram muito satisfeitas, mas fazer o quê, né?

Estava na sala, vendo tv e amamentando o Luiz, quando o Vagner chegou da rua com a minha sogra e a Joice. Confesso que não gostei, mas também não ia ficar criando conflito, sabe?

Joice ficou rodeando o Luiz, olhava pra ele e olhava pra mim, pegava na mãozinha dele, conferia os dedos, uma coisa linda.

Joice: Mãe, posso perguntar? — sentou do meu lado e ficou mexendo no pézinho dele.

Laura: Pode sim, filha. — envolvi ela com o outro braço.

Joice: O Luiz Felipe não é filho do meu pai, né? — cheguei a engasgar. — Mas mesmo assim ele é meu irmão?

Laura: É sim, filha. Porque ele é filho da mamãe, ai vocês são irmãos por parte de mãe, entendeu? — demorou um pouco, mas logo soltou um "tá" e ficou olhando pra televisão.

Joice: Mãe, ele é bem lindo, né? — ficou olhando, deu um beijo na mão dele e foi atrás da Carol.

Eu sou apaixonada por essa menina, não tem jeito.

Já era a tardinha, eu fui tomar um banho, enquanto o Luiz estava com a avó dele. Fiz todas as minhas higienes, botei outro pijama, porque minha vida era só isso e voltei pra sala.

Lurdes: Ele não tem nada do Vagner, né? Todo a Laura.

Carol: Acho que ele não parece com ninguém ainda, mas o desenho dos olhos, com certeza é igual ao de Laura.

Fui comer alguma coisa e meu telefone começou a tocar, mas nem fui atender na correria, se fosse importante, ligaria de novo.

Vagner: Laura, Wellerson tá te ligando aqui. — disse com desdém, enquanto eu voltava pra sala.

Joice: Esse nome é do meu pai, né mãe? Deixa eu atender? Deixa eu ir pra lá?

Laura: Atende, filha. Vê o que ele quer...

Ela logo pegou o celular e foi pra porta.

Joice: Oi pai, vem me buscar logo. Eu já to há um monte de dias na minha mãe, né? Você não tá com saudade de mim? Tá bom. — ficou um tempo em silêncio, provavelmente escutando o que o pai dizia. — Tá bom, pai. Tá bom! Pai, você precisa ver meu irmão que lindo. Pena que ele não é seu filho também... — ficou mais algum tempo em silêncio e veio pro meu lado, esticando a mão com o telefone. — Ih mãe, acho que meu pai ficou meio triste.

Eu fiquei sem reação, o Vagner também, balançou a cabeça em negativa, segurando o riso e saiu pro lado da cozinha. Dona Lurdes fez a egípcia e Carol segurava o riso.

Imediatamente, peguei o celular da mão dela e o atendi seca. Ele disse que em 15 minutos estaria lá no portão para buscá-la e eu desliguei.

ANDANÇAS - PARTE IIOnde histórias criam vida. Descubra agora